Surata الفتح

PT: SŪRATU AL-FATH[1986] (A SURA DA VITÓRIA) De Al Madīnah - 29 versículos.


(1) Al Fath: infinitivo substantivado de fataha, que, no sentido literal, significa abrir; já, no sentido figurado, entre outros, significa remover a angústia da alma com a conquista na batalha e, nesta acepção, essa palavra é mencionada nos versículos 1, 18 e 27, passando, assim, a denominar a sura. Aqui, alude-se à vitória, obtida por Muhammad, no VI ano da Hégira (aproximadamente, 628 d.C.), época em que os Quraich, os maiores adversários do Profeta, concordaram em fazer com este um tratado de paz, o tratado de Al Hudaibiyah, o mesmo nome de uma localidade nas imediações de Makkah. Isso ocorreu, quando o Profeta, após ver em sonhos que visitava Makkah com seus seguidores, decidiu partir para lá, acompanhado de, aproximadamente, 1400 pessoas. Estando o Profeta em Al Hudaibiyah, os Quraich, ao saberem de sua aproximação, tentaram vetar sua entrada na cidade. O Profeta enviou, então, Uthman, Ibn Affan, como seu intermediário, a fim de informá-los de que não vinham para atacar, mas para visitar a Mesquita Sagrada, tão-somente. Como Uthman tardasse a regressar, correu noticia de que os Quraich o haviam matado. Sendo assim o Profeta se viu no dever de vingar a morte deste, no que concordaram seus seguidores, comprometendo- se a ajudá-lo nesse intento. Ao mesmo tempo, ao saberem disso, os Quraich se inquietaram e enviaram, imediatamente, Sahl Ibn Amr, seu grande orador, a fim de entender- se com o Profeta. Finalmente, após muitas disputas, chegaram as partes a um acordo, cujos itens mais importantes eram: 1) a trégua entre os Quraich e os moslimes, por dez anos; 2) o adiamento da visita do Profeta à cidade de Makkah, para o ano seguinte, quando poderiam entrar, pacificamente, e com as armas guardadas, podendo lá ficar três dias, durante os quais os Quraich se manteriam ausentes da cidade. Este tratado foi considerado, historicamente, triunfo muito importante, pois, durante a trégua, os moslimes se puseram em contato com várias tribos, da Península Arábica, que passaram a converter-se ao islamismo, de forma que, nos dois anos subseqüentes, o número de neófitos do Islão foi, incomparavelmente, superior ao de todos os tempos anteriores. A sura, inicialmente, faz alusão a esta conquista e suas conseqüências positivas para a disseminação do Islão, para o encorajamento dos moslimes e o enfraquecimento dos hipócritas e idólatras, que duvidavam do socorro de Deus ao Profeta. Depois, alude á atitude dos omissos, que, ao serem convocados, em socorro ao Profeta, escusaram-se de toda forma, para se eximirem da ajuda. Enfatiza, ainda, a magnífica atitude dos moslimes ao apoiarem o Profeta. Critica a cobiça dos omissos, quando da partilha dos despojos nas batalhas ocorridas, tempos depois. Faz referência ao propósito divino de obstar a batalha entre os moslimes e os Quraich, em Al Hudaibiyah, a fim de que, nela, não perecessem os crentes e as crentes que se encontravam junto aos Quraich. Finalmente, a sura traz a confirmação do sonho do Profeta, segundo o qual ele e seus seguidores visitariam a Mesquita Sagrada. A descrição dos crentes na Tora e no Evangelho encerra a sura.

21. وَأُخْرَى لَمْ تَقْدِرُوا عَلَيْهَا قَدْ أَحَاطَ اللَّهُ بِهَا وَكَانَ اللَّهُ عَلَى كُلِّ شَيْءٍ قَدِيرًا


PT: 21. E outros, ainda, de que não vos apossastes, os quais Allah, com efeito, abarca. E Allah, sobre todas as cousas, é Onipotente.[1997]


(1) Ou seja, Deus sabe que eles ganharão mais espólios, como os das batalhas contra os persas e os romanos.

22. وَلَوْ قَاتَلَكُمُ الَّذِينَ كَفَرُوا لَوَلَّوُا الْأَدْبَارَ ثُمَّ لَا يَجِدُونَ وَلِيًّا وَلَا نَصِيرًا


PT: 22. E, se os que renegam a Fé vos combatessem, voltar-vos-iam as costas; em seguida, não encontrariam nem protetor nem socorredor.

23. سُنَّةَ اللَّهِ الَّتِي قَدْ خَلَتْ مِنْ قَبْلُ وَلَنْ تَجِدَ لِسُنَّةِ اللَّهِ تَبْدِيلًا


PT: 23. Assim, foi o procedimento de Allah, o que passou, antes. E não encontrarás, no procedimento de Allah, mudança alguma.

24. وَهُوَ الَّذِي كَفَّ أَيْدِيَهُمْ عَنْكُمْ وَأَيْدِيَكُمْ عَنْهُمْ بِبَطْنِ مَكَّةَ مِنْ بَعْدِ أَنْ أَظْفَرَكُمْ عَلَيْهِمْ وَكَانَ اللَّهُ بِمَا تَعْمَلُونَ بَصِيرًا


PT: 24. E Ele é Quem, no vale de Makkah, deteve suas mãos, afastando-as de vós, e vossas mãos, afastando-as deles, após haver-vos dado o triunfo sobre eles.[1998] E Allah, do que fazeis, é Onividente.


(1) Ao saberem da iminente chegada de Muhammad e seus prosélitos à cidade de Makkah, os Quraich se apressaram a enviar 80 combatentes para dizimá-los e, com isso, impedi-los de entrarem na Cidade Sagrada. Entretanto, esses combatentes foram capturados pelos moslimes e levados até o Profeta. Este, para deixar claro seus propósitos de não guerrear, não deteve os prisioneiros nem os puniu: devolveu-os aos Quraich, mostrando, com isso, que sua visita era de paz, não de guerra.

25. هُمُ الَّذِينَ كَفَرُوا وَصَدُّوكُمْ عَنِ الْمَسْجِدِ الْحَرَامِ وَالْهَدْيَ مَعْكُوفًا أَنْ يَبْلُغَ مَحِلَّهُ وَلَوْلَا رِجَالٌ مُؤْمِنُونَ وَنِسَاءٌ مُؤْمِنَاتٌ لَمْ تَعْلَمُوهُمْ أَنْ تَطَئُوهُمْ فَتُصِيبَكُمْ مِنْهُمْ مَعَرَّةٌ بِغَيْرِ عِلْمٍ لِيُدْخِلَ اللَّهُ فِي رَحْمَتِهِ مَنْ يَشَاءُ لَوْ تَزَيَّلُوا لَعَذَّبْنَا الَّذِينَ كَفَرُوا مِنْهُمْ عَذَابًا أَلِيمًا


PT: 25. Eles[1999] são os que renegam a Fé, e que vos afastaram da Mesquita Sagrada, e afastaram as oferendas, entravadas, impedindo-as de atingirem seu local de imolação. E, não estivessem, entre eles[2000], homens crentes e mulheres crentes - que, não os conhecendo, poderíeis pisá-los e, por causa disso, alcançar-vos-ia escândalo, sem que o soubésseis - Ele vos permitia combatê-los; mas não o permitiu, para que Allah fizesse entrar em Sua Misericórdia a quem quisesse. Se eles estivessem separados, haveríamos castigado, com doloroso castigo, os que dentre eles, renegaram a Fé.


(1) Eles: os Quraich. (2) Eles; os crentes.

26. إِذْ جَعَلَ الَّذِينَ كَفَرُوا فِي قُلُوبِهِمُ الْحَمِيَّةَ حَمِيَّةَ الْجَاهِلِيَّةِ فَأَنْزَلَ اللَّهُ سَكِينَتَهُ عَلَى رَسُولِهِ وَعَلَى الْمُؤْمِنِينَ وَأَلْزَمَهُمْ كَلِمَةَ التَّقْوَى وَكَانُوا أَحَقَّ بِهَا وَأَهْلَهَا وَكَانَ اللَّهُ بِكُلِّ شَيْءٍ عَلِيمًا


PT: 26. Quando os que renegaram a Fé fizeram existir,em seus corações, o ardor, o ardor da ignorância[2001], então, Allah fez descer Sua serenidade sobre Seu Mensageiro e sobre os crentes,e impôs-lhes a Palavra da piedade[2002]; e dela eram mais merecedores e a ela mais achegados. E Allah, de todas as cousas, é Onisciente.


(1) Ou seja, o ardor dos Tempos da Ignorância: a tola obstinação dos idólatras, em proibirem o Profeta e os moslimes de entrarem em Makkah. Com respeito aos Tempos da Ignorância, vide III 154 n2, V 50 n1 e XXXIII 33 n2. (2) A palavra da Piedade ou a frase da unicidade divina: "Não há deus senão Allah, e Muhammad é Seu Profeta."

27. لَقَدْ صَدَقَ اللَّهُ رَسُولَهُ الرُّؤْيَا بِالْحَقِّ لَتَدْخُلُنَّ الْمَسْجِدَ الْحَرَامَ إِنْ شَاءَ اللَّهُ آمِنِينَ مُحَلِّقِينَ رُءُوسَكُمْ وَمُقَصِّرِينَ لَا تَخَافُونَ فَعَلِمَ مَا لَمْ تَعْلَمُوا فَجَعَلَ مِنْ دُونِ ذَلِكَ فَتْحًا قَرِيبًا


PT: 27. Com efeito, Allah confirmou com a verdade, o sonho de Seu Mensageiro: "Certamente, entrareis, em segurança, na Mesquita Sagrada, se Allah quiser, estando com vossas cabeças rapadas ou curtos vossos cabelos, nada temendo." Então, Ele sabia o que não sabíeis, e fez, para vós, além disso, uma vitória próxima.[2003]


(1) No VI ano da Hégira, o Profeta viu em sonhos que entraria, com os crentes, em Makkah, para visitar a Mesquita Sagrada e realizar o ritual de Al Umrah (Cf. II 158 p27 n2). E como os sonhos proféticos são espécie de revelação divina, Muhammad decidiu realizar seu sonho. Assim, saiu a caminho de Makkah, quando foi obstado pelos Quraich de nela entrar, havendo sido, então, postergada a visita para o ano seguinte.

28. هُوَ الَّذِي أَرْسَلَ رَسُولَهُ بِالْهُدَى وَدِينِ الْحَقِّ لِيُظْهِرَهُ عَلَى الدِّينِ كُلِّهِ وَكَفَى بِاللَّهِ شَهِيدًا


PT: 28. Ele é Quem enviou Seu Mensageiro com a Orientação e a religião da verdade, para fazê-la prevalecer sobre todas as religiões. E basta Allah por Testemunha.

29. مُحَمَّدٌ رَسُولُ اللَّهِ وَالَّذِينَ مَعَهُ أَشِدَّاءُ عَلَى الْكُفَّارِ رُحَمَاءُ بَيْنَهُمْ تَرَاهُمْ رُكَّعًا سُجَّدًا يَبْتَغُونَ فَضْلًا مِنَ اللَّهِ وَرِضْوَانًا سِيمَاهُمْ فِي وُجُوهِهِمْ مِنْ أَثَرِ السُّجُودِ ذَلِكَ مَثَلُهُمْ فِي التَّوْرَاةِ وَمَثَلُهُمْ فِي الْإِنْجِيلِ كَزَرْعٍ أَخْرَجَ شَطْأَهُ فَآزَرَهُ فَاسْتَغْلَظَ فَاسْتَوَى عَلَى سُوقِهِ يُعْجِبُ الزُّرَّاعَ لِيَغِيظَ بِهِمُ الْكُفَّارَ وَعَدَ اللَّهُ الَّذِينَ آمَنُوا وَعَمِلُوا الصَّالِحَاتِ مِنْهُمْ مَغْفِرَةً وَأَجْرًا عَظِيمًا


PT: 29. Muhammad é o Mensageiro de Allah. E os que estão com ele são severos para com os renegadores da Fé, misericordiadores, entre eles. Tu os vês curvados, prosternados, buscando um favor de Allah e agrado. Suas faces são marcadas pelo vestígio deixado pela prosternação. Esse é seu exemplo, na Tora. E seu exemplo, no Evangelho, é como planta, que faz sair seus ramos, e esses a fortificam, e ela se robustece e se levanta sobre seu caule. Ela faz se admirarem dela os semeadores. Assim, Allah fez, para suscitar, por causa deles[2004], o rancor dos renegadores da Fé. Allah promete aos que crêem e fazem as boas obras, dentre eles, perdão e magnífico prêmio.


(1) Deles: dos crentes.