SŪRATU SABAʼ[1614]
(A SURA DE SABAʼ)
De Makkah - 54 versículos.
PT: SŪRATU SABAʼ[1614]
(A SURA DE SABAʼ)
De Makkah - 54 versículos.
(1) Como se viu, anteriormente, na sura XXVII, versículo 22, nota 2, Saba era um reino ao sul do Yêmen, na Península Arábica. E a presente sura, assim, se denomina não só pela menção da palavra Saba, no versículo 15, mas por narrar o que sucedeu aos habitantes deste reino. Aqui, os mesmos temas das suras reveladas em Makkah são trazidos de volta; a unicidade de Deus, a crença na Revelação divina e na Ressurreição. A sura inicia-se pela declaração de que Deus é O Único Que é louvado. A seguir, narra o que diziam os descrentes acerca da Hora e da Ressurreição e acerca do Profeta, quando o difamavam, inquinando-o de louco e mentiroso. Mais adiante, lembra aos homens os sinais do poder de Deus. admoestando-os do castigo, que sofrem, sempre, os destemidos da Verdade e ressaltandolhes Sua graça para com os servos sinceros, como Davi e Salomão. A sura segue com a narração dos eventos ocorridos com os habitantes de Sabá, país próspero e feliz, mas que, por não serem agradecidos a Deus por isso, foram castigados como o são todos os soberbos e pusilânimes; condena os que se jactanciam em ter filhos e riquezas, e ordena ao Profeta que deixe claro aos incrédulos que sua missão é, apenas, convocar os homens à Fé, sem coagilos, e fazê-los atentar para sua Mensagem. Portanto, devem entender que o Profeta transmite a Revelação divina em beneficio de todos. Finalmente, menciona a realidade da Hora e sua inexorabilidade, da qual ninguém se evade e na qual devem crer, antes que seja tarde demais.
PT: 2. Ele sabe o que penetra[1615] na terra e o que dela sai, e o que desce do céu e o que a ele ascende. E Ele é O Misericordiador, O Perdoador.
(1) O que penetra: a chuva, os mortos; o que sai: as plantas, as águas, os minérios; o que desce: a chuva, os raios, os anjos, as bênçãos; o que ascende: os anjos, as preces, as boas obras.
PT: 3. E os que renegam a Fé dizem: "A Hora não nos chegará". Dize: 'Sim! Por meu Senhor! Com certeza chegar-vos-á. PelO Sabedor do Invisível. Não escapa dEle peso algum de átomo, nos céus nem na terra. E nada há menor que isto nem maior, que não esteja no evidente Livro.' "
PT: 6. E aqueles[1616], aos quais fora concedida a ciência, vêem que o que foi descido para ti de teu Senhor é a Verdade, e que ele guia à senda dO Todo-Poderoso, dO Louvável.
(1) Referência aos judeus que abraçaram o Islão, como Kaab Al Ahbar e Ibn Salam.
PT: 7. E os que renegam a Fé dizem: "Indicar-vos-emos um homem, que vos informe de que, quando vos desintegrardes, com toda desintegração, sereis, por certo, transmudados em novas criaturas?"
PT: 8. "Forja ele mentiras acerca de Allah, ou há nele loucura?" Não. Mas os que não crêem na Derradeira Vida estão no castigo e no profundo descaminho.
PT: 9. E não viram eles o que está adiante deles e o que está detrás deles, seja do céu ou da terra?[1617] Se quiséssemos, faríamos a terra engoli-los, ou faríamos cair sobre eles pedaços do céu. Por certo, há nisso um sinal para todo servo contrito.
(1) O homem é rodeado pelas criações terrenas e celestiais de Deus.
PT: 10. E, com efeito, concedemos a Davi favor vindo de Nós, e dissemos: "Ó montanhas! Repeti, com ele[1618], o louvor a Allah, junto dos pássaros." E tornamos dúctil o ferro, para ele,
(1) Com ele: com Davi. Os ecos e os cantos dos pássaros devem repetir os louvores a Deus.
PT: 12. E submetemos a Salomão o vento, cujo percurso matinal era de um mês, e cujo percurso vespertino era de um mês.[1621] E fizemo-lhe fluir a fonte de cobre fundido. E houve, dentre os gênios, quem trabalhasse as sua ordens, com a permissão de seu Senhor. E a quem, dentre eles, se desviasse de Nossa ordem, fazíamo-lo experimentar o castigo do Fogo ardente.
(1) A distância percorrida pelo vento, apenas durante a manhã ou durante a tarde, equivalia à distância que se percorria a pé ou em transporte, durante um mês.
PT: 13. Faziam-lhe o que queria: santuários e estátuas e alguidares grandes como os tanques, e caldeirões[1622] assentes. E dissemos: "Laborai, ó família de Davi, em agradecimento." Enquanto poucos, dentre Meus servos, são os agradecidos.
(1) Esses caldeirões eram escavados em montanhas de pedra, cujo acesso era feito por escadas.
PT: 14. E, quando Ihe[1623] decretamos a morte, nada Ihes[1624] indicou sua morte senão a térmite que lhe devorou o báculo[1625]. Então, quando ele caiu, tornou-se evidente para os jinns que, se soubessem do Invisível, não haveriam permanecido no aviltante castigo.
(1) Lhe: a Salomão. (2) Lhes: aos jinns.(3) Salomão morreu de pé, apoiado sobre o báculo. E os jinns, não percebendo a morte de quem os submetia, continuaram no árduo trabalho, durante um ano ainda, até que, ao corroerem as térmites o apoio de Salomão, e este cair por terra, eles perceberam que Salomão estava morto e que já podiam haver cessado o trabalho há muito, se conhecessem, logicamente, os segredos de todas as cousas.
PT: 15. Com efeito, havia para Saba[1626], em seu habitat, um Sinal: dois jardins, à direita e à esquerda. Foi-lhes dito: "Comei do sustento de vosso Senhor e agradecei-Lhe. Tendes uma plaga benigna e um Senhor Perdoador."
PT: 16. Então, eles deram de ombros a isso; e enviamos contra eles a torrente da barragem de Al-Arim[1627], e trocamo-lhes os dois jardins por outros dois jardins, de frutas amargas e tamárices[1628] e cousa pouca de açoifaifa[1629].
(1) Ou de Ma'rab. É o nome dado às águas represadas ou ao vale da Sabá. Arruinada a represa, as águas inundaram toda a região, em castigo à desobediência de seus habitantes.Vide XXVII 22 n2. (2) Gênero de plantas da família das tamaricáceas, arbustivas, arborescentes às vezes, de folhas inteiras, pequenas e estreitas, desprovidas de estípula de flores com cinco estames e sementes pilosas, cuja espécie articulata é rica em tanino, substância sólida adstringente. Cf. Grande Enciclopédia Delta Larousse, 1970. (3) Açoifaifa, o mesmo que jujubeira, planta da família das ramináceas (Zizyphus jujuba). Árvore espinhosa, cujo fruto é vermelho e comestível, de polpa açucarada, com a forma de uma azeitona. Cf. Grande Enciclopédia Delta Larousse, 1970.
PT: 18. E tínhamos feito, entre eles e as cidades que tínhamos abençoado[1630], cidades aparentes e tínhamos determinado, nelas, a caminhada, na justa medida[1631]. E dissemos: "Caminhai, em segurança, durante dias e noites."[1632]
(1) Ou seja, as cidades sírias, abundantes em vegetação e água, aonde os habitantes de Saba iam comerciar. (2) Essas cidades eram tão próximas umas das outras que todo viajante podia vê-las ao longe. (3) A distância entre estas cidades era de tal forma precisa e simétrica que, se a uma delas o viajante chegava, na hora da sesta, e lá permanecia para descansar, à outra, seguinte, chegava na hora de dormir, á noite, onde, também, permanecia, até o outro dia. Assim sendo, o viajante poderia deslocar-se, confortavelmente, porque sempre encontraria acolhida, alimento e água em tempo certo, durante sua viagem.
PT: 19. Então, disseram[1633]: "Senhor nosso! Torna grande a distância entre nossas viagens." E foram injustos com si mesmos; então, fizemo-los tema de conversa, e desintegramo-los, com toda desintegração. Por certo, há nisso sinais para todo perseverante, agradecido.
(1) Os habitantes de Saba, ingratos e cansados de tamanho bem-estar nas viagens, rogaram a Deus que interpusesse imenso deserto entre eles e a Síria.