O Campo Prático na Civilização Islâmica

O Campo Prático na Civilização Islâmica

O Campo Prático na Civilização Islâmica

Dr. Ragueb El Serjani

Tradução: Sh. Ahmad Mazloum

 

O campo prático é considerado um novo método que surgiu na época dos muçulmanos, principalmente se a civilização islâmica for comparada à civilização grega neste método.

          Muitas vezes, os cientistas antigos antes do Islam criavam diversas teorias, que eram muitas vezes verdadeiras e geniais. Porém, a maioria delas – mesmo sendo verdadeiras e precisas – ficava apenas no papel e nos volumes de enciclopédias, e não tinha uma aplicação prática dentro da realidade das pessoas. Isso é o que queremos dizer com “o campo prático nas ciências”, onde há a prática das teorias com o que serve e beneficia a humanidade, até mesmo se for nos meios de diversão.

 

Os sábios muçulmanos e a prática

 

          A partir do princípio da construção e reforma da Terra, os muçulmanos começaram a transformar toda teoria verdadeira em uma ação útil, com a qual se realiza o bem para as pessoas.

          Dentre os exemplos disso: os filhos de Mussa ibn Shakir[1]  inventaram ferramentas de irrigação, ferramentas de elevação da água para os topos das montanhas, inventaram relógios precisos, e se apoiaram para todas essas invenções em teorias antigas e adicionaram teorias formadas por eles. Tais teorias os fizeram beneficiar suas sociedades, bem como a humanidade inteira, em vez de se dedicarem somente ao pensamento!

          Assim também fez Al Zahrawi[2]. Inventou um grande número de ferramentas cirúrgicas. Ele, por exemplo, ensinava teoricamente que: se o remédio se mistura ao sangue diretamente tem influência mais rápida. Como resultado desta teoria, ele inventou a injeção para fazer, realmente, o remédio chegar mais rápido[3].

          Outros exemplos: Ibn Al Baitar[4], que introduziu mais de oitenta remédios úteis no campo da medicina[5]. Jabir ibn Hayyan usou algumas equações químicas para inventar uma capa para a chuva que não se afetava com a água, e para inventar o papel anti-inflamável (que não se queima) para a escrita de informações muito importantes[6].

          E podemos perceber ainda o valor das pesquisas dos cientistas muçulmanos ao observar as várias teorias filosóficas compostas pelos cientistas gregos que não se tornaram realidade e, consequentemente, não se beneficiaram delas e nem a humanidade se beneficiou delas.

 


 

[1] Mussa ibn Shakir: Pai de três filhos conhecidos como filhos de Mussa. Em sua tenra idade, ele era um bandido, mas arrependeu-se e serviu de Al Ma’mun. Ele aprendeu a astrologia e astronomia. Ele morreu (em 200 d.H. / 815 d.C., aproximadamente), enquanto seus filhos ainda eram jovens. Eles trabalharam em Bait Al Hikmah e foram espertos. Veja: Ibn Al Anbari: Mukhtasar Al Duwal, P264 e Al Zirikli: Al A'lam 7 / 323.

[2] Al Zahrawi: Ele é Abu Al Qasim Khalaf ibn Abbas Al Zahrawi Al Andaluz (morreu em 427 d.H. /1036 d.C.). Ele era um médico e cientista. Ele foi o primeiro a escrever sobre a cirurgia e os primeiros a ligar a artéria para estancar hemorragias. Ele nasceu em Al-Zahra (perto de Córdoba). Veja: Ibn Bashkwal: Al Silah 1 / 264, e Al Zirikli: Al A'lam  2 / 310.

[3] Jalal Mazhar: Hadaratul Islam Atharuha fil Al Taraqi Al A'lami (A civilização do Islam e seu Impacto sobre o Desenvolvimento Mundial), p 331-332.

[4] Ibn Al Baitar: Ele é Abu Muhammad ibn Abdullah Ahmad Al Maliqi (morreu em 646 d.H. /1248 d.C.), o mestre de botânicos e herbários. Ele é o autor do livro intitulado: Al-Adwiyah Al-Mufradah. Ele morreu em Damasco. Veja: Al Kutubi, Fawat Al Wafiyat 2 / 159, 160.

[5] Al-Maqarri: Nafh Al Tib, 2 / 692.

[6]  Gustav Le Bon: Hadarat Al Arab (A Civilização Árabe), p 475, 476.