O jejum de Ramadan

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21/05/2020

IMPORTÂNCIA DO RAMADAN

Ramadan é um mês lunar, preferido por Deus quanto aos outros meses, pois numa de suas noites revelou de uma só vez o Alcorão Sagrado, desde o “Painel Guardado” até o céu primeiro, o da terra, tendo a terra se iluminado com a luz de seu Criador, tendo esta noite chamada por Deus de “Noite do Decreto”. Situa-se no último terço do mês de Ramadan, por isso os muçulmanos veneram essa noite, e velam-na em orações, preces e cânticos e a isso está a referência do profeta “quem velar a noite do Decreto por fé e amor a Deus, terá perdoado todos os seus pecados passados” . No Alcorão diz Deus: Mês de Ramadan, em que foi revelado o Alcorão guia para a humanidade.

Não foi apenas o Alcorão que foi revelado neste mês, pois Deus revelou a todos os livros celestiais no mês de Ramadan Bendito. Disse o profeta Muhammad ” As páginas de Abraão foram reveladas no primeiro dia de Ramadan, o Torah (Bíblia – VT) foi revelado aos 6 dias de Ramadan, e o Evangelho foi revelado aos treze dias de Ramadan.”

Evidenciam-se as graças do mês de Ramadan através dos importantes acontecimentos que se registraram na história dos muçulmanos e do islamismo. No dia dezessete de Ramadan no segundo ano da Hégira, Deus deu a vitória aos muçulmano, que em número de trezentos, sob o comando do profeta Muhammad, sobre aproximadamente mil combatentes infiéis que vieram agredí-los na batalha de Badr. Deus, igualmente, proporcionou ao profeta Muhammad a conquista da cidade de Meca aos vinte e dois dias do mês de Ramadan, no oitavo ano da Hégira. O Profeta entrou em Meca vitorioso e destruiu seus ídolos com suas mãos honradas, recitando o Alcorão. Tendo Meca retornado ao Monoteísmo após Ter sido um baluarte da idolatria, e purificou-se com isso “A Casa Antiga” das impurezas e dos ídolos.

E sucederam-se os acontecimentos culminando com a denominação “o mês das vitórias” ao mês de Ramadan. O profeta disse sobre as graças de Ramadan “Abram-se nele, as portas do céu, fecham-se nele as portas do inferno e acorrentam-se nele os demônios gigantes”.

DA OBRIGATORIEDADE DO JEJUM

Deus instituiu aos muçulmanos, jejuar no mês de Ramadan, no segundo ano da Hégira, tornando este jejum um dos pilares do Islamismo e para esclarecer que o Jejum é um rito (adoração) antigo (a) instituído (a) às nações anteriores. Deus disse no Alcorão, 2a surata versículo 183 ” Ó crentes, está-vos prescrito o Jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados, para que temais a Deus”.

O Jejum, no Islamismo é abster-se de comer, beber, sexo e todos os desjejuns, desde a alvorada até o por do sol. Não é privação a finalidade desta adoração e sim inúmeros benefícios se encontram atrás desta atitude, relacionadas com os sentidos e os sentimentos. O comportamento, a moral, deixando os maiores vestígios na conexão do relacionamento mútuo entre os indivíduos e a sociedade e como exemplo registramos parte destes benefícios.

OS BENEFÍCIOS DO JEJUM PARA A SAÚDE

O primeiro tratamento que o médico recomenda a seu paciente é a dieta, baseado na teoria médica que diz ” o estômago é o centro da enfermidade, e a dieta é o melhor remédio”.

Jejuar um mês seguido, purifica o estômago e os intestinos dos resíduos de um ano completo, e muitas vezes os resíduos se deterioram no estômago e nos intestinos e causam graves enfermidades levando a meses de sofrimentos.

Os entendidos em Medicina, tanto no passado, como no presente, estabeleceram que o jejum livra o corpo da umidade excessiva e revigora a circulação sangüínea, renovando os glóbulos, e fortalecendo os nervos, e outros benefícios saudáveis que o espaço limitado impede sua enumeração e por tudo isso o profeta Muhammad dissera: ” Jejuem.. e se curem”.

OS BENEFÍCIOS SOCIAIS

O jejum unifica os sentimentos de pobres e de ricos em perfeita identidade. Aquele que sofre pelo muito que ingere de comida, jamais sentiu o que é a fome, e nem se inteira do sentimento de um faminto que pede ajuda. O jejum é uma experiência depuradora e educadora, que todos passam a fim de sentirem a fome e a sede, passando então a compreender o sofrimento do pobre faminto se lhes procura um dia para matar sua fome e a de seus filhos.

O jejum ensina o home, a ser generoso, doar apenas por Deus pois Deus obriga cada jejuador uma “sacada” , caridade de desjejum, que deve dar aos pobres, pois o mês de ramadan é mês de piedade, caridade e bondade, disse o profeta Muhammad: ” A melhor caridade é a caridade de Ramadan”, e das qualidades do profeta que é o exemplo máximo dos fiéis, era o mais generoso dos homens e era mais generoso em Ramadan, e recomendava aos fiéis que homenageassem os jejuadores convidando-os e alimentando-os, disse: “Quem oferece o desjejum a um jejuador recebe idêntica recompensa”.

O jejum cria nos fiéis o sentimento de misericórdia e os acostuma à disciplina, à generosidade e à paciência nas dificuldades.

A INFLUÊNCIA DO JEJUM NO CAMPO MORAL

O jejum é uma educação espiritual e a isso referiu-se o profeta Muhammad ao dizer “quem não deixa de dizer inverdades e agir falsamente, a Deus não interessa que ele deixe de comer e beber”… “Se for o dia de jejuar de alguém, não deve pecar, nem tumultuar, e se alguém lhe ofender (insultando) ou provocar, que lhe diga ‘Estou de jejum’ ” Estas duas máximas honradas do profeta explicam o sentido real do jejum ou seja, deixar de cometer pecados, deixar de falar o mal, perdoar os maldosos, e se ocupar com penitências e adoração a Deus, pois as boas ações se multiplicam no Ramadan.

Resumindo, o jejuador vive no Ramadan um passeio espiritual no jardim do Alcorão Sagrado, cultivando em recitá-lo, respirando o aroma de seus versículos exalantes, orientando-se com sua luz, adornando-se com sua moral, agindo dentro de seus preceitos, buscando nesse passeio, tranqüilidade que é abrigo para a sua alma, tendo se encontrado e se auto julgar retirando sua alma da escuridão, e da ignorância da matéria para o que há no Alcorão de valores, moral e sublimidade.

OS BENEFÍCIOS DO JEJUM

Deus prometeu o perdão para os jejuadores através do seu profeta Muhammad que disse “Quem jejuar no Ramadan, por fé e devoção, será perdoado dos pecados que cometeu e dos que cometerá”. O Próprio Deus disse: “O que todo ser humano faz lhe pertence, exceto o jejum que me pertence e eu por ele recompenso”, e disse Deus, avaliando o Jejuador “priva-se de comer e de beber, por Mim”. O profeta Muhammad disse a respeito “Ramadan é um mês que o seu começo é misericórdia, que o seu meio é perdão e seu fim é livrar-se do fogo”. “Há no paraíso um portão chamado “regador”, pelo qual somente entram os jejuadores no dia do juízo final, e ninguém mais”. “Se as gentes soubessem o quanto há de dádivas e graças em Ramadan, desejariam que fosse um ano completo”.

EXPIAÇÃO DO DESJEJUM

Quem desjejua propositadamente um dia em Ramadan sem justificativa, pecou! E fica obrigado à expiação que consiste em remir, libertar “um ser crente”, não podendo, deverá jejuar dois meses ininterruptamente após o mês de Ramadan, por cada dia não jejuado no mês de Ramadan, sem justificativa, e não podendo, deverá alimentar sessenta pobres, e embora possa fazer essas expiações teria mesmo assim perdido muitas graças, diz o profeta: “quem desjejuar um dia em Ramadan sem desculpa ou enfermidade não o substitui o jejuar o resto de sua vida, mesmo que o faça”. Isso não significa que Deus não aceite a penitência de seus adoradores, mas entende-se desta tradição oral venerada do Profeta, que jejuar um dia em Ramadan é mais valioso para Deus, que jejuar toda uma vida.

A QUEM FACULTA-SE O DESJEJUM

Obriga-se o muçulmano ao jejum quando atingir a puberdade, baseada na tradição oral do profeta: “Três estão isentos da responsabilidade. O insano até que se cure, o dormente até que se acorde, e o menino até que se torne púbere” , quanto a mulher a condição é estar purificada do sangue quer da menstruação, quer do parto, se jejuar nestas condições não terá validade o seu jejum. Deve jejuar e cumprir após o ramadan os dias que não jejuou.

Destas regras excetuam-se:

  1. O viajantes dentro do espaço que lhe faculta a restrição da oração, poderá ele jejuar ou desjejuar mesmo que a viagem seja confortável. Disse Abu Said Al Khidri : “Nas nossas expedições com o profeta no mês de ramadan, uns jejuavam e outros não. O jejuador não censurava o desjejuador, e este não censurava aquele, porque achávamos que quem tinha forças para jejuar estava certo, e quem se encontrava em debilidade não jejuava também estava certo!”
  2. O enfermo: se quiser, o doente pode deixar de jejuar e se o médico diagnosticar que o jejum impede ou dificulta a sua cura, deverá desjejuar, pelo que Deus disse na surata al bacara versículo 195 : “Não se lancem a auto-destruição”. Porém deve jejuar posteriormente ao pleno restabelecimento, os dias que desjejuou. Entretanto se sua enfermidade não tiver cura desjejua definitivamente dando como expiação, alimentação razoável a um necessitado a cada dia desjejuao, pelo que Deus diz “os que não suportam o jejum expiam-se com alimentar um pobre”. E se não tiver posses, não se obriga absolutamente nada.
  3. O idoso : alcançando a velhice, o muçulmano e a muçulmana de uma idade que não dá resistência para jejuar, pode desjejuar, dando por caridade, desde que possa, uma porção de alimento, pois Ibn Abbas disse “Facultou-se ao ancião que alimente por cada dia, um necessitado e não se obriga a compensar este jejum”.
  4. A gestante e a lactante: se a mulher muçulmana estiver gestante ou amamentando, e temer pelo seu bebê, poderá desjejuar contando que jejue posteriormente dia em número idêntico ao que deixou de jejuar, e se, puder alimentar o necessitado por cada dia que desjejuou, mesmo jejuando, obrigar-se-á a isso.
  5. Esquecido : Quem se esquece de que está de jejum, e nessa condição comer e beber, ao perceber o esquecimento deverá abster-se imediatamente, e não deixará de estar em jejum, disse o profeta “quem esquecer de estar em jejum, e comer e beber deve completar seu jejum, pois neste caso Deus quem lhe deu de comer e beber”

Ao jejuador é facultado em Ramadan enxaguar a boca e o nariz, banhar-se, limpar os dentes, beijar a esposa e, se quiser, pode engolir a saliva. Quem se ejacula – dormindo – não compromete seu jejum, pois não é condição para jejum estar purificado.

SUHUR

(Refeição da madrugada)

É da misericórdia de Deus, as facilidades nos preceitos da Religião. O profeta Muhammad recomendou que se tome a refeição de pré-jejum antes do amanhecer, porque alivia a fome e a sede a auxilia no cumprimento do jejum. Recomenda-se restardar esta refeição do amanhecer, contrariamente à desjejua que se recomenda o seu apressamento, disso o profeta “tomem a refeição do amanhecer que possui benção”.

AS ORAÇÕES DE TARAUIH E ITICAF

Os muçulmanos fazem estas orações logo após a oração da noite. Agrupam-se no que lhes for possível de genuflexões, que as encerram com a genuflexões de UATR. Sendo seu número no mínimo de oito genuflexões, acrescentando-se as de CHAFH e WATR, porque o profeta orou em número de oito, como são benéficas e prolongadas! Sendo confirmado que o profeta as orou em grupo com os muçulmanos em duas ou três noites de Ramadan, não voltando sistematicamente a fazê-lo para lhes indicar que estas orações podem ser procedidas sem grupos e sem “Iman” , e para indicar ainda mais, que essas orações não se constituem em obrigatórias como as cinco orações diárias. Essas orações produzem benefícios e gracas por ter o profeta dito “quem orar em Ramadan por devoção e fé lhe será perdoado todos os pecados”. Quanto aos benefícios físicos, elas revigoram o corpo, e facilitam a digestão por ser logo após a desjejua.

O profeta costumava dedicar no mês de ramadan, em conviver com o Alcorão sagrado. Encontrava-se o arcanjo Gabriel, o Fiel, em todas as noites de ramadan, e com ele estudava o Alcorão. E quando chegavam os últimos dez dias de Ramadan, redobrava-se sua “obediência”. Passava as noites acordado e acordava sua família. Era hábito do profeta nestes dias últimos de ramadan recolher-se à mesquita, e o recomendava aos outros, a fim de dirigir o espírito somente a cultuação e tentar viver “a noite do decreto”, na mais absoluta obediência. Porque quem coincidir estar velando essa noite com devoção e cultuação, lhe serão perdoados todos os pecados, conforme disse o profeta “quem orar na noite do decreto com fé e devoção. Terá perdoados seus pecados” e ao ser o profeta indagado a respeito da noite do decreto, falou “Busquem a noite do decreto nos últimos dez dia de ramadan”.

Quanto ao ITIKAF consiste em que o muçulmano se recolha à mesquita, com esta intenção e propósito não saindo, exceto por força maior, comendo e dormindo na mesquita, no intuito de se entregar absolutamente à oração e a submissão (obediência).

CONFIRMAÇÃO DE RAMADAN

Confirma-se ou constata-se a entrada de Ramadan quando é vista a lua e o seu término com a vista da lua de Chaual, o mês subsequente, e se não for possível sua vista pela existência de nuvens no céu, por ter o profeta Muhammad dito : ” Jejuem quando a virem (lua) e desjejuem quando a virem (lua) e se estiver encoberta, completam Shaaban trinta” . Se a lua foz avistada num país, os muçulmanos dos demais países poderão se basear nisso. Quanto às minorias muçulmanas espalhadas pelo mundo, somente poderão se basear pela vista da lua dos países eminentemente muçulmanos, por duas razões: a primeira é que essa minorias não estão possibilitadas e bem dedicadas exclusivamente a detectar a lua no seu devido tempo, ou confirmá-la doutrinariamente conforme as normas, e nem obrigar os países muçulmanos pelo que lhes foi constatado; a Segunda razão é que mesmo constatando a vista da lua, não poderão impor a sua constatação aos muçulmanos de um país muçulmano por ser governada por não muçulmanos. Sendo o belo na liturgia, é que se agrupa para efetuá-la, assim também é beleza da festa que se concretiza com o encontro maciço dos muçulmanos. É Deus quem melhor sabe!

Sheikh Mahairi

do livro “O Caminho para o Islamismo”

fonte
islam.com.br