Há no oriente hoje um movimento furioso a respeito dos direitos da mulher e demandas de completa igualdade com o homem.
No meio deste movimento comparativamente febril, alguns dos mais exaltados deliram a respeito do Islam. Uns dizem que o Islam igualou aos dois sexos em todos os assuntos.
Outros, por ignorância ou negligência, dizem que o Islam é inimigo da mulher, degrada sua dignidade e fere o seu orgulho, destroçando o sentido de sua personalidade, deixando-a a um nível próximo do estado puramente animal; não passa de prazer sensual para o homem e um instrumento para a procriação. Nesta posição ela é seguida do homem que a domina e é superior a ela em tudo.
Estes e aqueles não conhecem a realidade do Islam, ou a conhecem e, intencionalmente, confundem o justo com o injusto para desviar as pessoas e propagar a corrupção na sociedade, facilitando, assim, a pesca a quem deseja pescar em águas turvas.
Antes de expormos a verdadeira situação da mulher no Islam, temos de dar uma rápida olhada na história da questão da emancipação da mulher na Europa, uma vez que a sua imitação foi a fonte que desviou o tema de seu curso normal.
A mulher na Europa e em todo o mundo tinha sido negligenciada, não lhe sendo dada nenhuma importância.
Os sábios e os filósofos discutiam sobre ela, se possuía alma ou não, e em caso de ter alma, seria esta humana ou animal? Supondo-se que possuísse alma humana, então sua posição social e “humana” quanto ao homem, é a posição dos escravos, ou é um pouco mais elevada que eles?
Mesmo nas épocas em que a mulher desfrutava de uma posição “social” elevada, tanto na Grécia como no Império Romano, não foi devido a uma peculiaridade da mulher como sexo, mas que era para poucas mulheres, de fato para as mulheres da capital, por serem adornos das reuniões e instrumentos da voluptuosidade e luxo, razão pela qual os ricos luxuriosamente procuravam mostrá-la ostentosa e orgulhosamente, porém nunca estavam em posição de verdadeiro respeito, como uma criatura humana, digna por si de ter uma dignidade, prescindindo das sensualidade que fazem o homem desejá-la.
A situação continuou assim nas épocas da escravidão e do feudalismo na Europa; enquanto a mulher, em sua ignorância, umas vezes foi mimada pelo luxo e o desejo e outras vezes foi abandonada como os animais que comem, bebem, concebem, parem e trabalham dia e noite.
Assim chegou a Revolução Industrial que foi a pior catástrofe que afetou a mulher no decorrer de sua história.
O caráter europeu tem sido, em todas as épocas, rígido e incrédulo. Não se oferece nem se eleva ao nível voluntário e nobre, que custa esforço e não rende dinheiro ou benefício imediato ou longínquo.
As circunstâncias econômicas em ambas as épocas da escravidão e feudalismo, deram lugar a que a mulher fosse sustentada pelo homem, algo natural que as circunstâncias exigiam. A mulher, porém, trabalhava em casa, nas pequenas indústrias que o meio rural lhe permitia. Então, pagava o preço de sua manutenção com este trabalho.
A revolução industrial, porém, mudou todas as situações, quer seja no campo, quer seja na cidade, modificando a estrutura familiar, debilitando-a mediante o emprego das mulheres e das crianças nas fábricas, além de persuadir os trabalhadores de abandonarem seu meio rural, estabelecido sobre a solidariedade e a cooperação, para emigrar até a cidade onde ninguém conhece a ninguém, e ninguém sustenta a ninguém, isolando-se cada um em seus prazeres e trabalhos, e onde é fácil perder a orientação até a saudável vida familiar, desaparecendo, assim, o desejo de contrair matrimônio e formar uma família ou retardando o casamento por longos anos pelo menos.(1)
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(1) É nas bases de tal evidência que os proponentes do materialismo e do marxismo dizem ‘que somente as condições econômicas geram as condições sociais de vida e que somente as circunstâncias econômicas determinam as relações mútuas dos homens’. Não negamos a importância do fator econômico na vida humana, mas é errado dizer que somente o fator econômico determina os pensamentos, os sentimentos e o ambiente do homem. O fato de que o fator econômico exreceu tal influência dominante sobre a vida européia foi devido à ausência de um ideal sublime que estimula os sentimentos, eleva a personalidade e estabelece as relações econômicas sobre uma base puramente humana. Se tivesse esse ideal, como o mundo Islâmico obteve, não teria apenas alcançado suas exigências econômicas mas o povo de todo o mundo teria também evitado as atribulações que os fez sofrer devido às suas explorações.
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Nossa intenção aqui não é a representação da história da Europa, mas o de expor os fatores que tiveram efeito na vida da mulher.
Dissemos que a revolução industrial empregou as mulheres e as crianças, rompendo, assim, os laços familiares, debilitando sua existência; porém, a mulher foi quem pagou o preço exorbitante através de seu próprio esforço e dignidade e de suas necessidades psicológicas e materiais, já que, de um lado, o homem se negou a sustentá-la e a obrigou a trabalhar para manter-se, mesmo que fosse esposa e mãe, e de outro lado, as fábricas a exploraram duramente, empregando-a em muitas horas e dando-lhe um salário menor que o do homem, que faz o mesmo trabalho.
É desnecessário perguntar por que tudo isso aconteceu, já que a Europa sempre foi conhecida por sua rigidez, incredulidade e rebeldia. Não reconhece a dignidade do homem como humano, nem presta um ato voluntário de bondade, quando pode, impunemente prejudicar os outros. Assim é a sua natureza em toda sua história, no passado, no presente e no futuro, a menos que Deus lhe outorgue a orientação e a elevação. se as mulheres e as crianças são débeis, quem impedirá a sua exploração e a ser duro quanto possível com eles?
A única coisa que a impedirá seria a consciência.Porém, quando a Europa teve consciência deste grave problema?
Houve, porém, alguns corações humanos vivos, que não suportaram a injustiça e se levantaram, defendendo a debilidade das crianças, só das crianças! Desta forma, começou a luta entre os reformistas sociais e o poder industrial que empregava as crianças em idade prematura e as encarregavam de trabalhos que não suportavam devido à sua constituição delicada, sem considerar os baixos salários e a falta de educação integral.
Porém a mulher não teve nenhum protetor, uma vez que o auxílio à mulher necessita um pouco de elevação dos sentimentos que a Europa não tolera! Portanto, a mulher continuou com a sua atribulação, esgotando-se em seu trabalho para manter-se, cobrando um salário menor que o do homem em comparação com o mesmo esforço e a mesma produção.
Chegou a primeira guerra mundial, e morreram dez milhões de jovens europeus e americanos, e a mulher teve que enfrentar a uma série de problemas com todos as suas conseqüências, posto que milhões delas se encontravam com o marido, o pai e o irmão mortos ou mutilados, tendo a mulher de ocupar-se de toda a família.
Por outro lado, não havia ali mão de obra suficiente para voltar a fazer funcionar as fábricas e restaurar o que a guerra havia despedaçado. Então, foi obrigatório que a mulher trabalhasse. Além disso, foi obrigatório também que fizesse cessão de sua moralidade, que era um verdadeiro obstáculo que a impedia de comer.
O empresário e seus empregados não buscavam simplesmente a mão de obra feminina mas também a ocasião de encontrar uma presa fácil, e por isso não permitiam que as mulheres trabalhassem a menos que se entregassem a seus desejos.
O problema não era somente de fome, mas de sexo também, uma vez que é uma necessidade natural e humana indispensável de satisfazer; as jovens não podiam satisfazer sua necessidade natural mesmo que todos os homens sobreviventes casassem, devido a enorme carência destes como conseqüência da guerra.
A moral ocidental e a hierarquia eclesiástica não tinham remédio algum para este grave problema e rechaçavam a solução que o Islam havia previsto para situações extremas como o é a poligamia; solução limitada em número de quatro e contemplada na legislação Islâmica como a Judaica, porém nesta última sem limitação de número.(1) Ante esta situação era de se esperar que a mulher ocidental caísse voluntária ou involuntariamente neste abismo para satisfazer as necessidades de sexo e comprazer sua paixões e desejos.
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(1) A poligamia no Islam está condicionada a uma legislação, exigindo do marido justiça e equidade em todas as circunstâncias e a todo momento.
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A mulher persistiu assim em seu curso de vida, satisfazendo os homens, trabalhando nas fábricas e nos escritórios, satisfazendo seus desejos mediante este caminho ou aquele; porém, seu problema foi aumentando em gravidade, uma vez que as fábricas aproveitaram a necessidade que a mulher tinha de trabalhar, seguindo com seu tratamento injusto, injustificável tanto para a razão quanto para a consciência. Continuaram pagando-lhe salário menor que o de homem, que exercia o mesmo trabalho e no mesmo local.
Assim, foi indispensável uma revolução que mudasse a injustiça de séculos e longas gerações.
Mas, o que a mulher conseguiu como resultado de sua revolução? Ela foi sobrecarregada fisicamente, perdeu o seu respeito bem como sua feminilidade! Foi-lhe negado o prazer natural de ter uma família, tendo filhos, vivendo com eles e realizando-se, sofrendo por eles, tendo um verdadeiro senso de bem-estar e magnanimidade. O que ela conseguiu, em lugar de tudo isso, ao menos ganhar o direito de ter salários iguais ao homem, o único direito natural oferecido a ela pela Europa.
O homem europeu não sacrificou a sua superioridade facilmente, ou seja, não renunciou a seu egoísmo inato nele. Assim, foi indispensável a explosão da batalha e o emprego de todas as armas úteis para a luta.
A mulher empregou as greves e as manifestações, assim como teve de utilizar os discursos nas sociedades e a imprensa. Em seguida pareceu-lhe que era indispensável sua participação na legislação para impedir a injustiça a partir de sua origem, pedindo, assim, primeiro o direito de voto e em seguida o direito que normalmente segue a esse passo, o da representação no parlamento. Também tinha-se instruído da mesma maneira que o homem e chegou a oferecer o mesmo trabalho e pediu, como conseqüência lógica, ingressar nas funções do estado como o homem, uma vez que se preparou com o mesmo método e obteve o mesmo ensino!
Esta é a história da luta da mulher para conseguir seus direitos na Europa, uma história contínua. Cada passo nela seguramente levará ao seguinte, independentemente de que o homem ou mulher o aceitem ou rechaçam, já que a mesma mulher havia perdido sua própria orientação assumida nesta sociedade carente de auto controle eficaz e pressionada pela falta de valores.(1)
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(1) Aqui também dizem os pretendentes dos ritos econômicos:”O fator econômico é tudo na vida, e é ele que determinou o curso do problema da mulher na Europa.”Novamente, não queremos diminuir a importância do fator econômico na vida dos seres humanos, porém dizemos que as coisas não seriam dessa maneira obrigatoriamente se tivessem um sistema integral, como o Islam, que obriga a manutenção da mulher pelo homem em todas as circunstâncias, e outorga à mulher, quando trabalha, seu direito natural de igualdade de salário com o homem.
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Talvez nos surpreendemos ainda mais quando sabemos que em alguns países europeus com regimes democráticos segue-se pagando a mulher um salário menor que o do homem, em algumas funções, mesmo que haja em seus parlamentos muitas e respeitadas deputadas.
Voltemos à situação da mulher no Islam, para saber se foram as condições históricas, geográficas, econômicas, ideológicas e legislativas as que fizeram que a mulher tivesse uma “causa” para lutar na atualidade como teve a mulher ocidental, ou será simplesmente um complexo de inferioridade e o resultado de uma imitação irrefletida do ocidente que fazem desses ocidentais campeões de seus direitos declamados tão entusiasticamente em encontros públicos?
Como um princípio fundamental de seu sistema, o Islam afirma que a mulher é um ser humano, que tem uma alma humana da mesma natureza que a do homem:
“Ó humanos, temei o vosso Senhor que vos criou de um só ser, do qual criou sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres.”
Assim, homens e mulheres são totalmente iguais uns aos outros em sua origem e destino, e, como tais, gozem dos mesmos direitos. O Islam lhe dá o direito à vida, à honra e à propriedade como ao homem. Ela é um ser respeitável e não é permitido a ninguém criticá-la ou difamá-la. A ninguém é permitido espioná-la ou desrespeitá-la devido às suas funções como mulher. Há direitos que ambos, homens e mulheres desfrutam, não havendo diferenciação contra nenhum deles. A lei revelada a respeito disso aplica-se tanto a homens como a mulheres:
“Ó crentes, que nenhum povo zombe do outro; é possível que(os escarnecidos)sejam melhores do que eles(escarnecedores). Que tampouco nenhuma mulher zombe de outra, porque é possível que esta seja melhor do que aquela. Não vos difameis nem vos motejeis!”
“Não vos espreiteis nem vos delateis mutuamente.”
“Ó crentes, não entreis em casa além da vossa, a menos que peçais permissão e saudeis seus moradores.”
“Os bens, a honra e o sangue do Muçulmano são sagrados para outro Muçulmano.”
No Dia do Juízo a recompensa é a mesma para ambos os sexos:
“Seu Senhor lhes atendeu, dizendo: Jamais desmerecemos a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher, porque procedeis uns dos outros.”
Homens e mulheres são também iguais em seus direitos para alcançar suas necessidades materiais no mundo, incluindo direitos semelhares para obter e atuar em todos só campos como hipotecar, arrendar, legar, vender, comprar e explorar, etc., em seu próprio benefício.
“Aos filhos varões corresponde uma legítima do que tenham deixado pais e parentes. As mulheres também terão uma legítima do que tenham deixado os pais e parentes.”
“Aos homens lhes corresponderá a sorte a que fizerem jus; assim, também as mulheres terão sorte igual.”
É necessário nos determos aqui para anotarmos dois importantes pontos quanto ao direito da mulher à propriedade, ao uso ou exploração da mesma. Em primeiro lugar, as legislações da Europa”civilizada”proibiam a mulher de ter todos os mencionados direitos até uma época bem recente, dando-lhe estes direitos indiretamente e de uma maneira única, através do homem, sendo marido, pai ou tutor. Ou seja, a mulher européia permaneceu mais de doze séculos depois do Islam, sem ter os direitos que este havia outorgado à mulher muçulmana. Não obstante, quando a mulher européia obteve esses direitos não os logrou facilmente nem sequer conservou sua moral, sua honra e sua dignidade, tendo de despender suor, sangue e lágrimas para obter algo do que o Islam havia outorgado à mulher voluntariamente, tomando a iniciativa, sem a submissão às necessidades econômicas nem aos conflitos existentes entre os seres humanos, mas através do critério que o Islam tem à eterna justiça e à verdade, efetuando-os na vida real, não na das imaginações e sonhos.
Em segundo lugar, devemos anotar que o comunismo em particular e o ocidente em geral consideram a existência humana sinônimo da existência econômica do homem. Dizem claramente que a mulher não tinha entidade porque não podia ser proprietária nem tinha o direito de administrar suas propriedades, e só consegue ser um ser humano quando é independente economicamente, ou seja, quando pode ter propriedades independentemente do homem, podendo viver delas e administrá-las.
Prescindindo do fato de não aceitarmos tal ponto de vista da vida humana e sua degradação em pura existência econômica, concordamos em princípios com essas pessoas, os comunistas e os pensadores ocidentais, de que uma independência econômica tem efeito sobre a formação dos sentimentos e sobre o fomento do sentido profundo da personalidade.
Aqui, o Islam pode orgulhar-se de ter dado à mulher uma entidade econômica independente, uma vez que pode possuir, administrar ela mesma, sem tutor, tratando com a sociedade sem intermediários.
O Islam não ficou satisfeito em dar uma entidade à mulher quanto ao direito de propriedade, mas também nos mais importantes problemas relacionados com sua vida, como é o de matrimônio. Não se pode casá-la sem pedir o seu consentimento. Não se efetua o enlace até que ela dê a sua aprovação.
O Profeta(SAAS), disse:
“Não se casa a viúva ou divorciada(não virgem)até que seja consultada e manifesta a sua aprovação. Tampouco se casa a virgem até que dê o seu consentimento que pode manifestá-lo com o silêncio.”(1)
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(1)Uma vez que esta, por sua natureza, geralmente manifesta seu consentimento com o silêncio, por ser uma situação crítica para ela, coisa que está desaparecendo nas sociedades ‘modernas’.
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Se ela declarar sua negação o enlace será anulado ou não se realiza.
A mulher fora do Islam, necessitou aprender caminhos tortuosos para libertar-se de um matrimônio que não desejava, porque não possuía nem legislação nem direito estabelecido a negar-se. Porém, o Islam tinha-lhe oferecido este direito para exercê-lo quando quisesse,(2) e não apenas isso, mas também lhe deu o direito de escolher o noivo, situação que chegou a Europa no século XX, sendo considerada uma grande vitória obtida sobre as descoradas e velhas tradições!
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(2) Á primeira vista parece que este direito é mera fantasia nestas situações que vivemos (tradições não Islâmicas que predominam na sociedade). Não obstante, o Islam não é responsável de tudo que infringe seu regime ou suspende suas legislações, já que a mulher Muçulmana fez uso desse direito na primeira época do Islam, porque o Profeta o estabeleceu assim, o mesmo fizeram os califas que vieram depois dele. Por isso , é um dever nosso cumpri-lo hoje em dia e eliminar tudo que seja obstáculo, seja regime econômico, social ou tradicional não Islâmico.
O Islam estimou dois fatores de entidade humana em épocas que estavam envoltas pela ignorância e pela obscuridade, de maneira que considera a ciência e a aprendizagem como uma necessidade humana para cada um, não para uma parte determinada de pessoas, admitindo o direito de ensino para todos, tornando-o como preceito e fundamento da crença em Deus, segundo o Islam.
Aqui também o Islam pode orgulhar-se de ser o primeiro sistema no decorrer da história que olhou a mulher como ser humano, que não completa os elementos de sua entidade até que aprenda igual ao homem, fazendo do ensino um preceito igual ao do homem.
Ele a tem chamado para elevar-se e desenvolver-se tanto no campo intelectual como no físico e espiritual.Enquanto isso, a Europa ficou negando esse direito até uma época recente, sem aceitá-la a não ser compelido por pressões de circunstância econômica.
Já se viu claramente a grande estima que a mulher tem no Islam. Isso é suficiente para refutar a alegação de que ele considera a mulher um ser secundário ou marginalizado na sociedade, ou que seu papel na vida não tem nenhuma importância. Se fosse assim, não importaria ao Islam o seu ensino, uma indicação peculiar, suficiente por si só, sem necessidade de se recorrer a outras, para reconhecer a situação verdadeira da mulher no Islam, situação nobre ante Deus e as pessoas.
Porém, o Islam, depois de tudo, depois de reconhecer a completa igualdade humana, comum para todos, diferencia o homem da mulher em alguns direitos e deveres, e este é o pretexto utilizado pela maioria das mulheres das organizações, escritores “reformistas” e jovens.
Deus sabe quanto querem reformar mediante sua chamada!
O que realmente desejam é ter a mulher fácil de tomar na sociedade e na rua.
Antes de começarmos a explicar estes pontos em que o Islam diferencia o homem da mulher, o primeiro que temos de fazer é devolver o problema a sua verdadeira essência, a suas raízes fisiológicas, biológicas e psicológicas e, em seguida, exporemos a opinião do Islam.
São um mesmo sexo ou são dois sexos?
Têm a mesma função ou são duas funções?
Este é o ponto crucial. Se as congressistas e seus escritores reformistas quiserem dizer “que não há diferença entre a mulher e o homem na constituição corporal, no estado emocional e na fisiologia da vida biológica”, nada temos a lhes dizer. Mas se sabem que há uma diferença entre o homem e a mulher e suas respectivas funções, podemos, então, discutir utilmente o problema.
Em meu livro “O Homem entre Materialismo e o Islam” debati o problema de igualdade entre os dois sexos em um longo capítulo a respeito do problema sexual. Não é impróprio reproduzir alguns parágrafos dele.
“… E como conseqüência desta distinção fundamental nas funções e objetivos, a natureza diferenciou o homem da mulher, para enfrentar cada um deles as suas necessidades fundamentais, a vida tem equipado cada um com todas as facilidades possíveis, e lhe tem outorgado a adaptação adequada a respeito de sua função.”
“Por esta razão, não compreendo como se consente tal conversa vazia sobre a igualdade mecânica entre os dois sexos! A igualdade entre o homem e a mulher como seres humanos é uma questão natural e racional. O homem e a mulher são as duas partes igualmente importantes de toda a humanidade, oriundos de um e o mesmo progenitor. Porém, podemos aplicar a igualdade absoluta nas funções da vida e seus métodos, mesmo que o desejem todas as mulheres da planeta e celebrem para isso congressos e promulguem decretos? estas assembléias e seus transcendentais decretos poderiam mudar a natureza das coisas, fazendo o homem participar, como a mulher, da gestação, do parto e da amamentação? Ambas se complementam uma com a outra, simetricamente, de maneira que seria uma estranha anomalia a existência de uma forma na ausência da outra.”
E desta ternura adorável na emoção, e sensibilidade na consciência, e a forte reação dos sentimentos, fazem que a parte afetiva, não a intelectual, seja a fonte que está sempre disposta a oferecer em abundância, respondendo sempre ao primeiro toque. Todos esses caracteres são necessidades da maternidade, porque as necessidades da infância não necessitam de uma emoção salvante, sem pensar, que contesta a quem a chama imediatamente sem demora nem negligência.
“Tudo isto é a verdadeira situação da mulher quando realiza sua verdadeira função e alcança a sua meta.”
E o homem, por outro lado, está encarregado de outra função, preparado para ela de outra forma. Ele está carregado de participar da luta pela vida, quer seja uma luta para enfrentar os animais selvagens, as forças naturais do céu e da terra, ou ao sistema de governo e leis econômica. Tudo isso é para obter o sustento e proteger a sua esposa, filhos e a si mesmo da agressão.
Esta função não necessita de que a emoção seja a fonte estimulada, mas ao contrário, isso a prejudica e não a benéfica, uma vez que a emoção muda em alguns momentos de um lado para outro e não suporta manter-se na mesma direção mais de pouco tempo, dirigindo-se em seguida a uma nova meta. Isto pode servir para as situações variantes da maternidade porém não serve para fazer planos, cuja realização necessita da firmeza de uma situação determinada por um longo período de tempo. O que seria útil, então, é o intelecto, que, segundo sua essência, é o mais eficaz para a administração e previsão das premissas e conseqüências antes da execução. Também o intelecto é mais retardado do que a ação a emoção comovida explosiva, e não se pede dele a prontidão, mas a valorização das verosimilitudes e conseqüências, e preparar os melhores métodos para alcançar o fim desejado, quer seja caçar uma fera, inventar um instrumento ou estabelecer planos econômicos ou políticos do governo, fazer deflagrar uma guerra ou buscar a paz. Todas estas atividades necessitam das ações do intelecto e os estorva a troca da emoção.
Por isso, o homem está em sua correta posição quando exerce sua correta ação. Isso explica muitas diferenças entre o homem e a mulher, uma vez que aclara por exemplo o porque se estabiliza o homem em sua profissão, outorgando a esta a maior parte de seu ser e intelecto,enquanto que no campo emocional é volúvel como as crianças. Sem dúvida, a mulher se estabiliza em suas relações emocionais quanto o homem, e quando se dirige até ele, é como se toda sua existência se movesse, elaborando e traçando planos. Ela, neste terreno, atua abaixo do ponto de vista mais amplo e perfeito, assinal seus projetos para um futuro distante e trabalha continuamente para realizá-lo. Quanto ao trabalho, ela não se estabiliza, exceto quando há nele algo que satisfaz uma parte de sua natureza feminina, a saber, enfermeira, mestra, nutris. Sem dúvida, quando trabalha em um armazém comercial, satisfaz assim uma parte de sua emoção, buscando ao homem ali. Porém, todas essas atividades são meras ramificações; não podem, em si, satisfazer sua urgência inata por um marido, um lar, uma família e filhos. É natural, portanto, tão logo ela tenha a chance de exercer suas funções primárias, ela deixe seu serviço e se devote exclusivamente a seus deveres de casa, a menos que exista algum grande obstáculo, como a necessidade econômica. Porém, isso não significa separação decisiva e categórica entre os dois sexos, nem que cada um deles não sirva em absoluto para o trabalho do outro.
Então, os dois sexos são uma amalgama de uma proporção diferente, e se houver uma mulher apta a governar, julgar, levantar peso ou combater, e também se existir um homem hábil para cozinhar, administrar lugares, cuidar com ternura feminina às crianças ou fosse volúvel emocionalmente, mudando em um momento de um lado para outro, então seria natural e uma correta conseqüência da mescla dos dois sexos na constituição de cada um. Mas isso não prova tudo que os ocidentais desorientados e os discordantes orientais querem que acreditemos. O problema real deve ser exposto da seguinte forma: Podem, acaso, todas as funções extras que a mulher é exigida fazer substituir a sua função real e natural? Poderiam fazê-la prescindir de buscar o lar, os filhos e a família? Acima de tudo, prescindiria ela da necessidade por homem para satisfazer os seus instintos sexuais?
Agora que conhecemos as diferenças reais entre o homem e a mulher, voltem aos pontos que formam a base de diferenciação entre os dois sexos e suas funções no Islam.
O grande privilégio do Islam é ser um sistema realista, observando sempre o inato do homem e não se opõe nem o desvia de sua natureza. Além disso, chama às pessoas para elevar e educar seu caráter, de maneira que o Islam com isto chegue ao estado ideal e de sonhos, mas, em todo o processo de aperfeiçoar e edificar os homens, não procura alterar sua natureza, nem crê que tal mudança na natureza humana é possível ou útil para o bem-estar da humanidade, se for possível. Ele crê que os empreendimentos mais nobres da humanidade são aqueles que ela consegue por intermédio e com o auxílio de sua natureza básica, depois de seu refinamento e ascenção aos planos mais nobres da virtude voluntária de ser a mera cativa de suas necessidades materiais.
A atitude adotada pelo Islam sobre o problema do homem e da mulher é totalmente em linha com a natureza humana. Assim, ele efetua a igualdade entre eles onde há uma base natural para isso; e diferente entre eles onde tal diferenciação é natural. Vamos tomar duas notáveis situações em que o Islam diferencia entre os sexos: A distribuição da herança e o problema do cabeça da família.
Quanto à herança o Islam diz:
“Deus vos prescreve acerca da herança de vossos filhos! Daí ao varão a legítima de duas filhas… “, que é totalmente justo e justificado, uma vez que o homem sozinho é encarregado de custodiar todas as obrigações financeiras. A mulher não está sujeita a esta obrigação de sustentar alguém além dela própria e de seu atavio(exceto quando for a única sustentadora de sua família, e estas situações são raras sob a soberania do sistema Islâmico, já que qualquer parente homem, seja qual for o seu grau de perantesco, é obrigado a sustentá-la). Então, onde está a injustiça que argumentam, sem razão, os que desejam a igualdade absoluta?
O problema é coisa de cálculo, não de emoções nem pretensões. A mulher toma, como totalidade, um terço da propriedade herdada para gastá-la em si mesma, e o homem toma dois terços, primeiro para sustentar a sua esposa, segundo para sua família e filhos.
Qual dos dois logra mais que o outro, segundo os cálculos numéricos?
E se existirem situações estranhas, na que os homens gastaram todos os seus bens com eles mesmos e não se casaram nem constituíram uma família, então, estes seriam raros exemplos. Sem dúvida, o normal é que o homem gaste seu patrimônio para constituir uma família, naturalmente existindo nela uma mulher, que é a esposa, a quem ele sustenta, não voluntariamente, mas obrigatoriamente, e sejam quais forem as propriedades da mulher, o homem não tem direito de tomar nada dela, exceto em caso de um completo acordo entre os dois. Ele deve sustentá-la como não se tivesse nada, e ela pode denunciá-lo em caso de se negar a fazê-lo ou se mesquinha a respeito do que tem, julgando a lei a favor dela, ou com o sustento ou com o divórcio. Depois de tudo isto, ficará, acaso, alguma dúvida sobre a verdadeira quantidade do que pertence à mulher do total da herança? Será um verdadeiro privilégio no cálculo econômico o feito de dar ao varão a legítima de duas filhas, estando ele obrigado ao que a mulher não está?
O Islam mantém uma proporção similar na distribuição de um legado. A lei que citaremos em seguida é uma das mais justas já conhecidas pela humanidade:
“A cada pessoa se concede segundo a sua necessidade”;
Quanto aos bens ganhos, não há nenhuma diferença entre o homem e a mulher, nem em seus salários por um trabalho, nem nos lucros ganhos no comércio, ou no arrendamento de terra, etc., porque a isto segue outra regra que é a justa igualdade entre o trabalho e sua retribuição.
isto esclarece, de uma vez por todas, que a doutrina Islâmica não visa favorecer nem a um sexo nem ao outro, porém faz questão de distribuir o patrimônio de acordo com a situação e a responsabilidade de cada um.
Da mesma forma, considerar que o testemunho em outros casos, de duas mulheres é equivalente ao de um homem, não indica que o valor da mulher seja a metade do homem. Sem dúvida, é uma norma que pretende assegurar todas as garantias no testemunho, seja a favor do acusado ou contra ele, porque como a mulher, por sua natureza emocional e impulsiva, poderia impressionar-se pela ambigüidade do caso, divagando da realidade, então se estima que esteja outra mulher com ela.
“Chamai duas testemunhas masculinas dentre os vossos ou, em falta destas, um homem e duas mulheres de vossa preferência, a fim de que, se uma delas esquecer, a outra a recorde.”
Talvez o acusado seja uma mulher atrativa e testemunha em prol ou contra ela; a acusada pode provocar também no testamento um sentimento de zelo, porém o acusado pode ser um jovem que pudesse despertar os instintos ou a propensão maternal nela…, e outras predisposições que impelem à divagação, seja consciente ou inconsciente. Sem dúvida, é muito raro, quando se apresentam duas mulheres para um mesmo caso, que concordem em fazer a mesma falsificação, sem que descubra uma das o oculto da outra; então, aparece a verdade.
Na verdade, em outros casos, o testemunho de uma só mulher é considerado como suficiente quando a mulher que participa do julgamento for esperte ou especialista nos assuntos da mulher.
Quanto ao assunto do cabeça da família, a necessidade requer que haja um gerente encarregado da administração geral da companhia estabelecida entre o homem e a mulher, do que resulta dela e das conseqüentes responsabilidade.
Como qualquer outra companhia, a família também necessita de um cabeça responsável na ausência do qual um estado de anarquia iria prevalecer, o que finalmente conduziria a uma privação geral de todos. Há três possibilidades quanto ao cabeça da família:
1)O homem ser o cabeça da família;
2)A mulher ser o cabeça da família;
3)Ambos serem o cabeça da família simultaneamente.
Primeiramente descartaremos a terceira possibilidade, porque a experiência tem demonstrado que a existência de dois chefes para um mesmo negócio gera mais confusão do que se não tivesse nenhum. O Alcorão, referindo-se à criação dos céus e da terra diz:
“Se houvesse em ambos(céu e terra) outras divindades além de Deus,(os céus e a terra) já se teriam desordenado.”
E diz:
“Deus não teve filho algum nem jamais nenhum outro Deus compartilhou com Ele a divindade! porque se assim fosse, cada Deus teria se apropriado uns sobre outros. Glorificado seja Deus de quanto descrevem.”
Se tal é o caso com esses deuses imaginários, então como seria entre os humanos que são tão agressivos e injustos?
A ciência psicológica admite que as crianças educadas à sombra de pais em conflito para conseguir ser o cabeça do casal!, são de afetividades alteradas, desequilibradas e criam em suas personalidades complexos e desordens.
Ficam as duas primeiras possibilidades. Antes de consideramos seus temas, gostaríamos de fazer a seguinte pergunta: Qual dos dois está mais capacitado de exercer a função de cabeça da família com todas as suas responsabilidades, o intelecto ou a emoção? Se a resposta intuitiva for o intelecto por ser ele quem dirige os assuntos com ausência da emoção aguda, que muitas vezes se inclina com o pensamento e o desvia do caminho reto e direto, o problema já está resolvido sem necessidade de maiores discussões. O homem com seu caráter intelectual, não emocional, e com o que o tem equipado a vida com a capacidade de lutar e suportar as conseqüências, é evidente, que ele é melhor qualificado que a mulher para ser o cabeça da família. Mesmo a própria mulher não respeita o homem fraco que pode facilmente ser conquistado por ela. Ela o despreza; nem consegue confiar nele. Este comportamento da mulher pode ser o vestígio remanescente da atitude da mente que ela assimilou através dos séculos e por intermédio dos treinamentos que ela recebeu no passado. O fato é, contudo, inegável de que ela continua atraída por um físico bem proporcionado de homem, como é o caso das mulheres americanas. Apesar de ter conseguido uma igualdade com o homem e ter sido reconhecida como um ser totalmente independente, ela aprecia submeter-se ao homem, fazer-lhe carinho e conquistá-lo. Ela é movida pelo seu bem proporcionado corpo, peito largo e, quando se assegura de sua força em comparação à sua debilidade, ela se entrega a ele!
A mulher pode desejar ser o cabeça da família somente quando ainda não tem filhos, uma vez que não se preocupa em educá-los e treiná-los. Depois de ter filhos ela não pode se oferecer a arcar com responsabilidades extras, pois sua função como mãe é mais que um fardo pesado para ela.
Isso, porém, não significa que o homem deva ser um ditador para sua mulher ou em sua casa, uma vez que a liderança significa obrigações e deveres que podem ser desempenhadas somente através de consulta mútua e cooperação. O sucesso no empreendimento significa reciprocidade de compreensão e simpatia perpétua. O Islam insiste que o amor e a compreensão mútua e a simpatia constante em lugar de conflito e competição devem formar a base da vida familiar. O Alcorão diz:
“Harmonizai-vos com elas.”
O Profeta(SAAS)disse:
“O melhor dentre vós é o que melhor trata a sua esposa.”
A medida estipulada pelo Profeta para se julgar um homem é seu comportamento para com a esposa. É um critério perfeito, uma vez que nenhum homem maltrata sua esposa a menos que seja espiritualmente doente e absolutamente sem virtude.
Porém, as relações”oficiais”dentro da família são temas de muitas dúvidas estão relacionadas com as obrigações da mulher para com o homem e outras a respeito do termo do divórcio e da poligamia.
Eu creio que o matrimônio é algo muito pessoal e que é como qualquer trato entre duas pessoas, dependendo, antes de tudo, das faculdades pessoais e das peculiaridades psicológicas, intelectuais e corporais de cada uma das pessoas interessadas, de maneira que seria difícil que o regesse uma lei geral. Então, se encontramos um matrimônio dominado pela concórdia e a conformidade, não é necessariamente porque cada um dos cônjuges tenha observado meticulosamente as regras conjugais de um com respeito ao outro. Muitas vezes ouvimos que entre alguns casais não se fortalece a concórdia e o amor até depois de um severo conflito. Similarmente, se um estado de discórdia e conflito é testemunhado na vida matrimonial de um casal, pode não ser devido a alguns erros cometidos pelo marido ou por causa da desobediência da esposa. Pode ser que ambos sejam seres excepcionalmente nobres como seres humanos, mas o seu temperamento pode diferir e assim devem lamentar a impossibilidade de chegarem a bons termos entre eles mas continuam incapazes de efetuar um compromisso entre eles.
Apesar disto, é indispensável que exista uma lei comum que rege o assunto do matrimônio. Nenhum regime pode manifestar que abrange plenamente a vida dos seres humanos sem adotar, para este assunto tão sensível, uma legislação que estabeleça pelo menos as linhas gerais que não se deve ultrapassar, e logo deixe o discernimento pessoal a julgar entre ditos termos.
Naturalmente, não recorremos à lei se nos amamos e nos entendemos.
O matrimônio próspero não recorre aos textos da lei, tampouco se julga por ela, nem diz cada um dos esposos a si mesmo: que a lei me julga tal, então vou fazê-lo, senão estarei discordando de seus mandamentos; a prosperidade surge geralmente da concórdia entre os temperamentos e entre as duas partes complementares, engrenando uma com a outra, surgindo o amor que atrai aos corações de uma maneira que talvez não seja justa quanto a um dos dois cônjuges ou a ambos; ou pode ser contrária a respeito da correta posição, porém, apesar disto, este matrimônio é firme e cumpre sua missão da melhor maneira.
Porém, quando nos desentendemos, então recorremos à lei e nos guiamos por seus textos que podem decidir neste desentendimento.
O que se exige da lei é que seja justa, que não seja partidária de um dos litigantes, prejudicando o outro; e que faça todo o possível para cobrir o mais amplamente a todos os casos, ainda que sempre se repete que nenhuma lei pode abranger todos os casos ou que sua aplicação, seja literal ou não, pode ser justa, eqüitativa e efetiva em todas as situações.
Vejamos a lei Islâmica do ponto de vista das obrigações conjugais,(1) porque são os pontos de dúvidas que causam mal entendidos.
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(1) Que concernem à mulher.
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Três pontos podem ser considerados:
1) Constituem, acaso, essas obrigações uma injustiça para com a mulher?
2) São elas unilaterais sem correspondência?
3) São obrigações perpétuas que a mulher não pode libertar-se delas quando deseja?
A mulher deve cumprir três obrigações principais:
a) Que obedeça a seu marido sempre e quando a chame para o ato matrimonial.
b) Que não deixa entrar em sua casa ninguém que ele não deseja.
c) Que seja leal a ele durante a sua ausência.
Quanto à primeira obrigação, uma pequena explicação é necessária para apreciá-la propriamente. A sapiência dela é óbvia. A constituição física do homem o impele às relações sexuais mais freqüentemente para aliviar a sua opressão e ser capaz de cumprir com seus deveres na vida prática mais tranqüila e eficientemente. Em sua juventude, em particular, ele está mais dominado pelo instinto sexual e sente uma necessidade de satisfazer-se mais profundamente que a mulher, apesar de, sexualmente, ela ser mais profunda que ele e é física e psicologicamente mais intensamente inclinada a ele. Sua inclinação, porém, não se expressa no sentido físico apenas. O casamento é um meio de satisfazer sua ânsia natural por homem bem como satisfazer as necessidades de sua vida espiritual, psicológica, social e econômica. A questão agora é: O que deveria um marido fazer se ao aproximar-se da esposa é friamente rejeitado por ela? Deveria ele procurar estabelecer relações ilícitas com outras mulheres? Nenhuma sociedade pode aprovar tal procedimento, nem a própria esposa concorda que seu marido fosse física ou psicologicamente atraído por outra mulher, não importa o que as condições de vida sejam para ela.
Quanto à questão da recusa da esposa de ir para cama com seu marido quando ele a convida, acontece em três casos:
1) Ela odeia o marido e não se sente inclinada a ter relações sexuais com ele.
2) Ela ama o seu marido mas odeia o ato sexual e por isso o recusa, um estado anormal, mas que existe na vida real.
3) Ela é uma esposa amorosa, não odeia o ato sexual, mas naquele momento em particular acontece não estar inclinada a ele.
O primeiro desses casos prognostica uma condição permanente e não deve ser condicionado a um ato particular ou um período de tempo. Em tal situação o laço matrimonial não sobrevive por longo tempo. A melhor coisa e fazer em tal caso seria deixar o homem e a esposa separados um do outro. A mulher possui este direito de distintas maneiras, como veremos depois.
No segundo caso também a condição da esposa é permanente. Não se origina do desejo sexual somente do marido. Deve ser tratado satisfatoriamente e uma completa harmonia entre o marido e a esposa deve ser restaurada; ou o marido aceita a abstinência de satisfazer as suas necessidades, sejam a quais forem as dificuldades, ou a esposa aceita suportar a dificuldade, porque deseja o seu marido e não quer separar-se dele, ou que se separem da maneira mais gentil, quando não é mais possível a harmonia. Quanto à lei Islâmica, obriga a mulher à obediência se o marido insistir, e isso não é despotismo nem injustiça, porque o natural no matrimônio é que abranja a relação sexual, e a negação da esposa, como dissemos, faz com que o marido procure a ação imoral ou casar-se com outra mulher, coisa que a esposa não deseja. Porém, a lei Islâmica não o obriga aceitar esta situação quando ela vê que não pode suportá-lo e que o amor por seu marido tenha desaparecido, convertendo-se em repugnância, podendo separar-se por isto.
A terceira situação é instável e seu tratamento é fácil. Esta repugnância temporal da relação sexual pode surgir de uma depressão, aborrecimento ou preocupação, porém um pouco de preparação psicofísica acaba com o motivo. Por isso, o Profeta esteve interessado em instruir os homens a utilizarem de brincadeiras e carícias antes do ato sexual. primeiro para elevar esta relação de pura ação física e fazer dela uma harmônica união física e espiritual, fazendo desaparecer a causa básica da aversão.
Por outro lado, se é a esposa que deseja o ato sexual e o marido, por alguma razão, está desinteressado, um fenômeno raro, pelo menos na época da juventude, a mulher tem recursos suficientes e métodos para induzir seu marido a ter novamente relações sexuais com ela. A mesma lei que obriga a esposa de atender os desejos do marido, também prescreve que ele satisfaça os desejos dela. Ela prescreve que o marido deve também preencher seus deveres conjugais quando sua esposa o desejar. Se o marido é incapaz de satisfazê-la, o casamento pode ser dissolvido.
Assim, vemos que os deveres, segundo a lei islâmica, são de ambos e não há nem compulsão nem desconsideração da esposa implicados nelas.
A segunda obrigação da esposa em relação ao marido é que não permita a ninguém que ele desgoste entrar em seu lar(isto, de nenhum modo se refere ao adultério, uma vez que é um ato totalmente ilícito, aceite o marido ou não). A sabedoria desse mandamento é manifesta, pois muitas vezes surge a discórdia na casa por causa da intervenção de uma terceira pessoa que espalha falsas e maliciosas notícias. Se o marido nota isso e pede à esposa que impeça a entrada em sua casa de uma pessoa em particular, e ela se opõe a isso, a esposa continuaria sendo a origem da desavença e seria impossível a concórdia.
Então, esta obrigação é em prol da estabilidade comum entre os dois e das crianças que necessitam de uma atmosfera de carinho que não os corrompa com desavenças e discórdias, para que não cresçam desequilibradas em sua personalidade e intelectualidade.
Talvez alguém pergunte: Por que a lei não obriga o marido também de não permitir entrar em sua casa a quem sua esposa não deseja?
É natural que, havendo amor e carinho e havendo educação e elevação dos dois, é possível ter acordo em todos os assuntos, não chegando ao grau de irritação. Porém, suponhamos que a discórdia existe e a concórdia é impossível, e terão de recorrer à corte para arbitrar suas diferenças. se a mulher desfrutasse do direito de proibir qualquer um de entrar na casa de seu marido, tornaria a questão pior, pois devemos, neste ponto, anotar que as impressões da mulher são, na maioria dos casos, ilógicas, uma vez que são puramente a reflexão de sua própria peculiar personalidade mais do que a conseqüência de qualquer prudência. Podem ter nascido de suas constrangidas relações com os parentes do marido, com a mãe ou com a irmã dele, etc. Portanto, tornar obrigação do marido obedecer sua esposa em tais circunstâncias não seria um passo prudente; seria um ato de ternura sentimental que em breve sofreria uma mudança ou estaria completamente infundado na realidade.
Não queremos dizer com isso, que o esposo esteja sempre com a razão no que faz. É possível que seu comportamento, sob certas circunst6ancias, seja pueril e evasivo. tampouco queremos dizer que a esposa está sempre errada. Ela pode ter total justificativa em odiar seu marido cuja natureza, é possível que seja a causa real de suas relações constrangestes, mas, uma vez que a lei é moldada para a vida normal do ser humano, onde o homem age mais racionalmente que uma mulher normal, ela dá um grau de importância ao homem sobre a mulher. A esposa é, porém, livre de obter uma separação do marido se estiver convencida que não pode mais suportá-lo.
A terceira obrigação da mulher: Guardar os bens e a honra de seu marido em sua ausência, é uma obrigação natural e lógica, e não creio que haja ninguém que discuta isto, já que é uma obrigação recíproca que compreende tanto o homem como a mulher.
Vamos agora tratar de uma situação de rebeldia por parte da esposa ou por parte do marido:
Por ser o homem o cabeça da família, ele tem o direito de educar a esposa em caso de desobediência, como o seguinte versículo esclarece:
“Quanto àquelas, de quem suspeitais deslealdade, admoestai-as (na primeira vez), vedai-lhes nossos leitos (na segunda vez) e castigai-as (na terceira vez); porém, se vos obedecerem, não as provoqueis.”
Nota-se que o versículo gradualmente esclarece, descrevendo os meios de se corrigir a esposa, finalizando com o castigo. Admitimos que esse privilégio pode ser abusado por algumas pessoas, uma vez que qualquer direito no mundo pode ser abusado e seria impossível impedir o abuso, a não ser com boa educação moral e a elevação espiritual, coisas que o Islam não descuida nem se cansa de insistir nelas. Porém, estamos tratando aqui da legalidade deste direito e sua necessidade quanto à conservação da constituição familiar, protegendo-a do desmembramento e da decomposição.
Toda lei ou sistema no mundo necessita de poder para educar os rebeldes, senão seria tinta sobre papel e desapareceria o objetivo benéfico de sua existência.
O matrimônio é um regime estabelecido em prol da sociedade, do esposo e da esposa igualmente, e no qual se supõe realizar, o máximo possível, os benefícios para todos, pois quando a harmonia e a concórdia são predominantes nele, seriam reais todos os interesses sem a intervenção da lei. Porém, quando se produz a discordância, surgem os danos que não afetam somente a cada um dos cônjuges, mas também aos filhos que são núcleo da futura sociedade, aos quais se devem proteger por todos os meios da educação e do desenvolvimento.
Se a esposa é a causadora desse dano, então, quem se encarrega de devolver-lhe a razão? O tribunal?. A intervenção do tribunal, na mais íntima das relações entre os esposos, agrava mais o desentendimento, porque, o que poderia ser trivial e temporal, levaria a destroçar esse enlace, porque tocaria no orgulho em público de um e de outro, e começariam a se defender a todo custo, e cada um dogmatizaria sua opinião. O tribunal somente deve se intrometer nos grandes problemas onde falham todos os intentos de reconciliação.
Por outro lado, nenhum homem sensato pensaria em levar para o tribunal todos os seus acidentes insignificantes cotidianos que acontecem a cada minuto e acabam por si só em cada minuto, uma vez que seria uma loucura. Seria necessário estabelecer um trinual em cada casa, funcionando dia e noite!
Então, será indispensável encontrar uma autoridade local que se encarregue desta educação, que seria a autoridade do homem, responsável real e final pelos assuntos e interesses da casa. No versículo acima está-lhe prescrito que admoeste sua esposa sem injuriá-la nem ferir o seu orgulho próprio. Se este meio for bem sucedido, será bom; mas se não for, haverá um grau mais severo que o anterior, que é vedar-lhe o leito, uma atitude psicológica profunda do Islam em relação à mulher, que se orgulha de sua beleza e encanto, manifestando-se, em alguns casos extremos da rebeldia. Como tal, sua vedação ao leito significa que seu marido está insensível à sua beleza e ao seu encanto. Isso pode reduzir o seu exagerado orgulho e trazê-la de volta à razão. Porém, se todos esses meios não forem eficazes, então estamos diante de um caso de imprudência severa que só pode ser sanada com um método também severo, que é o castigo, sem intenção de machucá-la, mas para discipliná-la.
Por isso, a lei islâmica diz textualmente:
“Castigai sem severidade”.
Será que esse castigo degrada a mulher e fere seu orgulho?
Não, não faz. Para começar devemos lembrar que é apenas uma medida de precaução, guardada para quando todos os outros meios conciliatórios falharem. em segundo lugar, devemos também ter em mente que em certos casos de perversão psicológica o castigo é o único remédio efetivo. A ciência psicológica nos diz que em casos normais as medidas de conciliação acima mencionadas, ou seja a admoestação e a vedação dos leitos não totalmente efetivas, mas em casos agudos, masoquismo, por exemplo, elas falham. O único remédio em tais casos é o castigo físico das pessoas envolvidas. As mulheres mais do que os homens são geralmente vítimas deste distúrbio psicológico. Elas sentem prazer da humilhação e do sofrimento. (Os homens são, por outro lado, comoventemente afligidos por “sadismo” marcado por um amor mórbido por crueldade). Se a esposa pertencer a essa classe de mulher, certamente sua correção pode ser feita através de castigo somente, tendo assim recebido sua punição desejada e voltando a si novamente. Estranho porém pode parecer é o fato de que há casos de um homem sádico casar com uma mulher masoquista e viverem em perfeita harmonia, mesmo que a base de sua união seja anormal. Outra coincidência, mesmo que seja rara, é o marido ser masoquista e a esposa sádica, sendo ela a administrar o castigo de forma que seu temperamento se corrija e se retificam as situações.
Nos casos normais, que não chegam ao limite da enfermidade, o castigo não é necessário, é unicamente uma arma de precaução e não se pode nem se deve utilizar. O versículo anterior indica isto e o Profeta proíbe os homens de utilizarem este direito, exceto na remota necessidade quando não serve nenhum outro meio. Ele diz:
“Que nenhum de vós flagele sua mulher como faz com os camelos e ao final do dia coabita com ela.”
Agora, se a indisplicência for por parte do esposo a lei é destina:
“Se uma mulher notar indiferença ou menosprezo por parte de seu marido, será melhor para ambos que se reconciliem amigavelmente, porque a concórdia é o melhor.”
Talvez alguns homens estejam inclinados a pedir uma igualdade completa entre o homem e a mulher. Porém, o caso aqui não é de justiça imaginária e teórica, mas de forma prática e de acordo com a natureza humana. Que mulher sensata, em todo o planeta, bate em seu marido e continua respeitando-o, e aceita, depois disso, viver com ele?
Em que país do ocidente”civilizado”ou do oriente”atrasado”as mulheres podem bater em seus maridos?
O mais importante é que a lei Islâmica não obriga a mulher aceitar a displicência do marido e suportá-lo, uma vez que, neste caso, é-lhe outorgado o direito de separação.
Em todos os casos anteriores vimos que:
1) Os compromissos da mulher a respeito do homem não são arbitrários, mas se vê neles o interesse comum que compreende a esposa também, de uma maneira direta ou indireta.
2) A maior parte destes compromissos tem seus equivalentes para o marido; quanto às poucas situações nas que o homem sozinho, e não a mulher aparece com maior preponderância, levou-se em consideração nisso o inato e não se intenta insultar à mulher nem humilhá-la.
3) Em troca dessa submissão outorgou-se à mulher o direito de recusar, se não aceita ou se sente injuriada na admissão de tudo isso.
Quanto à separação que assinalamos muitas vezes anteriormente, e que é o caminho prático da mulher para rechaçar o que não tolera dos compromissos, este tem três cominhos distintos:
1) A mulher pode dispor do direito de pedir o divórcio, quando o deseja, sempre que conste este desejo no enlace matrimonial, uma vez que é uma lei Islâmica, mesmo que poucas mulheres a exerçam.
2)Pede o divórcio porque não tolera a seu marido e odeia sua convivência. Ouvi dizer de alguns tribunais não colocam em vigor este princípio, mas é um princípio claro aprovado pelo Profeta, que o colocou em vigor. Então, é uma parte da legislação Islâmica, e a única condição é que a mulher renuncie a tudo que tenha obtido do marido, que é uma condição justa, porque quando o marido se divorcia de sua esposa perde tudo que lhe deu. Melhor dizendo, quem provoca o divórcio, seja o homem ou a mulher, tem de tolerar uma perda material em troca desta ruina matrimonial provocada por ele.
3) O terceiro caminho é pedir o divórcio, retendo seus bens e cobrando manutenção, isto por causa do maltrato ou do prejuízo, se puder confirmá-los, pois os tribunais insistem nisto, porque sabem que em muitos casos que se apresentam ante eles são devidos à malícia, porém concedem o divórcio quando se confirma o caso.
Estas são as armas da mulher, em troca do poder que o homem tem, e que, no fim, são iguais.
Isto nos atrai a falarmos sobre o divórcio…
Ouvimos muito sobre as tragédias geradas pelo divórcio, como a esposa e os filhos sofrem e como as disputas nos tribunais que não demoram em acabar e começam de novo. Muitas vezes uma mulher que se encontra em sua casa calma e tranqüila, ou fatigada e cansada, dando de mamar a um filho e esperando outro, preparando, apesar disso, o conforto do marido, de repente, e sem prévio aviso, surpreende-se pela intimação de divórcio levada por um oficial… Por que? Por um capricho imprevisto do marido? Viu outra mulher e a achou mais bonita? Ou se aborreceu da rotina conjugal e então deseja a troca? Ou pediu a esposa que lhe desse de beber e ela se negou ou se atrasou por estar cansada?
Não haveria uma maneira de anular esta perigosa arma com a qual o homem joga em má hora a entidade de uma mulher paciente e um lar tranqüilo, e um futuro feliz que seus pequenos filhos estão esperando?
Não há dúvida a respeito da existência de muitas dessas tragédias. Porem, qual é a solução? Anularmos o divórcio? E que fazemos com as outras tragédias que surgirão da proibição do mesmo, bem conhecidos pelos países católicos que não aceitam princípio de divórcio? Seria a casa um lar se um dos dois ou ambos se repugnam e não toleram a convivência, sendo uma cadeia perpétua e a libertação impossível? E não seria isso um cometimento de alto imoral? O marido toma uma amante, satisfaz com ela os desejos sexuais, e a esposa repudiada segue o mesmo caminho?
Seria útil para as crianças que se desenvolvam em tal ambiente obscuro e nebuloso? O importante não é somente que vivam protegidos por seus pais, o importante é o ambiente social em que vivem. Quantos transtornos são causados pela convivência de pais rivais que não param de brigar!
É sugerido também que o direito do homem ao divórcio deve ser restrito. Que quer isso dizer? Quer dizer que o divórcio não entre em vigor quando o homem profere a palavra do divórcio, mas quando o tribunal o declara. Este manda buscar um árbitro da parte dos pais dele e outro dos pais dela e que estudem o tema, consultando ao marido, exortando-o, e tratem de fazer a reconciliação: talvez tudo isto faça com que o marido reconheça seu erro e retenha a família e o enlace conjugal, e se os esforços forem em vão, somente então o juiz decreta o divórcio, e não o marido.
Não vejo nisso qualquer objeção legal quanto à adoção de uma medida conciliatória para restaurar a paz e a harmonia entre o casal. Mas não penso realmente que haja necessidade de tribunal de intervir, uma vez que o remédio prescrito pela lei Islâmica é por si mais que suficiente para o propósito. A paz e a harmonia entre o casal depende mais deles próprios e de seu desejo de remediar de que outra coisa. Se há boa vontade, ambos desejam a concórdia, os amigos e os parentes podem ser inúteis como qualquer tribunal; se não há boa vontade então nem a mais alta corte do mundo pode ser bem sucedidas na restauração da paz entre eles. Há as nações”civilizadas” entre os quais somente o tribunal pode decretar um divórcio depois de admoestar as partes e exortá-los para arrumarem as relações, mas uma grande quantidade de divórcios continua acontecendo lá. Na América a taxa de divórcio é de 40%; a maior do mundo.
Quanto a sugestão de que o divórcio poderia ser efetuando somente se o tribunal estiver convencido de que a falta recai sobre a esposa e se o marido provar que viver com ela é aborrecido, ficamos imaginando que honra que essas pessoas querem trazer para a mulher, fazendo-a viver na casa dele enganando-o? Certamente, a lei não pode sancionar tal conduta, nem é fraude o único curso de ação para ela de que deveria ter de viver naquela casa como uma desprezada e infeliz desventurada.
Deveria ela então ficar na casa do pai de seus filhos para criar e educar seus filhos? Mas, seria indesejável e de qualquer forma infeliz na própria educação de seus filhos se eles vivem em tal atmosfera, saturada com injustiça abominável.
O fato é que a solução de todos esses problemas reside na educação e criação moral, cultural, psicológica, espiritual da sociedade como um todo, através de um longo processo de purificação intelectual, para fazer a virtude e a bondade prevalecerem no fim, fornecendo uma sólida base da vida social. O marido, então, descobrirá que as relações matrimoniais são muito sagrados e não poderiam ser dilacerados de uma maneira impetuosa.
Tal processo de elevação moral e espiritual é, contudo, muito longo e muito vagaroso. Requer que a vida social da comunidade seja regida pela lei Islâmica, com o auxílio de um incessante esforço e a cooperação de todas as instituições sociais, lar, escola, cinema, imprensa, literatura, religião e o público em geral para alcançar esse fim. É um processo longo e árduo, porém este é o único caminho que assegura resultados satisfatórios.
Em comparação com isso, devemos lembrar que a lei diz respeito, primeiramente, à administração da justiça. Seus objetivos, ao dar a ambos, marido e esposa, sua devida parcela, é garantir-lhes o direito de uma separação segura em caso de acharem que não podem mais viver juntos. Neste caso, devemos também lembrar que “de todas as coisas lícitas para o homem, o divórcio é o mais odioso para Deus.”
Quanto à instituição da poligamia não devemos esquecer o fato de que é uma lei de emergência. Não representa qualquer princípio fundamental da lei islâmica:
“Podeis desposar duas, três ou quatro das que vos aprouver entre as mulheres. Mas, se temerdes não poder ser eqüitativos para com elas, casai, então, com uma só.” (4ª,3)
O exigido, então, é a justiça e a retidão, que são difíceis de cumprir e, portanto, a base principal do matrimônio no Islam é a monogamia. Porém, haverá certas situações em que a monogamia é uma opressão que carece de justiça. Então, recorre-se à legislação excepcional, sabendo-se que a jutiça absoluta nela é impossível, porém para evitar um dano maior com outro menor.
Durante as guerras, especialmente quando um grande número de homens são aniquilados, o equilíbrio entre os sexos é seriamente sacudido. Em tais circunstâncias, a poligamia torna-se uma necessidade social, uma vez que salva a sociedade da anarquia sexual que geralmente segue o aniquilamento de um grande número das mulheres na sociedade. Talvez a mulher possa trabalhar para manter a sua família, mas como satisfizera sua necessidade sexual? Isso pode facilmente torná-las presas fáceis dos homens, uma vez que não são nem santas, nem anjos. Além disso, como satisfazer a sua necessidade pelos filhos? Pois a descendência é um desejo humano e ninguém se salva dele. Na mulher, porém, é muito mais profundo que no homem. É a sua principal existência, sem a qual não sente nenhum sabor na vida.
Haverá outro caminho para satisfazer todas as necessidades da mulher, preservando, contudo, a sua moralidade? A França sofreu esse destino. Ela foi sacudida de sua elevada posição que ela desfrutava na história. Tal desintegração social pode ser evitada somente se ao homem é explicitamente permitido por lei ter mais que uma mulher ao mesmo tempo, com a condição que ele as trate com justiça em todas as coisas (com exceção das ligações emocionais que estão além do controle do homem).
Em outras emergências, além das encontradas durante as guerras, a mesma necessidade por poligamia é indicada. Pode haver algumas pessoas que são exageradas sexualmente. Tais pessoas não se contentam com uma só esposa, nem conseguem refrear sua transbordante energia sexual. A lei deve permitir-lhes que tenham uma segunda esposa, para que não se envolvam com relações sexuais ilícitas com amantes, uma situação intolerável para qualquer organização social sadia.
Há, além dessa, certas outras circunstâncias sob as quais a poligamia oferece a única solução a muitos problemas, ou seja, a esterilidade da mulher, ou a doença crônica que torna a união sexual impossível. No primeiro caso, quando a esposa é estéril, não podemos culpá-la por isso, mas por que o seu marido deve ser privado de prole, que é um profundo desejo humano? O segundo casamento é o único remédio sensato em tal situação. A primeira esposa pode permanecer com eles ou pedir a separação. Quanto à doença crônica da esposa, não se pode dizer que o apetite em si é um instinto vil, portanto, sua satisfação não pode ser à custa da destruição da felicidade e o bem-estar de uma mulher inocente. O problema aqui não é se o apetite sexual é vileza ou elevação; é uma necessidade que ninguém tem poder sobre ela. Se o homem voluntariamente renunciar a seu prazer sexual e está ciente do prazer da esposa, é bem vindo como um ato de nobreza e de generosidade de sua parte. Mas Deus não impõe a ninguém uma carga superior às suas forças, e o reconhecimento da realidade é melhor que a nobreza hipócrita, com a infidelidade às ocultas, como ocorre nos estados que não permite a poligamia.
Devemos, também, ter em mente as situações em que o marido é incapaz de dar amor a sua esposa e não pode se divorciar dela. Nesta e em todas as situações similares a poligamia fornece a única resposta e solução.
Vamos agora levantar outras dúvidas prevalecentes sobre o problema da mulher. Começamos com o direito da mulher de trabalhar e se mover em público, o que está devidamente sancionado pelo Islam. Nos primeiros períodos do Islam a mulher trabalhava fora quando havia uma necessidade genuína para isso. Similarmente, o Islam não proíbe as mulheres de saírem e trabalharem em instituições sociais quando seus serviços são necessários, ou seja, na educação feminina, em enfermagem, em tratamento médico de mulheres, etc. Seus serviços para tais propósitos podem ser recrutados como os do homem são recrutados nas guerras, etc. Se a mulher não tem alguém que a sustente ela pode sair para trabalhar fora.
A necessidade de trabalhar da mulher pela ausência de um mantenedor, ou a insuficiência de quem a mantém, é uma necessidade que confirma o direito da mulher de trabalhar, porque é mais preservador para ela que o sibaritismo pela vida.
Mas, deve ser lembrado que o Islam permite que a mulher saia de sua casa apenas quando há realmente uma necessidade genuína para fazê-lo. De outra forma, ele não aprova, em princípio, as atividades exteriores da mulher, como as nações ocidentais e comunistas fazem. Isto é uma tolice que o Islam não aprova, uma vez que a mulher não pode participar em atividades sociais a custa de sua função geral e primária dentro de sua casa, causando muitos problemas psicológicos, sociais e morais.
Ninguém pode negar que a mulher, com sua formação física, intelectual e intuitiva, não seja melhor equipada para sua função real de maternidade. Portanto, se sua atenção é desviada para outras atividades não importantes, a humanidade tende a sofrer. Em tal caso, ela se torna apenas um brinquedo nas mãos dos homens e uma escrava para suas insensatas exigências, abrindo espaço para a desenfreada luxúria e licenciosidade. O Islam não pode aprovar esta situação que, se o fizesse, seria desprovido de sua principal marca distintiva de defender que a humanidade é uma entidade coerente, que não sofre mudança com a mudança das circunstâncias.
Dize-se que a mulher pode ser mãe e ao mesmo tempo trabalhadora, graças à babás que resolvem o problema. É uma afirmação sem base, uma vez que a babá pode dar à criança, da mais eficiente maneira, todo auxílio físico, intelectual ou psicológico possível, mas não pode lhe dar uma coisa: o amor, o cuidado da mãe e a própria mãe, sem a qual dificilmente a vida florescerá ou as boas maneiras se enraízam.
Por mais que eles tentam, os portadores da bandeira da civilação ou os tolos adeptos do comunismo, não conseguem nunca efetuar qualquer mudança na natureza humana. A criança necessita da atenção da mãe durante aos menos os primeiros dois anos de vida, uma atenção completa, não dividida e amor cuja sociedade não é tolerada mesmo se o sócio for o próprio irmão da criança. Como pode uma babá dar este cuidado materno e o amor à criança? Ela tem, na maioria dos casos, dez ou vinte crianças para tomar conta. As crianças ficam lutando entre si pelos brinquedos e pela atenção da mãe artificial que eles dividem em comum. A luta assim se torna uma feição permanente de suas vidas, deixando seus corações frios e duros, sem amor, sem uma afeição fraternal.
Uma babá pode ser, se há qualquer necessidade genuína por ela, usada para tomar conta das crianças. Mas, sem qualquer necessidade de se recorrer a ela, seria uma insensatez.
Os loucos ocidentais podem, contudo, desculpar-se, baseados nas suas condições históricas, geográficas e político-econômicas da vida, mas e nós que vivemos no oriente Islâmico? Temos também qualquer desculpa? Não há, acaso, mais trabalhadores masculinos disponíveis para trabalharem fora sem que requisitemos os préstimos das trabalhadoras femininas, ou os Muçulmanos, pais, irmãos, maridos ou parentes se abstiveram de manter suas irmãs, filhas, esposas ou parentes pobres, deixando-as a sua sorte, para saírem à procura de sobrevivência para si?
Foi também dito que, trabalhando fora, a mulher pode alcançar sua independência econômica que pode engrandecer a sua honra e aumentar o seu prestígio na sociedade. Mas gostaríamos de saber se o Islam tem negado uma independente posição econômica à mulher? O fato é que o problema que o mundo Islâmico está enfrentando hoje não é o de um sistema, mas da pobreza devido à qual ambos, homens e mulheres, foram privados de todas as facilidades de uma vida decente. A solução reside em aprimorar nossa produção material de tal forma que toda a nação possa prosperar, homens e mulheres, e ninguém permanecer pobre. A competição entre homem e mulher sobre a possessão de fontes da produção econômica não é solução.
Algumas pessoas também afirmam que, trabalhando fora, a mulher pode auxiliar no aumento da renda familiar, uma vez que a renda de um só membro não iguala a de duas pessoas. Isto pode ser verdade em certos casos individuais, mas se todas as mulheres foram levadas para trabalharem fora, a vida familiar pode ser perturbada, gerando uma longa separação do marido e da esposa que pode resultar em crimes morais. Que justificativa econômica, social ou moral há para fazer a mulher trabalhar fora a um custo tão alto?
O islam deu conta das exigências da natureza humana bem como das necessidades da sociedade, quando especificou que a mulher assumisse a sua função natural de cuidar da raça humana. Assim, o homem foi encarregado com o dever de sustentá-la e fornecer-lhe todas as suas exigências, deixando-a livre de todos os temores irrelevantes, além de dar-lhe o mais alto respeito e consideração, a tal ponto que, quando uma pessoa perguntou ao Profeta:
” Quem é o mais digno de meu bom tratamento? “
Ele lhe respondeu:
” Tua mãe ! “
O homem perguntou novamente:
” E então quem ? “
O Profeta respondeu novamente:
” Tua mãe ! “
Mais uma vez o homem perguntou:
” E então quem ? “
O Profeta respondeu:
” Teu pai ! “
Então onde está o “problema” que preocupa a mulher muçulmana? Que objeto lhe falta na vida que o Islam não lhe tenha dado, para que procure conseguí-lo por intermédio de voto e a representação no parlamento?
Quer a igualdade com o homem?
Sim, o Islam lhe dá a igualdade teórica e praticamente ante a lei. Quer a independência econômica e a liberdade no trato com a sociedade? Sim, O Islam foi o primeiro a lhe outorgar este direito, além de torná-lo uma obrigação.
Não quer se casar sem o seu consentimento, podendo escolher ela mesma o noivo? Que seja bem tratada, contanto que executa seu papel conjugal como é devido? Que tenha o direito de separar-se quando não encontra ambiente favorável?
Sim… O Islam dá todos esses direitos.
Quer o direito de trabalhar?
Sim, tem esse direito no Islam.
Quer a liberdade de degeneração no sibaritismo? Esta é a única liberdade que o Islam lhe tira, porém tira-a do homem igualmente. Além disso, a decisão quanto a esta liberdade não necessita da participação do parlamento, mas só necessita que as relações sociais e as tradições se desintegrem e se degenerem numa anarquia. Então, todos aqueles que clamam por essa liberdade podem desfrutar dela desenfreadamente.
A participação no parlamento não é uma meta em si, como entendem os tolos, os ignorantes e várias mulheres dos congressos, mas é um meio para outra meta. Mesmo que consigam o seu objetivo, qual seria a necessidade para este remédio? A menos que seja imitação cega do ocidente. Nossas circunstâncias são distintas das suas e os valores de nossos pontos de vista são distintos dos deles.
Porém, alguns poderiam dizer: Que nos importam as distintas circunstância e as diferenças substanciais? A situação da mulher no oriente é péssima, e ninguém pode negar isso. A mulher no ocidente tomou a liberdade e conseguiu seu status social; então, por que a mulher oriental não segue seus passos e recupera seus direitos usurpados?
Sem dúvida isso é verdade. A mulher nos país Islâmicos é geralmente atrasada. Em algumas zonas onde o nível social e econômico é baixo, a mulher se converte na primeira vítima, sofre mais que desfruta, e oferece mais que recebe, sem clara possibilidade de desenvolvimento cultural.
Isto é verdade. Porém, quem é o responsável por esta verdade? Seria o Islam e os ensinamentos Islâmicos?
A má situação que se encontra a mulher oriental se deve a uma circunstâncias econômicas, sociais, politicas e psicológicas que temos de compreender para sabermos de onde nos vêem essas corrupções, e temos que estar conscientes destas circunstancias ao tratarmos do tema.
1) A pobreza que assola o oriente desde há várias gerações; a injustiça social que faz alguns desfrutarem do luxo e abundância, enquanto outros não encontram o pedaço de pão e a vestimenta para cobrir seus corpos.
2) A repressão política que faz dos governantes uma classe distinta dos governados, uma classe que tem todos os direitos e não tem deveres e faz com que os governados paguem todo o custo, sem nenhuma compensação. Estas nuvens negras da opressão que cobrem os céus são o resultado desses fatores sociais. São essas circunstâncias que são de fato responsáveis pela presente humilhação e progressão em que vive a mulher no oriente.
A mulher anseia pelos sentimentos de respeito mútuo e a concórdia entre ela e o homem. Mas, como germinam estes sentimentos na intensa pobreza e na opressão sufocante de todos? A mulher não é a única vítima, mas o homem também, ainda que pareça que esteja numa situação melhor do que a dela.
O homem trata a sua mulher asperamente e a persegue como uma reação ao tratamento áspero e à perseguição que ele próprio sofre nas mãos das pessoas ao seu redor. Ele é desonrado e seu orgulho é ferido pelo áspero tratamento de seus chefes da vila, dos policiais, dos donos das indústrias ou do Estado. Ele só encontra desonra e humilhação na vida social, mas ele não pode se desforrar dessas forças antagonistas. E então, ele volta para casa e desabafa a sua furiosidade em sua esposa e filhos e naqueles que estiverem perto dele na hora.
É esta odiosa pobreza que assola a sociedade e deixa o homem exausto, esgotando a sua energia psíquica e nervosa, que faz perder a sua amplitude pessoal onde crescem os sentimentos de amor e tolerância para com os demais. É esta infeliz pobreza que obriga a mulher tolerar pacientemente a tirania, a crueldade e os maus tratos de seu marido, uma vez que ela sabe que a vida sem o ganha-pão seria pior ainda. Ela não se atreve mesmo a reclamar por seus direitos legais com receio que seu marido possa se divorciar dela. E o que ela faria se ele divorciasse dela? Quem a manteria? Seus próprios parentes são tão pobres para mantê-la! Eles só podem aconselhá-la a voltar para seu marido e agüentar a degradação e a humilhação quanto possa. Esta é uma das razões porque a mulher é degradada e humilhada no oriente hoje.
3) Em toda sociedade atrasada – e o oriente de hoje em dia é uma delas, porque perdeu seus objetivos e a si mesmo, submergindo-se na obscuridade – todos os valores humanos são eliminados e a força se transforma no único meio de atuar, enquanto a debilidade seria objeto de desprezo e humilhação.
Como o homem é mais forte que a mulher, então, ele a despreza, porque ele mesmo perdeu o refinamento moral tão necessário para tal atitude, em relação ao sexo frágil, a menos que ela tenha bens; então é respeitada por possuir um fator de força e poder!
Similarmente, numa sociedade atrasada como a oriental no momento, o povo se rebaixa ao nível de pura existência instintiva. Eles são manipulados sexualmente em todos os seus pontos de vista e atitudes em relação à vida. Como tais, eles passam a ver a mulher como um meio de satisfazer sua luxúria e nada mais. Ela perde todo o respeito como ser humano, uma vez que psicológica, intelectual e espiritualmente ela é considerada bem abaixo do homem para merecê-lo ou reclamá-lo. Como resultado disso, a união sexual do homem e da mulher é reduzida a um ato puramente animal onde a fêmea sempre é dominada pelo macho, reunindo duas distintas marcas abjetas: O domínio na hora do ato e a negligência depois do ato.
Afligida sempre com a fome e a ignorância, uma sociedade atrasada dificilmente consegue poupar tempo ou energia para alcançar elevação moral e disciplina, apesar de ser apenas através deles que as pessoas conseguem alcançar altos planos de humanidade e subir acima do plano da existência puramente animal. Na ausência de tal disciplina moral e espiritual, ou na presença daquilo que é inadequado, o resultado inevitável é que a vida humana assume um caráter puramente econômico, o poder é adorado e medido em termos de paixão animal.
Neste ambiente a mãe trata, inadvertidamente, de destruir os sentimentos do homem em relação à mulher e moldá-los na ditadura e na influência despótica, uma vez que a mãe que mima a seu filho e não o detém em um limite lógico, habitua-o a que sua palavra seja uma ordem, quer seja razoável ou equivocada. Além disso, ela o habitua a não controlar suas paixões e seus desejos. Então, suas ordens são conseqüências destas paixões e desejos. Se a sociedade é incapaz, com sua anarquia, repressão e indiferença, de formar uma personalidade correta, e na vida prática os desejos do homem não são atendidos, ele começa a descarregar o seu rancor sobre os homens, as mulheres e as crianças que o rodeiam.
Estes são os fatores mais importantes responsáveis pelos distúrbios e os problemas testemunhados pelo oriente hoje e que colocam a mulher nesta situação vergonhosa. Nenhum deles tem alguma relação com o Islam; são incompatíveis com o verdadeiro espírito islâmico.
Será que a pobreza foi gerada pelo Islam? Certamente não, pois foi ele que tornou a comunidade tão rica que, como aconteceu na época de Ômar Ibn Abdel Aziz, quando não permaneceu ninguém que fosse pobre para merecer receber caridades. O Islam é um sistema prático de vida que gerou aquele grande milagre econômico em termos de vida prática. É o mesmo sistema de vida que trata de distribuir a riqueza das pessoas de uma maneira justa entre os membros da comunidade. O Alcorão diz:
“Tudo quanto Deus concedeu a Seu Mensageiro, (tomado) dos moradores das cidades, corresponde a Deus, a Seu Mensageiro e aos parentes, aos órfãos, aos necessitados e aos viandantes; isso para que não sejam monopolizados pelos opulentos dentre vós.” (44º, 7)
Desta forma, o Islam aproxima os níveis entre as pessoas, porque não admite a injúria e a proíbe, e odeia a pobreza e trata de elimina-la.
A pobreza é o primeiro fator do problema da mulher oriental, e se fosse eliminado, então, dissolver-se-ia o maior complexo e a mulher encontraria sua dignidade. Não é necessário que trabalhe para ganhar, ainda que isto seja um direito dela, porém a elevação do nível da riqueza para toda a massa popular faz com que a parte da herança da mulher só mantenha a ela e a ninguém mais, um fator para ser respeitado pelo homem, animando-as a apegar-se a seus direitos que abandonou por temer enfrentar a pobreza.
E quanto à injustiça política que o homem está sofrendo e que o faz descarregar seu rancor reprimido em sua esposa? Acaso o Islam é responsável por ela?
O Islam não pode ser responsabilizado por ela, porque ele prega a revolta contra a injustiça e não a obediência a ela. A este respeito ele regula tão eqüitativamente as relações dos governantes e dos governados que quando Ômar disse:
“Ouvi e obedecei!”.
Um homem dentre a assembléia dos crentes retrucou:
“Não o ouviremos, nem o obedeceremos enquanto não nos disser de onde conseguiste as tuas vestimentas!”
Ouvindo isso, Ômar não se encolarizou. Ele, ao contrário, agradeceu o homem e esclareceu sua posição perante a assembléia. Finalmente, o homem levantou novamente e disse:
“Dá-nos, agora, as tuas ordens; ouviremos e obedeceremos.”
É precisamente esta forma de governo que pedimos para ser estabelecida hoje, de tal forma que nenhum governante ousaria oprimir o povo; assim, as pessoas podem sentir-se livres o suficiente para expressar seus pensamentos perante os governantes; assim, as relações do homem com a sua esposa e filhos são baseados na justiça, na caridade, no amor e na fraternidade.
E quanto à degeneração dos altos valores humanos, é o Islam responsável por ela?
Não, o Islam nada tem a ver com essa degeneração dos valores morais. Ele procura elevar os seres humanos, inculcando neles valores espirituais mais altos. Ele ensinou ao homem que:
“O nobre de vós aos olhos de Deus é o de melhor conduta”, acima do mais rico, mais forte ou mais poderoso. Uma vez que esses altos valores sejam firmemente estabelecidos na sociedade, a mulher não mais será menosprezada por sua debilidade. A medida da humanidade do homem em tal sociedade é o seu justo tratamento à sua esposa, como disse o Profeta:
“O melhor dentre vós é aquele que melhor trata a sua esposa, e eu sou quem melhor trata a sua esposa.”
Além de calar fundo na psicologia humana, esta tradição do Profeta nos diz que o homem não pode maltratar sua esposa se não for vítima de complexos psicológicos e distúrbios, ou carecer de verdadeiros padrões humanos.
E quanto à degradação do homem para um nível puramente de instinto animal, é o Islam a causa disso?
Certamente que não. O Islam não é a causa dessa degradação, uma vez que ele nunca sancionou que o homem descesse para tal nível animal. Longe disso, ele procura elevar o homem e a mulher a tão altos planos do ser que não mais sejam escravos de seus instintos, nem que seu ponto de vista sobre a vida seja unicamente moldado por eles. As relações sexuais de homens e mulheres não são, do ponto de vista do Islam, puramente animais. O Islam visa com isso a libertação dos indivíduos de suas necessidades, para que não os preocupe e abale seus nervos, impedindo-os de dirigirem suas capacidades para o campo da produção, quer seja no campo da arte ou da adoração, fazendo-os, na ausência de sua satisfação pelo método lícito, se desviarem para o campo das práticas criminais. Apesar do Islam não condenar as relações sexuais, ele não aprova o total envolvimento com eles. Ele impele as pessoas a devotarem suas energias para os objetivos altruísticos e nobres, o homem combatendo incessantemente pela causa de Deus, e a mulher fazendo o melhor para educar os filhos e cuidar dos deveres de seu lar. Assim, o Islam dá a ambos, homem e mulher, os ideais que os elevam bem acima do nível puramente animal das necessidades e das paixões.
A deficiente disciplina moral é, acaso, o resultado do impacto do Islam? A resposta é um sonoro não, uma vez que o Alcorão e os ditos do Profeta estão todos cheios de preceitos morais que visam a elevação espiritual da alma humana, disciplinando-a para exercer um auto-controle e observar os princípios da justiça e o respeito aos outros tal como alguém espera respeito dos outros.
São as nossas tradições da vida social realmente responsáveis pelo atraso da mulher no oriente? Foram elas de fato que as fizeram viver como animais, inertes, de mentes estreitas, ignorantes como alguns escritores querem nos fazer crer? A resposta novamente é um enfático não. Nossas tradições passadas não nos proíbem adquirir conhecimento, trabalharmos ou cooperarmos com outros na vida social, contanto que objetive o bem da comunidade e não acarrete efeitos adversos a ela.
O que essas tradições não aprovam são as atividades ridículas e doentias como a saída da mulher para as ruas sem nenhuma necessidade genuína. Certamente, ninguém ousa dizer que a mulher pode compreender suas potencialidades e respeito através dessas tolas atividades somente. Elas podem, em tais situações, caírem presa fácil da luxúria do homem sibarita como a experiência das garotas esclarecidas da sociedade da civilização ocidental ilustram. As pessoas que se opõem às tradições parece que fazem isso porque querem conseguir seus baixos desejos pelo caminho mais fácil, sem que as tradições se interponham.
Havia no Egito um escritor não-muçulmano que nunca perdeu uma oportunidade para desacreditar o Islam aberta ou disfarçadamente em sua revista semanal. Ele lembrava sempre às mulheres:
“Livrai-vos das vossas tradições ultrapassadas; deixai vossos lares e misturai-vos com os homens corajosamente, apressando-vos em agarrar serviços nas fábricas e lojas, não porque há uma necessidade genuína para isso, mas para livrar-vos de vossas responsabilidades como mães e enfermeiras da raça humana.”
Ele também disse que a mulher que caminha nas ruas com seus olhos no chão, é por falta de coragem e auto confiança e foi dominada pelo temor ao homem. Mas quando ela, por intermédio de sua experiência alcançar esclarecimento, será capaz de encarar o homem corajosamente.(¹) Ele ignorou a história que nos diz que Aicha, que tomou parte ativa na política de seu tempo e empunhou armas no campo de batalha, usava falar aos homens por trás de uma cortina. Além disso, ele esqueceu de mencionar que o baixar o olhar não era algo peculiar da mulher apenas, pois a história também nos diz que o Profeta Mohamad (que a paz e a graça de Deus estejam com ele) era mais recatado que uma virgem. Será que ele também não tinha auto confiança, ou carecia de consciência de ser o mensageiro de Deus? Por quanto tempo esses escritores continuarão repetindo e declarando tais coisas tolas?
Que a mulher é reduzida a um plano baixo de existência é indubitavelmente certo, mas a maneira de reformar esta situação não é a adotada pela mulher ocidental que enfrentou circunstâncias peculiares e, portanto, foi sujeita a típicas aberrações, resultantes daquelas circunstâncias.
O Islam e somente o Islam fornece uma solução para o problema da mulher e também do homem. Deixemos todos nós, homens, mulheres, jovens e idosos que o Islam governe nossas vidas, restabelecendo um estado islâmico e impondo as leis islâmicas em nossas vidas. Somente então seremos capazes de realizar na prática nossas crenças e nossos ideais. Este é o único caminho de alcançar a simetria e a harmonia em nossa vida, sem recorrermos à injustiça e à tirania.
(¹) O escritor é Salama Mussa, a exemplo de Jorge Zaidan formam a vanguarda de inimigos que estão presentemente ativos contra o Islam.