Jejum: Um Presente de seu Criador

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21/05/2020

Jejum é um dos pilares do Islam, e tem sido uma parte integral de todas maiores religiões. O Profeta Jesus (que a paz esteja com ele) jejuou por 40 dias antes de ser chamado para profetização (Mt 4:2). Similarmente o Profeta Moisés (que a paz esteja com ele) jejuou 40 dias e 40 noites antes de lhe ser dada a Lei (Ex. 24:18). 

A Proposta do Jejum

O Jejum no Ramadan é parte do programa que o Islam prescreve para o homem completar seu destino moral e espiritual neste mundo e na vida eterna. É a adoração especial designada para desenvolver no homem a habilidade de auto-exercitar sua limitação, paciência em favor de Allah, o Criador, Senhor e Nutridor dos homens.

Seu objetivo é dar ao homem o poder de manter seus desejos e tendências controlados, os quais o fazem o homem inclinar à vários pecados, atos de agressão, crueldade e opressão.

O Jejum liberta a alma humana e empresta-lhe força moral e espiritual, fazendo-a bela, harmoniosa, pacífica, compassiva e justa. O Qu’ran diz :

Enviamos nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a Balança, para que os homens observem a Justiça” (57:25)

O Jejum por Taqwa

Sobre o Jejum, o Qu’ran diz:“Oh Fiéis, está-vos prescrito o Jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados para que temais a Deus.”(2:183).

Taqwa é uma palavra em árabe com significado amplo que pode ser traduzida como auto-controle. Simboliza a qualidade mortal básica que demarca a linha entre moralidade e imoralidade, e distingue homens de animais como seres morais. Aqueles que estão neutros ou indiferentes a questões sobre que é bom ou mal, justo ou injusto, compassivo ou cruel, fiel ou infiel estão nas palavras do Qu’ran como cegos, surdos e burro domesticado, os quais gastam suas vidas somente para encher seus estômagos. “Eles têm corações com o que eles não entendem, olhos com os quais eles não vêem, e ouvidos com os quais eles não escutam

Desenvolvendo Taqwa

Esta qualidade moral é nutrida e pode ser desenvolvida somente pelo controle de seus próprios desejos, impulsos e emoções. Este controle é precisamente a razão pelo qual o jejum é prescrito. À luz do jejum islâmico, pode ser definido como a adoração, na qual o homem abandona de boa vontade suas necessidades legítimas como comer, beber ou outros prazeres permitidos de acordo com o mandamento de Deus, durante o dia todo do mês do Ramadan, nono mês do calendário islâmico. Então o jejum islâmico não é meramente deixar tudo o que é mal. O profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) disse: “Quando um de vocês está jejuando e alguém abusa dele ou luta com ele, ele deveria dizer-lhe ‘eu não posso lhe retribuir a ofensa pois estou jejuando’”.

Através do jejum nós nos tornamos mais próximos de Deus por obedecê-lO sinceramente, e conservarmos Sua vontade em nossa vida diária, em nossas ações e pensamentos, até que nossos dias se tornem testemunhas que Ele nos ama acima de tudo. Olhe para a agenda de um fiel durante este mês; levanta cedo antes da primeira luz da alvorada, e parando de se alimentar e beber durante todo dia, estando ansioso para devotar-se a suas orações e adorações a Deus, ansiando ser bom e evitar o mal, e durante as noites deste mês estando em orações durante horas, sacrificando o sono e conforto, oferecendo orações extras especiais: mais ou menos como um soldado em treino rigoroso. A única diferença aqui é que não é somente uma batalha física para a qual ele está sendo treinado, mas para toda guerra compreensiva e contínua contra o mal.

Recompensas Especiais

É muito bem conhecido que o profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) observou o jejum regularmente em outras épocas do ano, além do Ramadan e exortando seus seguidores para fazer o mesmo. Mas é no mês do Ramadan quando toda comunidade muçulmana de todas as partes do mundo observa o jejum de forma especial. Isto transforma o jejum em uma instituição que eleva a alma humana para forças nunca vistas. O profeta (que a paz esteja com ele) disse: “toda boa ação é recompensada de dez para setecentas vezes mais, mas Deus diz que jejuar é uma exceção; se meu servo deixa de comer e beber em minha causa, então Eu mesmo o recompensarei por isto”

Presente do Qu’ran

Associação de Jejum com o mês do Ramadan traz à nossa memória que era durante este mês que Allah abençoou a humanidade, dando-nos o seu último Livro, o Qu’ran. “Ramadan é o mês em que o Qu’ran foi revelado, orientação para a humanidade e evidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar“(2:185). Jejum no mês do Ramadan então nos deixa um novo significado moral e espiritual. É o mês em que nós celebramos os louvores do nosso Senhor Deus, pelo grande presente do Qu’ran. Nós O glorificamos e O exaltamos pelo jejum durante este mês.

O Qu’ran não somente indica o caminho certo ao homem, como também o guia a um claro critério entre o certo e o errado. Não é apenas o Livro dos “faça isto, ou aquilo”, mas o repositório da sabedoria infinita, e um guia para a mais alta excelência moral e espiritual, bem como sucesso material e temporal. O Qu’ran considera a razão humana como o maior presente de Deus para o homem, e o jejum ajuda a libertá-la da tirania da luxúria e apetites desregrados, extravagâncias e caprichos que freqüentemente a escraviza. Pelo jejum a razão humana reprime os três desejos humanos dominantes: desejo por conforto, desejo por alimento e desejo de procriação de sua espécie.

O caminho reto

Seguir o caminho dos bons é freqüentemente árduo, e envolve esforço contra os desejos e interesses pessoais. Algumas vezes, pode também ser que se que faça ou diga o que se considera verdade mas não é comum e arrisca-se enfrentar a raiva e a antipatia dos outros, os quais algumas vezes são os nossos mais próximos e chegados. Permanecer firme nestas duras circunstâncias para seguir o caminho reto requer uma grande força de vontade – uma moral prima e qualidade humana – para escolher o que é certo e enfrentar as dificuldades e sacrifícios. “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que a encontram”(Mt. 7,13s). O Islam conduz o homem dentro do caminho da vida eterna e o prepara para ela através da adoração, orações, caridade e jejum. Todos estes pontos servem para habilitar o homem no exercício do controle de sua própria vida e ter coragem moral para tomar o caminho da verdade, justiça e piedade e para tomar direção do barco da vida e navegar seguramente na tempestuosidade e perigo do mar desta vida sob a guia da Divina Revelação. Prestemos atenção na mensagem: “Sabei que Deus é meu Senhor e vosso. Adorai-O, pois. Esta é a senda reta”(3:51)

fonte
Every Day Fiqh by Maulana Yusuf Islahi