Surata الإسراء

PT: SŪRATU AL-ʼISRĀ[1028] (A SURA DA VIAGEM NOTURNA) De Makkah - 111 versículos.


(1) AI-'Isra': do infinito asrã, que significa andar a noite. Assim, é denominada a sura pela menção, no primeiro versículo, da Viagem Noturna que, de acordo com a tradição, Mutíammad, acompanhado do anjo Gabriel, fez, no segundo ano da Hégira, desde a Mesquita Sagrada, em Makkah, até a Mesquita de Al Aqsã, em Jerusalém. O sentido dessa viagem, no dizer de alguns exegetas, "é a afirmação da unidade profética, a proclamação da identidade das mensagens divinas, transmitidas por todos os profetas, nomeadamente, por Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad".A esta viagem terrestre sucedeu, na mesma noite, a outra, mais importante: ai miraj ou ascensão aos céus, onde Muhammad não só encontrou, em cada um dos céus, alguns dos profetas anteriores a ele (Noé, Abraão, José, Moisés, Jesus), mas testemunhou todas as maravilhas invisíveis do Universo. Já no sétimo céu, Muhammad foi levado à Sidrat ai Muntahã (cuja menção aicorânica se encontra na sura LIII 14), à árvore existente à direita do Trono, além da qual, está o Invisível. Passar por ela é interdito a todos os anjos celestiais. Em seguida à série de deslumbramentos e conhecimentos, Muhammad, finalmente, contemplou a Deus com os olhos do espírito. Despertando, contou sua viagem e ascensão a alguns parentes, que, incrédulos, tentaram persuadi-lo de nada relatar a ninguém, pois seus prosélitos poderiam não crer no ocorrido, por inverossímil, além de que seus inimigos se prevaleceriam disso para detraí-lo mais ainda e tornar mais acirradas as perseguições contra ele. Esta sura implica, também, vários itens, cuja maioria se relaciona com a fé; outros, tratam da conduta tanto individual quanto coletiva do homem. Além disso, traz notícias sobre os filhos de Israel (aliás, uma outra denominação desta sura é Banu Israil ou Filhos de Israel), e, ainda, concernentes á Mesquita de Jerusalém, para a qual Muhammad foi transportado, durante a viagem noturna, antes de ascender aos céus; e, outrossim, notícias sobre Adão e Iblis. O elemento preponderante, nesta sura, é a personalidade do Profeta Muhammad e a atitude dos idólatras de Makkah em relação a ele e ao Alcorão; assim também, a natureza da Mensagem, que se distingue das demais, por não apresentar milagres concretos, tais quais os verificados com Abraão, Moisés e Jesus. Ela, apenas, se atém a um plano puramente espiritual e divino.

21. انْظُرْ كَيْفَ فَضَّلْنَا بَعْضَهُمْ عَلَى بَعْضٍ وَلَلْآخِرَةُ أَكْبَرُ دَرَجَاتٍ وَأَكْبَرُ تَفْضِيلًا


PT: 21. Olha, Muhammad, como preferimos alguns deles a outros. E, em verdade, a Derradeira Vida é maior em escalões e maior em preferências

22. لَا تَجْعَلْ مَعَ اللَّهِ إِلَهًا آخَرَ فَتَقْعُدَ مَذْمُومًا مَخْذُولًا


PT: 22. Não faças, junto de Allah, outro deus, pois, tornar-te-ias infamado, desamparado.[1039]


(1) A ordem imperativa, deste versículo e de outros, adiante, é dirigida aos homens, em geral.

23. وَقَضَى رَبُّكَ أَلَّا تَعْبُدُوا إِلَّا إِيَّاهُ وَبِالْوَالِدَيْنِ إِحْسَانًا إِمَّا يَبْلُغَنَّ عِنْدَكَ الْكِبَرَ أَحَدُهُمَا أَوْ كِلَاهُمَا فَلَا تَقُلْ لَهُمَا أُفٍّ وَلَا تَنْهَرْهُمَا وَقُلْ لَهُمَا قَوْلًا كَرِيمًا


PT: 23. E teu Senhor decretou que não adoreis senão a Ele; e decretou benevolência para com os pais. Se um deles ou ambos atingem a velhice, junto de ti, não lhes digas: "Ufa!", nem os maltrates, e dize-lhes dito nobre.

24. وَاخْفِضْ لَهُمَا جَنَاحَ الذُّلِّ مِنَ الرَّحْمَةِ وَقُلْ رَبِّ ارْحَمْهُمَا كَمَا رَبَّيَانِي صَغِيرًا


PT: 24. "E baixa a ambos a asa da humildade[1040], por misericórdia. E dize:<br />""Senhor meu! Tem misericórdia deles, como quando eles cuidaram de mim, enquanto pequenino"""


(1) Baixar as asas da humildade a ambos; protegê-los, com humildade e ternura.

25. رَبُّكُمْ أَعْلَمُ بِمَا فِي نُفُوسِكُمْ إِنْ تَكُونُوا صَالِحِينَ فَإِنَّهُ كَانَ لِلْأَوَّابِينَ غَفُورًا


PT: 25. Vosso Senhor é bem Sabedor do que há em vossas almas. Se sois íntegros, por certo, Ele é, para os contritos, Perdoador.

26. وَآتِ ذَا الْقُرْبَى حَقَّهُ وَالْمِسْكِينَ وَابْنَ السَّبِيلِ وَلَا تُبَذِّرْ تَبْذِيرًا


PT: 26. E concede ao parente seu direito e ao necessitado[1041] e ao filho do caminho[1042]. E não dissipes teus bens exageradamente.


(1) Trata-se da obrigatoriedade de ajuda ao parente próximo (pai, filho), a quem se lhe ofertará toda sorte de sustento; enquanto, ao parente afastado, ofertar-se-á afeição, boa convivência e auxílio eventual. (2) Cf ll 177nl.

27. إِنَّ الْمُبَذِّرِينَ كَانُوا إِخْوَانَ الشَّيَاطِينِ وَكَانَ الشَّيْطَانُ لِرَبِّهِ كَفُورًا


PT: 27. Por certo, os dissipadores são irmãos dos demônios. E o demônio é ingrato a seu Senhor.

28. وَإِمَّا تُعْرِضَنَّ عَنْهُمُ ابْتِغَاءَ رَحْمَةٍ مِنْ رَبِّكَ تَرْجُوهَا فَقُلْ لَهُمْ قَوْلًا مَيْسُورًا


PT: 28. E, se Ihes[1043] dás de ombros, em busca da misericórdia de teu Senhor, pela qual esperas, dize-lhes dito bondoso.


(1) Lhes: ao parente, ao necessitado, etc. Se, por condições financeiras desfavoráveis, não se puder auxiliá-los, deve-se, ao menos, tratá-lo com ternura.

29. وَلَا تَجْعَلْ يَدَكَ مَغْلُولَةً إِلَى عُنُقِكَ وَلَا تَبْسُطْهَا كُلَّ الْبَسْطِ فَتَقْعُدَ مَلُومًا مَحْسُورًا


PT: 29. E não deixes tua mão atada ao pescoço , e não a estendas, com exagero, pois, tornar-te-ias censurado, afligido[1044].


(1) Metáfora alusiva ao avaro, que tolhe os movimentos da mão, para, assim, não oferecer o que quer que seja a ninguém

30. إِنَّ رَبَّكَ يَبْسُطُ الرِّزْقَ لِمَنْ يَشَاءُ وَيَقْدِرُ إِنَّهُ كَانَ بِعِبَادِهِ خَبِيرًا بَصِيرًا


PT: 30. Por certo, teu Senhor prodigaliza o sustento, para quem quer, e restringe-o. Por certo, Ele, de Seus servos, é Conhecedor, Onividente.

31. وَلَا تَقْتُلُوا أَوْلَادَكُمْ خَشْيَةَ إِمْلَاقٍ نَحْنُ نَرْزُقُهُمْ وَإِيَّاكُمْ إِنَّ قَتْلَهُمْ كَانَ خِطْئًا كَبِيرًا


PT: 31. E não mateis vossos filhos, com receio da indigência: Nós lhes damos sustento, e a vós. Por certo, seu morticínio é grande erro.

32. وَلَا تَقْرَبُوا الزِّنَا إِنَّهُ كَانَ فَاحِشَةً وَسَاءَ سَبِيلًا


PT: 32. E não vos aproximeis do adultério. Por certo, ele é obscenidade; e que vil caminho!

33. وَلَا تَقْتُلُوا النَّفْسَ الَّتِي حَرَّمَ اللَّهُ إِلَّا بِالْحَقِّ وَمَنْ قُتِلَ مَظْلُومًا فَقَدْ جَعَلْنَا لِوَلِيِّهِ سُلْطَانًا فَلَا يُسْرِفْ فِي الْقَتْلِ إِنَّهُ كَانَ مَنْصُورًا


PT: 33. E não mateis o ser humano, que Allah proibiu[1045] matar, exceto se com justa razão. E quem é morto injustamente, Nós, com efeito, estabelecemos a seu herdeiro poder sobre o culpado. Então, que ele não se exceda no morticínio[1046]. Por certo, pela lei, ele já é socorrido.


(1) Cf. VI 151 n2. (2) O vídice não deve vingar-se além do necessário, como era costume entre as tribos árabes, pré-islamicas, que, comumente, cometiam execessos na vingança, tais como os que matavam toda uma tribo para vingarem a morte de uma só pessoa.

34. وَلَا تَقْرَبُوا مَالَ الْيَتِيمِ إِلَّا بِالَّتِي هِيَ أَحْسَنُ حَتَّى يَبْلُغَ أَشُدَّهُ وَأَوْفُوا بِالْعَهْدِ إِنَّ الْعَهْدَ كَانَ مَسْئُولًا


PT: 34. E não vos aproximeis das riquezas de órfão, senão da melhor maneira[1047], até que ele atinja sua força plena. E sede fiéis ao pacto firmado. Por certo, o pacto será questionado.


(1) Cf. VI 152 n3.

35. وَأَوْفُوا الْكَيْلَ إِذَا كِلْتُمْ وَزِنُوا بِالْقِسْطَاسِ الْمُسْتَقِيمِ ذَلِكَ خَيْرٌ وَأَحْسَنُ تَأْوِيلًا


PT: 35. E completai a medida, quando medirdes, e pesai com a balança correta. Isso é melhor e mais belo, em efeito.

36. وَلَا تَقْفُ مَا لَيْسَ لَكَ بِهِ عِلْمٌ إِنَّ السَّمْعَ وَالْبَصَرَ وَالْفُؤَادَ كُلُّ أُولَئِكَ كَانَ عَنْهُ مَسْئُولًا


PT: 36. E não persigas o de que não tens ciência. Por certo, do ouvido e da vista e do coração, de tudo isso se questionará.[1048]


(1) Ou seja, não se deve mentir acerca do que se viu, ouviu ou sentiu, dado que, no Dia do Juízo, da mínima cousa haver-se-á de prestar contas. Não se deve omitir nem acrescentar nada à Verdade.

37. وَلَا تَمْشِ فِي الْأَرْضِ مَرَحًا إِنَّكَ لَنْ تَخْرِقَ الْأَرْضَ وَلَنْ تَبْلُغَ الْجِبَالَ طُولًا


PT: 37. E não andes pela terra com jactância. Por certo, não fenderás a terra nem atingirás as montanhas, em altura.

38. كُلُّ ذَلِكَ كَانَ سَيِّئُهُ عِنْدَ رَبِّكَ مَكْرُوهًا


PT: 38. O mal de tudo isso, perante teu Senhor, é odioso.

39. ذَلِكَ مِمَّا أَوْحَى إِلَيْكَ رَبُّكَ مِنَ الْحِكْمَةِ وَلَا تَجْعَلْ مَعَ اللَّهِ إِلَهًا آخَرَ فَتُلْقَى فِي جَهَنَّمَ مَلُومًا مَدْحُورًا


PT: 39. Isso é parte da sabedoria, que teu Senhor te revelou. E não faças, junto de Allah, outro deus, pois, serias lançado na Geena, censurado, banido.

40. أَفَأَصْفَاكُمْ رَبُّكُمْ بِالْبَنِينَ وَاتَّخَذَ مِنَ الْمَلَائِكَةِ إِنَاثًا إِنَّكُمْ لَتَقُولُونَ قَوْلًا عَظِيمًا


PT: 40. Acaso, vosso Senhor escolheu filhos, para vós[1049], e tomou dentre os anjos, filhas, para Ele? Por certo, dizeis dito monstruoso!


(1) Para vós: para os idólatras, que pretendiam ser os anjos filhas de Deus.