TAWHID

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31/05/2020

Desde os primórdios da história do homem, o homem, em cada época, reconheceu uma divindade ou várias e as adorava. Mesmo hoje, toda nação, desde a mais primitiva até a mais avançada, crê nisto e adora algumas divindades. Ter uma divindade e adorá-la faz parte da natureza humana. Existe alguma coisa na alma do homem que o força a agir assim.

Mas, a questão é: O que é esta coisa e por que o homem se sente compelido a agir assim? A resposta a esta indagação pode ser descoberta se olharmos para a posição do homem neste imenso universo. Nem o homem, nem sua natureza, são onipotentes. Ele não é auto-suficiente e nem autocriador e seus poderes são limitados. Na verdade, ele é fraco, débil, necessitado e destituído.

Ele depende de uma quantidade enorme de forças para manter sua existência, mas nem todas elas estão inteiramente sob seu controle. Algumas vezes parece que ele tem poder sobre elas, de uma forma simples e natural, mas, outras vezes, ele se encontra privado delas. Existem muitas coisas importantes e valiosas que ele se esforça por conseguir, algumas vezes ele consegue, outras não, pelo fato de ele não ter o poder de obtê-las. Existem muitas coisas que o prejudicam, acidentes acabam com o trabalho de toda uma vida em segundos, a doença, as preocupações e as calamidades estão sempre ameaçando-o e frustrando seu caminho para a felicidade. Ele tenta afastar-se delas mas pode encontrar tanto o êxito como o fracasso.

Existem muitas coisas cuja grandeza e esplendor o intimidam: as montanhas e os rios, os animais gigantes e as feras. Ele experimenta terremotos, tempestades e outros desastres naturais. Ele observa as nuvens sobre sua cabeça e as vê ficando espessas e escuras, os raios trovejando e a chuva pesada caindo. Ele vê o sol, a lua e as estrelas em seus movimentos constantes. Ele pensa em como são grandes e poderosos esses corpos celestes em comparação com ele, tão frágil e insignificante!

Este grande fenômeno, por um lado, e a consciência de sua fragilidade, por outro, imprimem no homem um profundo sentido de sua própria fraqueza, insignificância e desamparo. E é bastante natural que uma idéia primitiva de divindade deva coincidir com este sentimento.

No mais primitivo estágio de ignorância, o homem acha que os grandes objetos da natureza, cujo esplendor e glória são visíveis e que lhe parecem benéficos ou prejudiciais, são detentores de poder e autoridade verdadeiros, e, por conseqüência, são divinos. Assim, ele adora as árvores, os animais, os rios, as montanhas, o fogo, a chuva, o ar, os corpos pesados e vários outros objetos. Esta é a pior forma de ignorância.

Quando sua ignorância diminui e alguns raios de luz aparecem, ele começa a perceber que esses objetos grandes e poderosos também são tão desamparados e dependentes, ou antes, eles são ainda mais dependentes e desamparados. O maior e mais forte animal também morre, da mesma forma que um micróbio ínfimo, e perde todo seu poder; os grandes rios surgem e desaparecem; as montanhas imensas são dinamitadas e fragmentadas pelo próprio homem; a produtividade da terra não está sob controle da terra – a água a torna próspera e a falta dela a torna árida. Mesmo a água não é independente. Ela precisa do ar que traz as nuvens. O ar também é impotente e para que seja útil, ele também depende de outras causas. A lua, o sol e as estrelas também estão presos a uma lei externa poderosa, cujos ditames determinam o mais delicado movimento.

Após tais considerações, a mente do homem se volta para a possibilidade de um grande poder misterioso, de natureza divina que controla os objetos que ele vê e que são depositários de toda a autoridade. Essas reflexões abrem espaço para crença em poderes misteriosos por trás dos fenômenos naturais, com vários deuses governando partes e aspectos da natureza, como o ar, a luz e a água. Formas materiais ou símbolos são construídos para representá-los e o homem começa a adorar essas formas ou símbolos. Isto também é uma forma de ignorância e a realidade permanece oculta aos olhos do homem neste estágio intelectual e de caminhada cultural.

À medida em que o homem progride em conhecimento e aprendizagem, e medita mais e mais profundamente sobre os problemas fundamentais da existência, ele descobre uma lei onipotente e um controle total do universo. A regularidade absoluta do nascer do sol e do pôr-do-sol, os ventos e as chuvas, o movimento das estrelas e as estações do ano! Como funcionam conjuntamente numa harmonia maravilhosa com as várias e diferentes forças. E como esta lei é sublimemente sábia e eficaz, por intermédio da qual todas as várias causas do universo são feitas para funcionarem coordenadas, num tempo determinado para um acontecimento determinado! Observar esta uniformidade, regularidade e obediência total a uma grande lei em todos os campos da Natureza, até um politeísta se acha obrigado a crer que deve haver uma divindade maior do que todas as outras, exercendo autoridade suprema. Porque, se fossem divindades separadas e independentes, toda o mecanismo do universo estaria comprometido.

O homem chama esta divindade maior por nomes diferentes como Allah, God, Deus. Mas, a escuridão da ignorância ainda persiste, ele continua adorando divindades menores juntamente com este Ser Supremo. as divindades menores são como funcionários responsáveis sob as ordens do Deus Maior, de quem ele não se aproxima a não ser por intermédio dessas entidades. Portanto, elas também devem ser adoradas e solicitadas. Elas são tidas como agentes, através dos quais pode-se chegar ao Grande Deus.

Quanto mais o homem aumenta seu conhecimento e raciocínio, maior é sua insatisfação com a multiplicidade de divindades. Assim, o número de divindades menores começa a diminuir. Finalmente descobrem que nenhuma dessas divindades criadas pelo homem tem qualquer característica divina; elas próprias são criaturas como o homem, embora um pouco menos desamparadas. Portanto, elas são eliminadas uma a uma até restar somente um Deus.

Mas o conceito de um Deus único ainda está impregnado de alguns dos elementos da ignorância. Algumas pessoas imaginam que Ele tem um corpo como os homens, e que está em um determinado lugar. Outros acreditam que Deus desceu à terra sob a forma humana; outros, ainda, acham que Deus, após executar suas tarefas, retirou-se e agora está descansando. Alguns acreditam que só se chega a Deus através dos santos e espíritos e que nada pode ser alcançado sem a intercessão deles. Outros imaginam que Deus tem uma forma ou imagem e acham que é preciso manter esta imagem diante deles com o objetivo de ser adorado.

Essas noções distorcidas da divindade persistiram e permaneceram e muitas delas ainda prevalecem entre os diversos povos até os dias de hoje.

Tawhid é o mais elevado conceito de divindade, o conhecimento que Allah, através de Seus Profetas, enviou para a humanidade em todas as épocas. Foi com este conhecimento que, no começo, Adão foi enviado à terra; foi o mesmo conhecimento que foi revelado a Noé, Abraão, Moisés e Jesus (saw). Foi este conhecimento que Mohammad (saw) trouxe à humanidade. É o Conhecimento puro e absoluto, sem a menor sombra de ignorância. O homem tornou-se culpado de shirk, de idolatria e kufr só porque ele se afastou dos ensinamentos dos Profetas e passou a depender de seu raciocínio débil, de suas falsas percepções ou interpretações preconceituosas. Tawhid dispersa todas as nuvens da ignorância e ilumina o horizonte com a luz da realidade.

Vejamos a questão do Universo:

O universo não é uma massa fortuita de matéria. Não é uma série de objetos desordenados. Não é uma aglomeração de coisas caóticas e sem sentido. Tudo isto não pode existir sem um Criador, um Projetista, um Controlador, um Governante.

Mas, quem pode criar e controlar este universo majestoso? Somente Ele pode, Aquele que é o Senhor de tudo; Aquele que é Infinito e Eterno; Aquele que é Todo Poderoso, Onisciente, Onipotente e o Mais Sábio; Aquele que tudo sabe e tudo vê. Ele deve ter autoridade suprema sobre tudo o que existe no universo. Ele possui poderes ilimitados, deve ser o Senhor do universo e de tudo que nele se contém, deve ser livre de falhas ou fraquezas e ninguém tem o poder de interferir em Seu trabalho. Somente um Ser assim pode ser o Criador, o Controlador e o Governador do universo.

Segundo, é fundamental que todos esses atributos e poderes divinos devam ser investidos em um Único Ser: Não é possível coexistirem duas ou mais personalidades que tenham poderes e atributos iguais. Acabam se chocando. Portanto, deve haver um único Ser Supremo, controlando todos os outros. Não se pode imaginar dois governadores de uma mesma província, ou dois comandantes supremos de um mesmo exército. Da mesma forma, com a distribuição de poderes entre divindades diferentes. Fatalmente ocorrerá uma falta de coordenação. E se isso acontecesse, o mundo se partiria em pedaços.

Um ser divino que é incapaz de permanecer vivo por si mesmo, não pode dar a vida a outros. Um ser assim, incapaz não pode ser adequado para governar este vasto universo sem fim.

O sol, a lua, as estrelas, os animais, os pássaros ou os peixes, matéria, dinheiro, qualquer homem ou grupo de homens – qualquer um deles possui esses atributos? Certamente que não! Porque tudo no universo é criado, controlado e regulado, é dependente dos outros, é mortal e transitório; os movimentos, por menores que sejam, são controlados por uma lei inexorável que não admite qualquer desvio. Sua condição de desamparo prova que a qualidade da divindade não se encaixa em seus corpos. Eles não possuem o menor vestígio de divindade e não têm nada a ver com ela. Trata-se de uma paródia da verdade e uma loucura atribuir uma condição divina a eles.

Quanto mais meditamos, mais firme deve ser a nossa convicção de que todos os pode