SŪRATU AL-MĀIʼDAH[419]
(A SURA DA MESA SERVIDA)
De Al Madīna - 120 versículos.
PT: SŪRATU AL-MĀIʼDAH[419]
(A SURA DA MESA SERVIDA)
De Al Madīna - 120 versículos.
(1) Al Maidah: a mesa ou o alimento, nela colocado. Esta palavra pode ligar-se a duas origens: a) ao verbo mãda, movimentar-se. já que a mesa, primitivamente, se movimentava sob o peso de alimentos, ou b) ao verbo madahu, dar algo a alguém, da mesma forma que a mesa oferece alimento ao comensal. Denomina-se, assim, esta sura, pela menção dessa palavra, no versículo 112, onde se alude, pela primeira vez, no Alcorão, à mesa provida, solicitada pelos discípulos de Jesus a Deus. Nota-se, aliás, que o Alcorão é o único dos livros divinos que relata a história de al ma idah. São dois os escopos essenciais desta sura: a) incitar os crentes a cumprirem seus pactos, tanto com Deus quanto com o próximo, e b) recriminar os seguidores do Livro, por haverem rompido sua aliança com Deus. Além disso, relembra que os judeus alteraram as palavras da Tora e que os cristãos renegaram a verdadeira Fé, ao afirmarem ser jesus Cristo filho de Deus. Faz alusão a Caim e Abel, para poder demonstrar o traço de agressividade existente na natureza humana. Esta sura é categórica na execução do homicídio, do roubo, do assalto violento e na proibição do álcool, dos jogos de azar, etc. Faz, ainda, referência às normas testamentárias, caso ocorra morte de alguém que esteja em viagem, e relembra, finalmente, os milagres de Jesus, sem deixar de expressar o repúdio pelos que o tomaram, também, por Deus, adorando-o.
PT: 81. E, se houvésseis crido em Allah e no Profeta e no que foi descido, para ele, não os haveriam tomado por aliados. Mas muitos deles são perversos.
PT: 82. Em verdade, encontrarás, - dentre os homens, - que os judeus e os idólatras são os mais violentos inimigos dos crentes. E, em verdade, encontrarás que os mais próximos aos crentes, em afeição, são os que dizem: "Somos cristãos.[471]" Isso, porque há dentre eles clérigos e monges, e porque não se ensoberbecem.
PT: 83. E quando ouvem o que foi descido, para o Mensageiro, tu vês seus olhos se marejarem de lágrimas, pelo que reconhecem da Verdade. Dizem: "Senhor nosso! Cremos. Então, inscreve-nos entre as testemunhas da verdade".
PT: 84. "E por que razão não creríamos em Allah e na Verdade que nos chegou, enquanto aspiramos a que nosso Senhor nos faça entrar no Paraíso, com o povo íntegro?"
PT: 85. Então, pelo que disseram, Allah retribuiu-lhes Jardins, abaixo dos quais correm os rios; nesses, serão eternos. E essa é a recompensa dos benfeitores.
PT: 87. Ó vós que credes! Não proibais as cousas benignas que Allah vos tornou lícitas, e não cometais agressão. Por certo, Allah não ama os agressores.[472]
(1) Este versículo faz referência a um grupo de piedosos que, ao tempo do Profeta, pretendia, por excessivo sentimento religioso, proibir-se das cousas lícitas, crendo, com isso, tornarem- se mais piedosos. Obrigavam-se, então, a jejuar, incessantes, todos os dias; a rezar, insones, toda a noite; a abster-se, sempre, de mulheres, e da ingestão de carne, e do bemestar. Sabedor disso, o Profeta recriminou-os pelo excessivo exagero e acrescentou que a cada um impende cuidar de si mesmo, seguindo os caminhos normais, apontados por Deus.
PT: 89. Allah não vos culpa pela frivolidade em vossos juramentos mas vos culpa pelos juramentos intencionais não cumpridos[473]. Então, sua expiação é alimentar dez necessitados, no meio-termo com que alimentais vossas famílias; ou vesti-los ou alforriar um escravo. E quem não encontra recursos, deve jejuar três dias. Essa é a expiação de vossos juramentos, quando perjurardes. E custodiai vossos juramentos. Assim, Allah torna evidentes, para vós, Seus sinais, para serdes agradecidos.
PT: 90. Ó vós que credes! O vinho e o jogo de azar e as pedras levantadas com nome dos ídolos e as varinhas da sorte[474] não são senão abominação: ações de Satã. Então, evitai-as na esperança de serdes bem-aventurados.
PT: 91. Satã deseja, apenas, semear a inimizade e a aversão, entre vós, por meio do vinho e do jogo de azar, e afastar-vos da lembrança de Allah e da oração. Então, abster-vos-eis disso?
PT: 92. E obedecei a Allah e obedecei ao Mensageiro e precatai-vos. Então, se voltais as costas, sabei que impende apenas a Nosso Mensageiro a evidente transmissão da Mensagem.
PT: 93. Não há culpa sobre aqueles[475] que crêem e fazem as boas obras, por aquilo de que se alimentaram anteriormente, desde que se guardem do proibido e creiam nisso e façam as boas obras; depois, continuem a guardar-se e a crer; em seguida, se guardem e bem-façam. E Allah ama os benfeitores.
(1) Trata-se dos que, antes da proibição expressa no Alcorão, se alimentavam da carne de porco e bebiam vinho.
PT: 94. Ó vós que credes! Em verdade, Allah por-vos-á a prova com a proibição de alguma caça, que vossas mãos e vossas lanças puderem alcançar, a fim de que Allah saiba quem de vós O teme, embora seja Ele Invisível. Então, quem, depois disso, comete agressão terá doloroso castigo.[476]
(1) Este versículo foi revelado no ano de Al Hudaibiyah, o 6⁰ ano da Hégira, quando os moslimes saíram de Al Madinah, para fazer a peregrinação, mas foram disso impedidos pelos Quraich. E, encontrando-se os moslimes em estado hurum, foram surpreendidos por uma variedade grande de caças, ao alcance das mãos e das lanças. Essa foi uma prova de Deus, para experimentar a obediência a Seus preceitos, pois, ao peregrino, em estado de devoção e purificação, é lhe vedada a caça.
PT: 95. Ó vós que credes! Não mateis a caça, enquanto estais na peregrinação. E, a quem de vós a mata, intencionalmente, impender-lhe-á compensação, em rebanhos[477], igual ao que matou, julgada por dois homens justos dos vossos, em oferenda, destinada à Kaabah; ou expiação: alimentar necessitados ou o equivalente a isso, em jejum[478] para experimentar a nefasta conseqüência de sua conduta. Allah indulta o que já se consumou. E quem reincide, Allah dele se vingará. E Allah é Todo-Poderoso, Possuidor de vindita.
(1) Cf V1 n4. (2) Ou seja, jejuar tantas vezes quanto for o número de necessitados a serem alimentados.
PT: 96. É-vos lícita a pesca do mar e seu alimento, como proveito para vós e para os viandantes. E vos é proibida a caça da terra, enquanto permaneceis na peregrinação[479]. E temei a Allah, a Quem sereis reunidos.
PT: 97. Allah fez da Kaabah, a Casa Sagrada, arrimo para os homens e, assim também, o Mês Sagrado[480], e os animais em oferenda e as guirlandas. Isso, para que saibais que Allah sabe o que há nos céus e o que há na terra, e que Allah, de todas as cousas, é Onisciente.
(1) O Mês Sagrado: todos os meses sagrados. Vide II 194 n3.
PT: 100. Dize, Muhammad: "Não se igualam o maligno e o benigno, ainda que te admire a abundância do maligno. Então, temei a Allah, ó dotados de discernimento, na esperança de serdes bem-aventurados"