Surata القلم - O Nobre Alcorão

SŪRATU AL-QALAM[1] (A SURA DO CÁLAMO) De Makkah - 52 versículos.

PT: SŪRATU AL-QALAM[1] (A SURA DO CÁLAMO) De Makkah - 52 versículos.

(1) Al Qalam: cálamo, instrumento de escrita, ou flecha usada em jogos de azar pelos árabes pré-islâmicos. No presente texto, corresponde à primeira acepção dessa palavra, que, aparecendo no primeiro versículo, nomeia, também, a sura. Contém, inicialmente, a defesa do Profeta contra os ataques dos idólatras, e os versículos o conclamam a ser irredutível com os adversários. A seguir, há o cotejo entre os idólatras de Makkah, ingratos com as graças recebidas, e os donos de um jardim, igualmente ingratos, quando, agraciados com provisão, desejam privar os necessitados do acesso a ela. Alvissara aos crentes a boa recompensa, junto de Deus, e refuta as utópicas pretensões dos idólatras, que imaginam para eles próprios as mesmas recompensas; e a sura, ainda, pressagia a estes últimos sua horrenda condição do Dia do Juízo. Finalmente, ela exorta o Profeta a ter paciência com o julgamento de Deus e a não portar-se como Jonas, que desesperou de seu povo incréu.

ن وَالْقَلَمِ وَمَا يَسْطُرُونَ 1

PT: 1. Nūn[2238]. Pelo cálamo[2239] e pelo que eles[2240] escrevem!

(1) Nun: designação da letra ن, que corresponde, em língua portuguesa, à 13a letra do alfabeto; 'n'. Quanto à interpretação desta letra árabe, no texto, veja-se a sura II 1 n3.Nun, também, pode designar a baleia. (2) O juramento pelo cálamo caracteriza bem a índole cultural do Islamismo, que enaltece o saber, a leitura, os conhecimentos; aliás, o cálamo é o instrumento registrador, por excelência, da sabedoria, fonte do bem de toda a Humanidade. (3) Referência aos anjos incumbidos de registrar por escrito tudo que beneficia os seres.

مَا أَنْتَ بِنِعْمَةِ رَبِّكَ بِمَجْنُونٍ 2

PT: 2. Tu, Muhammad, pela graça de teu Senhor, não és louco.


وَإِنَّ لَكَ لَأَجْرًا غَيْرَ مَمْنُونٍ 3

PT: 3. E, por certo, há para ti, prêmio incessante.


وَإِنَّكَ لَعَلَى خُلُقٍ عَظِيمٍ 4

PT: 4. E, por certo, és de magnífica moralidade.


فَسَتُبْصِرُ وَيُبْصِرُونَ 5

PT: 5. Então, tu enxergarás, e eles enxergarão.


بِأَيْيِكُمُ الْمَفْتُونُ 6

PT: 6. Qual de vós é o alienado.


إِنَّ رَبَّكَ هُوَ أَعْلَمُ بِمَنْ ضَلَّ عَنْ سَبِيلِهِ وَهُوَ أَعْلَمُ بِالْمُهْتَدِينَ 7

PT: 7. Por certo, teu Senhor é bem Sabedor de quem se descaminha de Seu caminho, e Ele é bem Sabedor de quem são os guiados.


فَلَا تُطِعِ الْمُكَذِّبِينَ 8

PT: 8. Então, não obedeças aos desmentidores,


وَدُّوا لَوْ تُدْهِنُ فَيُدْهِنُونَ 9

PT: 9. Eles almejam que sejas flexível: então, serão flexíveis.


وَلَا تُطِعْ كُلَّ حَلَّافٍ مَهِينٍ 10

PT: 10. E não obedeças a nenhum mísero[2241] constante jurador,

(1) Alusão a Al Walid Ibn Al Mughirah, ferrenho adversário do Profeta.

هَمَّازٍ مَشَّاءٍ بِنَمِيمٍ 11

PT: 11. Incessante difamador, grande semeador de maledicência,


مَنَّاعٍ لِلْخَيْرِ مُعْتَدٍ أَثِيمٍ 12

PT: 12. Constante impedidor do bem, agressor, pecador,


عُتُلٍّ بَعْدَ ذَلِكَ زَنِيمٍ 13

PT: 13. Grosseiro e, além disso, fllho espúrio[2242].

(1) Até os dezoito anos, Al Walid Ibn Al Mughirah desconhecia quem era seu pai.

أَنْ كَانَ ذَا مَالٍ وَبَنِينَ 14

PT: 14. Por ser ele possuidor de riquezas e filhos,


إِذَا تُتْلَى عَلَيْهِ آيَاتُنَا قَالَ أَسَاطِيرُ الْأَوَّلِينَ 15

PT: 15. Quando se recitam, para ele, Nossos versículos, diz: "São fábulas dos antepassados!"


سَنَسِمُهُ عَلَى الْخُرْطُومِ 16

PT: 16. Marcá-lo-emos, no focinho[2243].

(1) Forma pejorativa de designar o nariz do pecador, rebaixando-o à condição animalesca. Com efeito, na batalha de Badr, Al Walid Ibn Al Mughirah teve decepado seu nariz.

إِنَّا بَلَوْنَاهُمْ كَمَا بَلَوْنَا أَصْحَابَ الْجَنَّةِ إِذْ أَقْسَمُوا لَيَصْرِمُنَّهَا مُصْبِحِينَ 17

PT: 17. Por certo, pusemo-los[2244] à prova como puséramos à prova os donos[2245] do jardim, quando juraram que colheriam seus frutos, ao amanhecer,

(1) Los: os habitantes de Makkah. (2) Alusão a uma família que residia nas proximidades da capital yemenita. O pai possuía um jardim, de cuja safra retirava a subsistência da família, deixando o excedente para os necessitados. Assim, foi sempre, até que, depois de sua morte, os filhos acordaram em que passariam a recolher tudo para si próprios, não deixando nada para os necessitados. Finalmente, foram castigados e desprovidos do jardim.

وَلَا يَسْتَثْنُونَ 18

PT: 18. E não fizeram a ressalva[2246]: "Se Allah quiser."

(1) Literalmente: "e não fizeram exceção".

فَطَافَ عَلَيْهَا طَائِفٌ مِنْ رَبِّكَ وَهُمْ نَائِمُونَ 19

PT: 19. Então, um flagelo de teu Senhor circulou nele[2247], enquanto estavam dormindo,

(1) Nele: no jardim.

فَأَصْبَحَتْ كَالصَّرِيمِ 20

PT: 20. E, de manhã, ficou como a negra noite.