Uma Visão Geral sobre o Mundo antes do Islam
Dr. Ragheb El Serjani
Traducão: Sh. Ahmad Mazloum
Após observarmos as situações de algumas das grandes civilizações antes do Islam, faremos uma observação geral sobre a síntese da situação do mundo e da humanidade e sobre a condição da Terra antes do envio do profeta (a paz esteja com ele), observação com a qual concluímos quão extrema era a necessidade de o mundo ter a luz do Islam e sua civilização para a eliminação das trevas sobrepostas e para o distanciamento desta infelicidade das costas da humanidade!
Numa observação geral sobre a situação do mundo antes do Islam, o mensageiro (a paz esteja com ele) diz no hadith narrado por Íadh ibn Himar: “Allah observou o povo da Terra, e os odiou, tanto aos árabes como aos não árabes entre eles, exceto restos dos adeptos do Livro”[1].
A condição das pessoas chegou a um nível de decadência que resultou na ira e ódio de Deus. O uso do termo “restos” inspira arruinamento, ou seja, como se fossem ruínas de épocas remotas que não têm valor algum na realidade das pessoas. Por outro lado também, estes restos não representam sociedades completas, mas eram indivíduos enumerados.
Abu Al Hassan Al Nadawi detalhou isso ao dizer:
Em suma, não havia na costa terrestre – antes do envio do mensageiro (a paz esteja com ele) – uma nação de bom caráter, nem uma sociedade baseada na moralidade e virtude, nem um governo baseado na justiça e na misericórdia, nem uma liderança construída em conhecimento e sabedoria, nem uma religião verdadeira herdada dos profetas”[2].
A situação era delicada e decadente no mundo humano em geral, a corrupção era generalizada em todos os aspectos da vida, político, econômico, social e religioso. O mundo estava mergulhado em forte escuridão, só era administrado pela ignorância, que o afogou num mar cheio de lendas e ilusões. Só era dirigido pelas concupiscências e ambições, as pessoas adoraram as pedras, o sol, a lua, o fogo, até mesmo os animais, dividiam-se em senhores e escravos, devoraram os bens dos órfãos, desligavam-se dos laços consangüíneos, suas relações se constituíram sobre o assassinato, roubo e saques, ostentavam por cometerem as indecências e os pecados. Não existia uma lei que governava, a não ser a lei da selva, pois o forte devorava o mais fraco e o rico escravizava o pobre, e todos juntos estavam em trevas das quais não encontravam final nem saída!
Tudo isso produziu um ser confuso e perdido, que não tem em seu coração senão o medo e a desconfiança, e não tem em sua mente senão a inatividade e as lendas... esta era a situação de um ser humano antes da civilização do Islam.
Esta era a situação do mundo antes do Islam, mais precisamente nos séculos V e VI d.C., as civilizações mundiais estavam ocultas do cotidiano e a situação estava à beira da desordem, como revela o Professor Denson:
Nos séculos V e VI d.C. o mundo civilizado estava à beira da desordem porque as crenças que ajudavam a construir a civilização decaíram, e não havia ali o que é considerável e que podia substituí-las. E parecia, naquela época, que a grande civilização cuja construção custou quatro mil anos estava prestes a cair em divisão e decadência, e que a humanidade estava a retornar à situação na qual estava de selvageria, pois as tribos se combatiam e se matavam, não há lei nem organização. Quanto às leis que o cristianismo deixou promoviam a divisão e a destruição em vez de promover a união e a organização. Desta maneira, a civilização tornou-se igual a uma enorme árvore com muitos ramos, cuja sombra se alastrou pelo mundo inteiro, porém ficou a balançar, parada enquanto a podridão se evoluía nela até a raíz[3].
Esta situação permaneceu até que a alvorada da civilização islâmica esplandeceu, nasceu a sua luz para ser um presente para o ser humano... e uma orientação para a humanidade, conforme veremos adiante com a permissão de Allah.
[1] Relatado por Muslim (2865), Ahmad (17519) e Ibn Hibban (654)
[2] O que o mundo perdeu com a decadência dos muçulmanos, p. 91.
[3] Emotions as the Basis of Civilization, transferido de Ahmad Shalabi: Enciclopédia da civilização islâmica (a sociedade islâmica) 6/36-37.