Surata الكهف
PT: SŪRATU AL-KAHF[1082] (A SURA DA CAVERNA) De Makkah - 110 versículos.
(1) Al Kahf; a caverna. Assim se denomina esta sura, pois os versículos 9, 10, II, 16, 17 e 25 fazem menção desta palavra. Aparte principal da sura é a narração de histórias, tais como a dos Companheiros da Caverna; a dos Proprietários dos Dois Jardins; a sucinta alusão à história de Adão e IblTs; a de Moisés e o sábio Al Khidr; e, finalmente, a história de Zul Qamain. Assim sendo, esta sura é quase, totalmente, constituída de diversas narrativas, de modo que 71 dos 110 versos se compõem delas. O restante, ou são comentários acerca dessas histórias, ou menção de cenas sobre a vida eterna. Quanto ao tema essencial da sura, ao qual se prendem os vários assuntos, é a reavaliação da crença e da maneira de pensar, assim como dos valores assentados nesta crença.
1. الْحَمْدُ لِلَّهِ الَّذِي أَنْزَلَ عَلَى عَبْدِهِ الْكِتَابَ وَلَمْ يَجْعَلْ لَهُ عِوَجًا
PT: 1. Louvor a Allah, Que fez descer sobre Seu servo o Livro, e nele não pôs tortuosidade[1083] alguma!
(1) Ou seja, o Alcorão é isento de contradições e erros.
2. قَيِّمًا لِيُنْذِرَ بَأْسًا شَدِيدًا مِنْ لَدُنْهُ وَيُبَشِّرَ الْمُؤْمِنِينَ الَّذِينَ يَعْمَلُونَ الصَّالِحَاتِ أَنَّ لَهُمْ أَجْرًا حَسَنًا
PT: 2. Fê-lo reto, para advertir os descrentes de veemente suplício de Sua parte, e alvissarar os crentes, que fazem as boas obras, que terão belo prêmio.
3. مَاكِثِينَ فِيهِ أَبَدًا
PT: 3. Nele permanecendo para todo o sempre.
4. وَيُنْذِرَ الَّذِينَ قَالُوا اتَّخَذَ اللَّهُ وَلَدًا
PT: 4. E para admoestar os que dizem: "Allah tomou para Si um filho"
5. مَا لَهُمْ بِهِ مِنْ عِلْمٍ وَلَا لِآبَائِهِمْ كَبُرَتْ كَلِمَةً تَخْرُجُ مِنْ أَفْوَاهِهِمْ إِنْ يَقُولُونَ إِلَّا كَذِبًا
PT: 5. Nem eles nem seus pais têm ciência disso. Grave palavra a que sai de suas bocas! Não dizem senão mentiras!
6. فَلَعَلَّكَ بَاخِعٌ نَفْسَكَ عَلَى آثَارِهِمْ إِنْ لَمْ يُؤْمِنُوا بِهَذَا الْحَدِيثِ أَسَفًا
PT: 6. E talvez, Muhammad, te mates de pesar, após a partida deles se não crêem nesta Mensagem.
7. إِنَّا جَعَلْنَا مَا عَلَى الْأَرْضِ زِينَةً لَهَا لِنَبْلُوَهُمْ أَيُّهُمْ أَحْسَنُ عَمَلًا
PT: 7. Por certo, fizemos do que há sobre a terra ornamento para ela, a fim de pôr à prova qual deles[1084] é melhor em obras.
(1) Deles: dos homens.
8. وَإِنَّا لَجَاعِلُونَ مَا عَلَيْهَا صَعِيدًا جُرُزًا
PT: 8. E, por certo, faremos do que há sobre ela superfície árida.
9. أَمْ حَسِبْتَ أَنَّ أَصْحَابَ الْكَهْفِ وَالرَّقِيمِ كَانُوا مِنْ آيَاتِنَا عَجَبًا
PT: 9. Supões que os Companheiros da Caverna[1085] e do Ar-Raqim[1086] sejam, entre nossos sinais, algo de admiração?
(1) Náo se sabe, ao certo, quem eram estes Companheiros da Caravana nem quando ou onde se protegeram de provável perseguição. Tudo o que o Alcorão diz é que eram jovens crentes, foragidos de uma sociedade repressora, a fim de poderem preservar a crença. Do que se deduz que, possivelmente, se tratava de vítimas de perseguições religiosas, e, no estudo destas perseguições religiosas, relatadas pela História, chegamos a algumas que parecem encaixar-se neste quadro. A primeira hipótese se prenderia à perseguição ocorrida ao tempo do rei seiêucida Antíoco IV, Epifano (175 - 164 "C.Xque, ao apoderar-se do reino sírio, e sendo profundo admirador da civilização helénica, impôs aos judeus da Palestina - dominada, na época, pelos sírios - a religião grega e a anulação do judaísmo. Daí concluir-se que os Companheiros da Caverna eram judeus refugiados de Jerusalém, onde habitavam. Seu despertar dataria, então, de 126 d.C., ou seja, 445 anos antes do nascimento do Profeta Muhammad. A Segunda hipótese se ligaria à perseguição ocorrida no reinado do imperador romano Adriano (117 a 138 d.C.), que, da mesma forma que Antíoco, perseguiu os judeus. Em 13 d.C., os judeus, rebelando- se contra o Império Romano, expulsaram da Palestiana as legiões romanas e apoderaram-se de Jerusalém, que dominaram por três anos. Foi, depois disso, que Adriano, com seu exército, invadiu a Palestina e pôs fim à soberania dos judeus, retomando Jerusalém e extinguindo o judaísmo com a morte de seus líderes e a escravidão de seu povo. Novamente, a História comprova que estes Companheiros eram judeus e provavelmente habitavam Jerusalém. Seu despertar, então, haveria ocorrido cerca de 435 d.C., ou 135 antes do nascimento do Profeta. A maioria dos exegetas, entretanto, aponta a primeira hipótese como a mais congruente com o episódio do Alcorão. (2) Este nome foi interpretado de vários modos. Dizem uns que se tratava de uma tábua, onde foram escritos os nomes dos Companheiros da Caverna; ou, como preferem outros, o nome do cão destes; outros, ainda, dizem ser o nome do vale, em que se achava a Caverna, ou o nome da montante ou da aldeia.
10. إِذْ أَوَى الْفِتْيَةُ إِلَى الْكَهْفِ فَقَالُوا رَبَّنَا آتِنَا مِنْ لَدُنْكَ رَحْمَةً وَهَيِّئْ لَنَا مِنْ أَمْرِنَا رَشَدًا
PT: 10. Quando os jovens se abrigaram na Caverna, e disseram: "Senhor nosso! Concede-nos misericórdia de Tua parte e, para nós, dispõe retidão, em tudo o que nos concerna."[1087]
(1) Assim o fizeram, para preservarem a Crença e se protegerem contra os que, entre seu povo, queriam levá-los à apostasia.
11. فَضَرَبْنَا عَلَى آذَانِهِمْ فِي الْكَهْفِ سِنِينَ عَدَدًا
PT: 11. Então, na Caverna, estendemo-lhes um véu sobre os ouvidos[1088] durante vários anos.
(4) Estender um véu sobre os ouvidos: selar os ouvidos com a surdez proveniente de sono profundo, do qual nem um grande ruido poderia fazê-los despertar.
12. ثُمَّ بَعَثْنَاهُمْ لِنَعْلَمَ أَيُّ الْحِزْبَيْنِ أَحْصَى لِمَا لَبِثُوا أَمَدًا
PT: 12. Em seguida, despertamo-los, para saber qual dos dois partidos[1089] enumerava melhor o tempo, em que lá permaneceram.
(1) Dois partidos: trata-se ou de dois grupos dos Companheiros, que divergiram, acerca da duração de sua permanência, na Caverna; ou de dois grupos de habitantes da cidade, que, ao lado de fora da Caverna, testemunharam o despertar dos Companheiros.
13. نَحْنُ نَقُصُّ عَلَيْكَ نَبَأَهُمْ بِالْحَقِّ إِنَّهُمْ فِتْيَةٌ آمَنُوا بِرَبِّهِمْ وَزِدْنَاهُمْ هُدًى
PT: 13. Nós te narramos sua história, com a verdade. Por certo, eles eram jovens, que criam em seu Senhor e aos quais acrescentamos orientação.
14. وَرَبَطْنَا عَلَى قُلُوبِهِمْ إِذْ قَامُوا فَقَالُوا رَبُّنَا رَبُّ السَّمَاوَاتِ وَالْأَرْضِ لَنْ نَدْعُوَ مِنْ دُونِهِ إِلَهًا لَقَدْ قُلْنَا إِذًا شَطَطًا
PT: 14. E revigoramo-lhes os corações, quando se levantaram e disseram: "Nosso Senhor é O Senhor dos céus e da terra. Não invocamos, além dEle, deus algum: com efeito, nesse caso, estaríamos dizendo um cúmulo de blasfêmia."
15. هَؤُلَاءِ قَوْمُنَا اتَّخَذُوا مِنْ دُونِهِ آلِهَةً لَوْلَا يَأْتُونَ عَلَيْهِمْ بِسُلْطَانٍ بَيِّنٍ فَمَنْ أَظْلَمُ مِمَّنِ افْتَرَى عَلَى اللَّهِ كَذِبًا
PT: 15. "Este nosso povo tomou, além dEle, outros deuses. Que façam vir, a respeito desses, uma evidente comprovação! Quem mais injusto, pois, que aquele que forja mentiras acerca de Allah?"
16. وَإِذِ اعْتَزَلْتُمُوهُمْ وَمَا يَعْبُدُونَ إِلَّا اللَّهَ فَأْوُوا إِلَى الْكَهْفِ يَنْشُرْ لَكُمْ رَبُّكُمْ مِنْ رَحْمَتِهِ وَيُهَيِّئْ لَكُمْ مِنْ أَمْرِكُمْ مِرْفَقًا
PT: 16. E disseram uns aos outros: "Quando vos houverdes apartado deles e do que adoram, em vez de Allah, então, abrigai-vos na Caverna, vosso Senhor espargirá, sobre vós, algo de Sua misericórdia e, para vós, disporá apoio, em vossa condição"
17. وَتَرَى الشَّمْسَ إِذَا طَلَعَتْ تَزَاوَرُ عَنْ كَهْفِهِمْ ذَاتَ الْيَمِينِ وَإِذَا غَرَبَتْ تَقْرِضُهُمْ ذَاتَ الشِّمَالِ وَهُمْ فِي فَجْوَةٍ مِنْهُ ذَلِكَ مِنْ آيَاتِ اللَّهِ مَنْ يَهْدِ اللَّهُ فَهُوَ الْمُهْتَدِ وَمَنْ يُضْلِلْ فَلَنْ تَجِدَ لَهُ وَلِيًّا مُرْشِدًا
PT: 17. E tu haverias visto o sol, quando se levanta, declinar de sua caverna, pela direita, e, quando se punha, desviar-se deles[1090] pela esquerda, enquanto que eles se achavam em um espaço dela. Isso é um dos sinais de Allah. Aquele, a quem Allah guia, é o guiado. E para aquele, a quem descaminha, não lhe encontrarás protetor, conselheiro.[1091]
(1) Deles; dos Companheiros da Caverna. (2) Embora estes Companheiros estivessem em um lugar espaçoso na entrada da Caverna, o sol jamais os molestou, nem no nascente nem no poente, o que significava que eles estavam na proteção de Deus.
18. وَتَحْسَبُهُمْ أَيْقَاظًا وَهُمْ رُقُودٌ وَنُقَلِّبُهُمْ ذَاتَ الْيَمِينِ وَذَاتَ الشِّمَالِ وَكَلْبُهُمْ بَاسِطٌ ذِرَاعَيْهِ بِالْوَصِيدِ لَوِ اطَّلَعْتَ عَلَيْهِمْ لَوَلَّيْتَ مِنْهُمْ فِرَارًا وَلَمُلِئْتَ مِنْهُمْ رُعْبًا
PT: 18. E tu os suporias despertos, enquanto estavam adormecidos. E fazíamo-los se virarem para a direita e para a esquerda[1092]. E seu cão tinha estendidas as patas dianteiras, no limiar da caverna. Se tu os houvesses avistado, haver-lhes-ias voltado as costas, fugindo, e haverias ficado cheio de pavor deles.
(1) Para a preservação de seus corpos contra o apodrecimento, causado pelo contato com o sol da Caverna, Deus evitou-lhes a imobilidade, fazendo-os virarem-se, periodicamente.
19. وَكَذَلِكَ بَعَثْنَاهُمْ لِيَتَسَاءَلُوا بَيْنَهُمْ قَالَ قَائِلٌ مِنْهُمْ كَمْ لَبِثْتُمْ قَالُوا لَبِثْنَا يَوْمًا أَوْ بَعْضَ يَوْمٍ قَالُوا رَبُّكُمْ أَعْلَمُ بِمَا لَبِثْتُمْ فَابْعَثُوا أَحَدَكُمْ بِوَرِقِكُمْ هَذِهِ إِلَى الْمَدِينَةِ فَلْيَنْظُرْ أَيُّهَا أَزْكَى طَعَامًا فَلْيَأْتِكُمْ بِرِزْقٍ مِنْهُ وَلْيَتَلَطَّفْ وَلَا يُشْعِرَنَّ بِكُمْ أَحَدًا
PT: 19. E, assim, como os adormecemos, despertamo-los, para que se interrogassem, entre eles. Um deles disse: "Quanto tempo permanecestes, aqui?" Disseram: "Permanecemos um dia ou parte de um dia." Outros disseram: "Vosso Senhor é bem Sabedor de quanto permanecestes. Então, enviai um de vós à cidade, com esta vossa moeda de prata. E que olhe qual o mais puro alimento, e que deste vos faça vir sustento, e que ele sutilize e que não deixe ninguém perceber-vos."
20. إِنَّهُمْ إِنْ يَظْهَرُوا عَلَيْكُمْ يَرْجُمُوكُمْ أَوْ يُعِيدُوكُمْ فِي مِلَّتِهِمْ وَلَنْ تُفْلِحُوا إِذًا أَبَدًا
PT: 20. "Por certo, se eles[1093] obtêm poder sobre vós, apedrejar-vos-ão ou far-vos-ão tornar à sua Crença[1094]. E nunca seríeis, nesse caso, bem-aventurados!"
(1) Eles: os habitantes da cidade. (2) Retornar a sua crença: adotar a religião pagã deles.