Surata البقرة

PT: SŪRATU AL-BAQARAH[1] (A SURA DA VACA) De Al Madīna[2] - 286 versículos


(1) Al Baqarah: a vaca. A Sura da Vaca, a mais longa do Alcorão e também com seu mais extenso versículo (282), denomina-se, assim, pela menção, nos versículos 67-73, da imolação de uma vaca para expurgo de culpa, dentro da comunidade judaica, por época de Moisés. A sura inicia-se pela afirmação categórica de que o Alcorão é guia espiritual e moral dos que crêem em Deus, e pela confirmação de que a verdadeira fé deve integrar a crença na unicidade absoluta de Deus, a prática constante do bem e a crença na Ressurreição. Enumera as três categorias dos homens: crentes, idólatras e hipócritas e como reagem diante da Mensagem divina. Relata episódios relacionados aos filhos de Israel, fazendo-os atentar, constantemente, para as graças de Deus para com eles. Alude, ainda, ao Patriarca Abraão, com cujo filho, Ismael, construiu a Ka bah. E reiterativa na afirmação de que Deus é Único e torna patente Seus sinais como meio de repelir, peremptoriamente, a idolatria vigente, e amplamente disseminada na Península Arábica, tempos antes do advento do Islão. Encerra, nos constantes ensinamentos e preceitos, a base da boa conduta do moslim: estabelece a distinção entre o lícito e o ilícito; discorre sobre a virtude e ensina os critérios para o jejum e a peregrinação; legisla sobre as obrigações testamentais, o talião, o casamento e o divórcio; orienta sobre o aleitamento materno, sobre o registro de dívidas; exalta a caridade e abomina a usura. Ensina ao crente o lídimo caminho para a felicidade eterna e a pedir perdão pelas falhas, implorando a misericórdia e o socorro de Deus. (2) Al Madinah: Medina, a Segunda cidade sagrada, no Mundo Islâmico, depois de Makkah, na qual se encontra a Mesquita do Profeta, onde Muhammad foi sepultado. Foi nessa cidade que se revelou esta sura.

41. وَآمِنُوا بِمَا أَنْزَلْتُ مُصَدِّقًا لِمَا مَعَكُمْ وَلَا تَكُونُوا أَوَّلَ كَافِرٍ بِهِ وَلَا تَشْتَرُوا بِآيَاتِي ثَمَنًا قَلِيلًا وَإِيَّايَ فَاتَّقُونِ


PT: 41. E crede no[34] que fiz descer, confirmando o[35] que está convosco; e não sejais os primeiros renegadores dele. E não vendais Meus sinais por ínfimo preço. E a Mim, então, temei-Me.


(1). No: no Alcorão, o Livro divino, revelado ao Profeta Muhammad, em inicios do século VII d.C. É a base da religião islâmica, que chegou para amparar a humanidade em seu caminho terreno e unificar a velha aliança (o Judaísmo) com a nova aliança (o Cristianismo), assim como ampliar o ato de caridade e estabelecer a fraternidade universal, ligando todos os homens a uma só religião, semdiscriminação de raça, cor, nacionalidade ou posição social. (2). O: a Tora, ou a lei mosaica do Pentateuco, que prega, igualmente, a unicidade de Deus e a aplicação das leis de Deus aos homens.

42. وَلَا تَلْبِسُوا الْحَقَّ بِالْبَاطِلِ وَتَكْتُمُوا الْحَقَّ وَأَنْتُمْ تَعْلَمُونَ


PT: 42. E não confundais o verdadeiro com o falso e não oculteis a verdade, enquanto sabeis.

43. وَأَقِيمُوا الصَّلَاةَ وَآتُوا الزَّكَاةَ وَارْكَعُوا مَعَ الرَّاكِعِينَ


PT: 43. E cumpri a oração e concedei a-zakāh[36], e curvai-vos[37] com os que se curvam.


(1). Az-zakāh: parte dos bens concedida em caridade. O Alcorão incita os filhos de Israel à prática da caridade, não só para consolidar a fraternidade social, mas para dirimir o ódio que as diferenças sociais provocam no pobre em relação ao rico, fazendo com que este se sinta, parcialmente, responsável pelos desafortunados, pois a riqueza é dádiva de Deus e, por conseqüência, deve ser compartilhada. Dessa forma, cada moslim deve conceder azzakāh correspondente a 2,5% ou 1/40 avos do que possui, que excedam os limites de suas necessidades e estejam disponíveis, durante um ano. O governo recolherá esta quantia para distribui-la às oito categorias de necessitados, de acordo com o Alcorão (IX 60). (2). Ou seja, "orai". Como a prece é constituída de dois movimentos, do curvar-se e do prosternar-se, o versículo, referindo-se ao primeiro deles, já alude, metonimicamente, à prece global.

44. أَتَأْمُرُونَ النَّاسَ بِالْبِرِّ وَتَنْسَوْنَ أَنْفُسَكُمْ وَأَنْتُمْ تَتْلُونَ الْكِتَابَ أَفَلَا تَعْقِلُونَ


PT: 44. Ordenais a bondade às outras pessoas e vos esqueceis de vós mesmos, enquanto recitais o Livro[38]? Então, não razoais?


(1). Ou seja, a Tora.

45. وَاسْتَعِينُوا بِالصَّبْرِ وَالصَّلَاةِ وَإِنَّهَا لَكَبِيرَةٌ إِلَّا عَلَى الْخَاشِعِينَ


PT: 45. E implorai ajuda, com a paciência e a oração. E por certo, esta oração é bem penosa, exceto para os humildes,

46. الَّذِينَ يَظُنُّونَ أَنَّهُمْ مُلَاقُو رَبِّهِمْ وَأَنَّهُمْ إِلَيْهِ رَاجِعُونَ


PT: 46. Que pensam que depararão com seu Senhor e que a Ele retornarão.

47. يَا بَنِي إِسْرَائِيلَ اذْكُرُوا نِعْمَتِيَ الَّتِي أَنْعَمْتُ عَلَيْكُمْ وَأَنِّي فَضَّلْتُكُمْ عَلَى الْعَالَمِينَ


PT: 47. Ó filhos de Israel! Lembrai-vos de Minha graça, com que vos agraciei, e de que vos preferi aos mundos[39].


(1). Pela expressão aos mundos, entenda-se aos povos da época mosaica.

48. وَاتَّقُوا يَوْمًا لَا تَجْزِي نَفْسٌ عَنْ نَفْسٍ شَيْئًا وَلَا يُقْبَلُ مِنْهَا شَفَاعَةٌ وَلَا يُؤْخَذُ مِنْهَا عَدْلٌ وَلَا هُمْ يُنْصَرُونَ


PT: 48. E guardai-vos de um dia em que uma alma nada poderá quitar por outra alma, e não se lhe aceitará intercessão nem se lhe tomará resgate; e eles[40] não serão socorridos.


(1). Eles: os culpados.

49. وَإِذْ نَجَّيْنَاكُمْ مِنْ آلِ فِرْعَوْنَ يَسُومُونَكُمْ سُوءَ الْعَذَابِ يُذَبِّحُونَ أَبْنَاءَكُمْ وَيَسْتَحْيُونَ نِسَاءَكُمْ وَفِي ذَلِكُمْ بَلَاءٌ مِنْ رَبِّكُمْ عَظِيمٌ


PT: 49. E lembrai-vos de quando vos salvamos do povo de Faraó, enquanto eles vos infligiam o pior castigo: degolavam vossos filhos e deixavam vivas vossas mulheres. E nisso, houve de vosso Senhor formidável prova.

50. وَإِذْ فَرَقْنَا بِكُمُ الْبَحْرَ فَأَنْجَيْنَاكُمْ وَأَغْرَقْنَا آلَ فِرْعَوْنَ وَأَنْتُمْ تَنْظُرُونَ


PT: 50. E lembrai-vos de quando, por vós, separamos o mar; então salvamo-vos, e afogamos o povo de Faraó, enquanto olháveis.

51. وَإِذْ وَاعَدْنَا مُوسَى أَرْبَعِينَ لَيْلَةً ثُمَّ اتَّخَذْتُمُ الْعِجْلَ مِنْ بَعْدِهِ وَأَنْتُمْ ظَالِمُونَ


PT: 51. E lembrai-vos de quando fizemos promessa a Moisés durante quarenta noites; em seguida, depois dele[41] tomastes o bezerro por divindade, e fostes injustos.


(1). Ou seja, depois de ele, Moisés, partir para o Monte Sinai.

52. ثُمَّ عَفَوْنَا عَنْكُمْ مِنْ بَعْدِ ذَلِكَ لَعَلَّكُمْ تَشْكُرُونَ


PT: 52. Em seguida, indultamo-vos, depois disso, para serdes agradecidos.

53. وَإِذْ آتَيْنَا مُوسَى الْكِتَابَ وَالْفُرْقَانَ لَعَلَّكُمْ تَهْتَدُونَ


PT: 53. E lembrai-vos de quando concedemos a Moisés o Livro e Al Furqān[42] para vos guiardes.


(1). Al Furqān: infinitivo substantivado de faraqa, que significa separar ou distinguir. Essa forma infinitiva assume, no Alcorão, de acordo com o contexto, três sentidos diferentes: o critério de distinguir o bem do mal, a vitória e o Livro revelado. Aqui, alude-se ao primeiro deles

54. وَإِذْ قَالَ مُوسَى لِقَوْمِهِ يَا قَوْمِ إِنَّكُمْ ظَلَمْتُمْ أَنْفُسَكُمْ بِاتِّخَاذِكُمُ الْعِجْلَ فَتُوبُوا إِلَى بَارِئِكُمْ فَاقْتُلُوا أَنْفُسَكُمْ ذَلِكُمْ خَيْرٌ لَكُمْ عِنْدَ بَارِئِكُمْ فَتَابَ عَلَيْكُمْ إِنَّهُ هُوَ التَّوَّابُ الرَّحِيمُ


PT: 54. E lembrai-vos de quando Moisés disse a seu povo: "Ó meu povo! Por certo, fostes injustos com vós mesmos tomando o bezerro por divindade. Então, voltai-vos arrependidos para vosso Criador, e matai-vos[43]. Isso vos é melhor, junto de vosso Criador." Então, Ele voltou-Se para vós, remindo-vos. Por certo, Ele é O Remissório, O Misericordiador.


(1). Segundo alguns exegetas, ou se trata do suicídio, como prova de obediência, para purificação pessoal, ou do homicídio contra o adorador do bezerro. Para a segunda interpretação, vide Êxodo XXXII 27.

55. وَإِذْ قُلْتُمْ يَا مُوسَى لَنْ نُؤْمِنَ لَكَ حَتَّى نَرَى اللَّهَ جَهْرَةً فَأَخَذَتْكُمُ الصَّاعِقَةُ وَأَنْتُمْ تَنْظُرُونَ


PT: 55. E lembrai-vos de quando dissestes: "Ó Moisés! Não creremos em ti, até que vejamos Allah, declaradamente." Então, o raio apanhou-vos, enquanto olháveis.

56. ثُمَّ بَعَثْنَاكُمْ مِنْ بَعْدِ مَوْتِكُمْ لَعَلَّكُمْ تَشْكُرُونَ


PT: 56. Em seguida, ressuscitamo-vos após vossa morte, para serdes agradecidos.

57. وَظَلَّلْنَا عَلَيْكُمُ الْغَمَامَ وَأَنْزَلْنَا عَلَيْكُمُ الْمَنَّ وَالسَّلْوَى كُلُوا مِنْ طَيِّبَاتِ مَا رَزَقْنَاكُمْ وَمَا ظَلَمُونَا وَلَكِنْ كَانُوا أَنْفُسَهُمْ يَظْلِمُونَ


PT: 57. E fizemos sombrear-vos as nuvens, e fizemos descer sobre vós o maná[44] e as codornizes, e dissemos: "Comei das cousas benignas que vos damos por sustento." E eles não foram injustos coNosco, mas foram injustos com si mesmos.


(1). Maná: substância doce e viscosa como o mel, que exsuda das árvores, no alvorecer. Sobre a descrição bíblica, vide Êxodo XVI 14 e 31.

58. وَإِذْ قُلْنَا ادْخُلُوا هَذِهِ الْقَرْيَةَ فَكُلُوا مِنْهَا حَيْثُ شِئْتُمْ رَغَدًا وَادْخُلُوا الْبَابَ سُجَّدًا وَقُولُوا حِطَّةٌ نَغْفِرْ لَكُمْ خَطَايَاكُمْ وَسَنَزِيدُ الْمُحْسِنِينَ


PT: 58. E lembrai-vos de quando dissemos: "Entrai nesta cidade[45] e dela comei, fartamente, onde quiserdes; e entrai pela porta, prosternando-vos, e dizei: 'Perdão!', Nós vos perdoaremos os erros. E acrescentaremos graças aos benfeitores."


(1). A identificação dessa cidade não é claramente determinada. Alguns exegetas dizem tratarse da cidade de Jerusalém ou Jericó. A Bíblia fala de Canaã, onde Moisés ordenou que os filhos de Israel entrassem para o reconhecimento dela e de seu povo, se era forte ou fraco; e viram eles que, nessa terra que, habitava o poderoso povo, de grande estatura, e recearam-na. Vide Números XIII 28, 31-33.

59. فَبَدَّلَ الَّذِينَ ظَلَمُوا قَوْلًا غَيْرَ الَّذِي قِيلَ لَهُمْ فَأَنْزَلْنَا عَلَى الَّذِينَ ظَلَمُوا رِجْزًا مِنَ السَّمَاءِ بِمَا كَانُوا يَفْسُقُونَ


PT: 59. Mas, os injustos trocaram, por outro dizer, o que lhes havia sido dito; então, fizemos descer sobre os injustos um tormento do céu, pela perversidade que cometiam.

60. وَإِذِ اسْتَسْقَى مُوسَى لِقَوْمِهِ فَقُلْنَا اضْرِبْ بِعَصَاكَ الْحَجَرَ فَانْفَجَرَتْ مِنْهُ اثْنَتَا عَشْرَةَ عَيْنًا قَدْ عَلِمَ كُلُّ أُنَاسٍ مَشْرَبَهُمْ كُلُوا وَاشْرَبُوا مِنْ رِزْقِ اللَّهِ وَلَا تَعْثَوْا فِي الْأَرْضِ مُفْسِدِينَ


PT: 60. E lembrai-vos de quando Moisés pediu água para seu povo, e dissemos: "Bate na pedra com tua vara." -Então, dela emanaram doze olhos d'água. Com efeito, cada tribo soube de onde beber. - Comei e bebei do sustento de Allah e não semeeis a maldade na terra, sendo corruptores".