As Mesquitas mais Famosas da Civilização Islâmica

As Mesquitas mais Famosas da Civilização Islâmica

As mesquitas foram verdadeiros centros de ensino, onde todos os meios foram fornecidos para que os alunos continuem seus estudos e se dediquem neles. Eles eram pagos, tinham alojamentos construídos exclusivamente para eles[1]. Dentre estas mesquitas, que eram semelhantes às universidades atuais:

– Mesquita dos Omíadas em Damasco, que foi construído por Al-Walid ibn Abdul-Malik. Haviam diferentes sessões nesta mesquita. A jurisprudência maliki tinha um canto, bem como a Shafi’i. Al-Khatib al-Baghdadi também teve uma sessão na mesquita, onde ele ensinava hadith. As aulas ministradas na mesquita não se limitaram à ciência religiosa, mas também incluiu língua, literatura, aritmética e astronomia.

– Mesquita de Amr Ibn Al-As em Al-Fustat, no Egito. Tinha mais de quarenta sessões de aprendizagem, frequentada por alunos para o estudo e pesquisa. Havia a aula de Al-Imam Al-Shafi’i. Em meados do século islâmico quarto, o número de sessões realizadas na mesquita atingiu cento e dez, alguns dos quais foram reservados para mulheres. Em seguida, surgiu o sistema de Ijazah (certificados). Este sistema permitiu que os alunos usassem os livros de seus mestres depois do certificado, para relatar os pontos de vista de seu mestre.[2]

– Mesquita Al-Azhar, a sua construção foi concluída em de 361 dH e se tornou uma referência para estudantes de países islâmicos. Os califas atribuíram várias doações para Al-Azhar e nomearam diversos professores de diversas especializações científicas. Como resultado da grande fama da Mesquita Al-Azhar e por causa das facilidades encontradas pelos seus alunos, estudantes de todos os lugares frequentaram a mesquita. O número de alunos que frequentavam a mesquita em 818 dH/1415 dC – de acordo com Al-Maqrizi[3] – chegou a setecentos e cinquenta, incluindo os estrangeiros[4], estudantes da parte rural do Egito e marroquinos. Cada grupo deles tinha um lugar especial nomeado por eles.

A mesquita continuou a ser um centro científico brilhante, transmitindo a sua mensagem ao longo da história, onde muitos estudiosos se graduaram e muitas obras foram escritas. Foi verdadeiramente uma escola para a ciência e seu povo.[5]

– Mesquita de Al-Zaytunah, na Tunísia, foi construída na época dos califas omíadas. O fundador da Mesquita de Al-Zaytunah foi o emir Ubaidullah ibn Al-Habhab, que foi nomeado governador do Norte de África por Hisham ibn Abdul-Malik. A mesquita teve muitas expansões em 250 dH/864 dC, quando Ziyadatullah ibn Al-Aghlab (na época da dinastia Aghlabi) ampliou a mesquita. A mesquita tinha um status elevado no que diz respeito ao ensino dos diferentes tipos de ciência, que foram ensinados por investigadores seniores, como Abd-al-Rahman ibn Ziyad Al-Ma’afiri[6], que era um erudito sênior de hadith, Abu Said Al-Sahnun Tanukhi, Al-Imam Al-Maziri[7] e outros[8].

Estudantes de todos os lugares freqüentaram esta mesquita na busca de conhecimento, onde livros de interpretação do Alcorão, hadith, fiqh (jurisprudência) e língua foram estudados. Al-Hasha’ishi[9] descreve a situação da educação na Mesquita Al-Zaytunah dizendo que todos os tipos de ciência foram ensinados lá, e dizia-se que perto de quase todos os pilares na mesquita havia um professor. E a biblioteca da mesquita incluiu mais de duzentos mil livros.[10] 

– A Mesquita de Al-Qarawiyin. Foi construída em Fez, no Marrocos, na era da dinastia Idrissi em 245 dH / 859 dC. Em 322 dH/934 dC, o emir Ahmad ibn Abu Bakr Al-Zanati ampliou a mesquita. No início do sexto século islâmico, a mesquita foi ampliada novamente, até que ganhou uma reputação excelente. A mesquita tinha um status científico elevado, e alunos de todos os lugares buscavam o conhecimento nela. A mesquita tinha um orçamento especial, como resultado das doações concedidas para além dos fundos doados por príncipes e outros. Como resultado da grande fama da mesquita, estudantes de outros países, inclusive da Europa, frequentaram este instituto científico. É citado que o Bispo Gerber[11], que mais tarde se tornou o Papa Silvestre II de Roma (em 999-1003 d.C), estudou na Mesquita Al-Qarawiyyin depois que ele estudou na Universidade de Córdoba.[12]

 


[1] Ver: Al-Abdullah Mashukhi: Mawqif wa al-Islam Al-Kanisah min Ilm-Al, p 54.

[2] Rahim Kazim Muhammad Al-Hashimi e Awatif Muhammad Al-Arabi: Al-Al-Hadarah Arabiyah Al-Islamiya, p 150.

[3] Al-Maqrizi: Ele é Taqi-al-Din Ahmad ibn Ali Al-Maqrizi (766-845 AH), historiador sênior egípcio, viveu na era dos mamelucos. Alguns de seus livros famosos: Al-Suluk li Ma’rifat Dwal Al-Muluk (A forma de conhecer os Estados dos reis), e Al-Mawa’iz wa Al-I’tibar bi Zikr Al-Khutat wa Al-Athar, conhecido como “Khutat Al-Maqrizi” (Planos de Al-Maqrizi).

[4] Ibn Kathir: Al-Bidayah Wal Nihayah 11/310.

[5] Ver: Abdullah Al-Mashukhi: Mawqif Al-Islam wa Al-Kanisah min Al-Ilm, p 57.

[6] Ibn Abdul-Rahman Zyad (Ibn An’am): Ele é Abdul-Rahman ibn Ziad ibn An’am Al-Ma’afiri Al-Ifriqi (75-161 dH/694-778 dC). Ele era conhecido por ousar com reis. Ele nasceu e cresceu em Barqa. Ele assumiu a magistratura em Al-Qayrawan por duas vezes.

[7] Al-Maziri: Ele é Abu Abdullah Muhammad ibn Ali ibn Umar Al-Maziri (453-536 dH/1061-1141 dC), um estudioso da hadith, jurisprudenciais, e homem de letras. Um de seus livros é: Nuzum Al-fi Fara’id Ilm Al-A’qa’id (livro sobre a fé). Veja: Al-Zahabi: Tazkirat Al-Huffaz (lembrete de estudiosos hadith) 1 / 52, e Kahalah: Mu’jam Al-Mu’allifin (léxico de escritores) 11/32.

[8]  Ver: Muhammad ibn Uthman Al-Hasha’ishi: Tarikh Al-Jami Zaytunah (a história da mesquita de Al-Zaytunah), p36.

[9] Al-Hasha’ishi: Ele é Muhammad ibn Uthman Al-Hasha’ishi Fadil Al-Sharif (1271-1330 dH/1855-1912 dC), da Tunísia. Ele estava interessado em examinar os livros na biblioteca de Al-Zaytunah mesquita. Veja: Al-Zirikli: A’lam Al-6 / 263.

[10] Ver: Abdullah Al-Mashukhi: Mawqif Al-Islam wa Al-Kanisah min Al-Ilm, p 56.

[11] Ver: Abd-al-Hadi Al-Tazi: Ahada-Ashra Qarnan fi Jami’at Qazwin (Onze séculos na Universidade do Mar Cáspio), p 19.

[12]  Ver: Al-Abdullah Mashukhi: Mawqif Al-Islam wa Al-Kanisah min Al-Ilm, p 56.