Namoro No Islam

Artigos

21/05/2020

Em Nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso!


” Dize às crentes que recatam seus olhares, conservem seus pudores e não mostrem seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o peito com seus véus e não mostrem seus atrativos a não ser a seus esposos, seus pais, seus sogros, seus filhos, seus enteados, seus irmãos, seus sobrinhos, às suas mulheres, suas servas, seus criados livres das necessidades físicas ou crianças que não discernem sobre a nudez das mulheres; que não agitem seus pés para que chamem a atenção sobre seus atrativos ocultos. Ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Deus, a fim de que vos salveis!”

{Alcorão Sagrado: 24ª – 31}

 

Uma das perguntas mais comuns que os jovens me fazem é: “Os muçulmanos namoram?” e “Se eles não namoram, como podem decidir com quem se casar?”

O “namoro”, como é praticado atualmente na maior parte do mundo – onde um rapaz e uma moça mantêm relações íntimas, passam o tempo juntos sem a presença de outros, “conhecem um ao outro” de uma forma mais aprofundada, antes de se decidirem se é a pessoa certa para casar – não existe entre os muçulmanos. No Islam, ao contrário, são proibidas as relações pré-conjugais de qualquer espécie entre pessoas de sexos diferentes.

A escolha do parceiro para casar é uma das decisões mais importantes que alguém pode tomar na vida. Não pode ser feita precipitadamente nem ser deixada por conta do acaso ou dos hormônios. Deve ser uma decisão séria como qualquer outra decisão importante na vida, com orações, pesquisa cuidadosa e o envolvimento da família.

Portanto, como é que, no mundo de hoje, os jovens fazem? Antes de mais nada, o jovem muçulmano estabelece amizades muito próximas com companheiros do mesmo sexo. Esta fraternidade, feminina ou masculina, que se desenvolve quando eles ainda são jovens, continua pelo resto de suas vidas. Quando um jovem decide casar-se, deve adotar os seguintes passos:

O jovem faz du’a para pedir que Deus o ajude a encontrar a pessoa certa.

A família informa-se, discute e sugere pretendentes. Eles se consultam para reduzir as perspectivas em potencial. Normalmente o pai ou a mãe se aproxima da outra família para sugerir um encontro.

O casal concorda com um encontro acompanhado, em ambiente aberto. ‘Omar narrou que o Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) disse: “Ninguém deve se encontrar com uma mulher sozinho, a menos que ela esteja acompanhada por um parente (mahram)” (Bukhari/Muslim). O Profeta (que a paz esteja com ele) também disse: “Sempre que um homem estiver sozinho com uma mulher, Satanás (Shaytan) será a terceira pessoa entre eles.” (Tirmizi) Quando os jovens se encontram para se conhecerem, estar sozinhos é uma tentação para a coisa errada. A todo momento, os muçulmanos devem seguir os mandamentos do Alcorão (24:30-31) para “baixar os olhos e guardar a modéstia…”

O Islam reconhece que somos humanos e que temos fraquezas humanas, portanto esta norma nos protege em nosso próprio benefício.

a família pesquisa o futuro candidato – fala com amigos, família, líderes islâmicos, etc., para saber mais a respeito do caráter dele ou dela.

o casal faz salat-il-istikhara (oração para orientação) para pedir a ajuda de Deus na tomada de decisão.

o casal concorda com o casamento. O Islam deu liberdade de escolha tanto para o homem como para a mulher, eles não podem ser forçados a casar se não o quiserem.

O tipo de namoro aqui focalizado, ajuda a assegurar a força do casamento, baseando-se na sabedoria e orientação dos mais velhos da família nesta importante decisão da vida. O envolvimento da família na escolha do futuro cônjuge ajuda a garantir que a opção baseou-se não em conceitos românticos e sim numa avaliação cuidadosa e objetiva das afinidades do casal. Por esta razão, tais casamentos se mostram freqüentemente bem sucedidos.

 

Irmã Muçulmana Cuidado com o Casamento Temporário!

O casamento no Islam é um laço muito forte, um contrato comprometedor, baseado na intenção de ambos os conjugues de conviverem permanentemente a fim de atingir, como indivíduos, os benefícios do repouso, do afeto e da misericórdia que estão mencionados no Alcorão, bem como para alcançar a meta social da reprodução e perpetuação da espécie humana:

”Deus vos designou esposas de vossa espécie e delas concedeu filhos e netos e vos agraciou com todo o bem.” (16ª:72)

Já no casamento temporário (chamado em árabe de mut´a), que é contrato por duas pessoas para durar um determinado tempo especifico em troca de um valor predeterminado de dinheiro, os propósitos acima citados do casamento não se realizam. Enquanto o Profeta (que a paz esteja com ele) permitiu casamentos temporários durante viagens ou campanhas militares antes de se completar o processo legislativo Islâmico, mais tarde ele o proibiu tornando-o ilícito para todo o sempre.

A razão de ele ter sido permitido no começo foi a de que muçulmanos estavam passando pelo que pode ser chamado de período de transição pré-Islâmico para o Islam. A fornicação era muito comum e muito difundida entre os árabes pré-Islâmicos. Após o advento do Islam, quando eles tiveram necessidade de participar de campanhas militares encontraram-se sob fortes pressões devido a ficarem longe de suas esposas por longos períodos. Entre os crentes havia alguns que eram fortes em sua fé e outros que eram fracos. Os fracos temiam serem tentados a cometer o adultério, um pecado capital e um péssimo costume, enquanto que os que eram fortes, por outro lado, estavam dispostos a se castrarem, como narrado por Ibn Mas´ud:

”Participávamos de uma expedição com o Mensageiro de Deus (que a paz esteja com ele) e não trazíamos nossas esposas conosco, portanto perguntamos ao Mensageiro de Deus (que a paz esteja com ele): Não deveríamos nos castrar? Ele nos proibiu de fazê-lo, mas permitiu-nos de contrair matrimonio com alguma mulher contratada até certa data, dando a ela uma vestimenta como dote (mahr)”.(Al-Bukhari e Muslim)

Desse modo, o casamento temporário proporcionou uma solução ao dilema em que tanto os fracos quanto os fortes se encontravam. Foi também um passo para a legalização definitiva da vida marital completa em que se realizariam os objetivos de permanência, castidade, reprodução, amor e misericórdia, bem como o alargamento do circulo de relacionamentos através do casamento.

Podemos lembrar que o Alcorão adotou um curso gradual para a proibição de bebidas e da usura, uma vez que esses dois males eram amplamente difundidos e profundamente arraigados na sociedade pré-Islâmica. Da mesma maneira, o Profeta (a paz esteja com ele) adotou um processo de graduação com respeito ao sexo, inicialmente permitindo o casamento temporário como um passo para afastamento da fornicação e do adultério, e ao mesmo tempo de aproximação ao relacionamento marital permanente. Mais adiante ele o proibiu completamente, como foi relatado por Áli (RAA) e muitos dos outros companheiros. Muslim relatou isto em seu Sahih, mencionando que Al-Juhani estava com o Profeta (a paz esteja com ele) quando da conquista de Macca e que o profeta deu permissão a alguns Muçulmanos de contratarem casamentos temporários, Al-Juhani disse: Antes de deixar a Mecca o Mensageiro de Deus disse: Deus tornou-o ilícito até o Dia do juízo Final.

Permanece a questão, portanto– o casamento temporário (mut´a) é categoricamente ilícito como o casamento com a própria mãe ou filha ou é como a proibição relativa ao consume de carne suína ou carniça, que se torne permissível em caso de necessidade premente, sendo a necessidade neste caso o temor de cometer o pecado de fornicação?

A maioria dos companheiros mantinha a opinião de que após a consolidação da legislação islâmica, o casamento temporário tornou-se inteiramente ilícito. Ibn Abbas, no entanto, emitiu uma opinião diferente, permitindo-o sob premência da necessidade. Uma pessoa perguntou-lhe sobre o casamento com mulheres numa base temporária e ele permitiu a ele de fazê-lo. Um servo dele perguntou então: Isto não é só para condições de premência, quando as mulheres são poucas e outras parecidas? Ele respondeu: Sim. Mais tarde, porem, quando Ibn Abbas viu que as pessoas tinham relaxado e estavam consumando casamentos temporários sem necessidade, ele revogou seu regulamento e sua opinião”. (Albukhari e Muslim)