Não Existe Controvérsia Entre a Ciência e a Religião
Dr. Ragueb El Serjani
Tradução: Sh. Ahmad Mazloum
A Importância do conhecimento
A primeira realidade que surgiu quando o anjo Gabriel desceu ao mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) pela primeira vez é que esta nova religião (o Islam) se baseia na ciência e rejeita os desvios, os delírios e as ilusões suma e detalhadamente. Esta realidade se estabeleceu quando a primeira revelação se constituiu de cinco versículos que falam aproximadamente sobre uma só questão: o conhecimento. Disse Allah, o Altíssimo: “Lê em nome de teu Senhor, que criou. Que criou o ser humano de uma aderência. Lê, e teu Senhor é O mais Generoso, Que ensinou a escrever com o cálamo. Ensinou ao ser humano o que ele não sabia” (Al Álaq: 1-5).
Essa primeira revelação é considerada incrível em diversos aspectos: é incrível porque Allah (exaltado seja) escolheu um definido assunto entre outros milhares de assuntos contidos no Alcorão Sagrado. Deu início com este assunto sendo que o mensageiro (a paz esteja com ele) a quem o Alcorão é revelado é analfabeto, não sabe ler nem escrever. Desta maneira, tornou-se evidente que este primeiro assunto é a chave para o entendimento dessa religião, é a chave para o entendimento desta vida, e ainda mais, para o entendimento da Vida Eterna, para a qual todas as pessoas irão se dirigir.
Em seguida, essa revelação é incrível porque fala sobre uma questão à qual os árabes não davam muita importância naquela época. Os mitos e falsidades é que controlavam suas vidas desde o seu início até o seu fim, então, precisavam do conhecimento em todas as áreas, exceto na área da eloqüência e poesia, que era o campo no qual os árabes se destacaram. Por isso, o Alcorão Sagrado foi revelado – e isso é o mais incrível –, e assim os desafiou no assunto em que eram excelentes, convidando-os ao conhecimento e para à excelência em todas as áreas, inclusive esta que eles dominam.
O Islam e a ciência
Portanto, o surgimento do Islam foi como uma revolução científica real num ambiente que não se familiarizou e não se acostumou com o espírito da ciência, a ponto de a etapa que antecede a revelação dos primeiros versículos do Alcorão ser conhecida como al jahiliah (época da ignorância). A característica de ignorância está relacionada ao que é antes do Islam, em seguida, chegou o Islam para iniciar o conhecimento e para iluminar o mundo com a luz da orientação divina. Disse Allah, o Altíssimo: “Buscam, então, o julgamento dos tempos da jahiliah (ignorância)? E quem melhor que Allah, em julgamento, para um povo que se convence da verdade?” (Al Maidah: 50). Portanto, nesta religião não há espaço para a ignorância, as conjecturas, a dúvida ou as incertezas.
O Alcorão e a ciência
E não foi apenas o início deste livro milagroso (o Alcorão Sagrado) que falou sobre o conhecimento, sobre o seu valor e importância. Esse tema foi um sistema fixo neste estatuto eterno, a ponto de quase todas as suratas falarem sobre o conhecimento, seja de forma direta ou de forma indireta. Eu fiquei muito surpreso quando pesquisei quantas vezes foi citada a palavra ílm (conhecimento, ciência) e seus derivados no Alcorão Sagrado. Encontrei – sem nenhum exagero – que ela se repetiu 779 vezes, ou seja, uma média de aproximadamente sete vezes em cada surata!
Isso sobre a palavra ílm com sua tríplice raiz (م ل ع ), pois existem várias outras palavras que indicam o conhecimento, mas não foram citadas com a sua pronúncia, como por exemplo: al iaqin (a convicção), al huda (a orientação), al áql (o raciocínio), al fikr (o pensamento), annadhar (a visão), al hikmah (a sabedoria), al fiqh (o entendimento), al burhan (a prova), addalil (a prova), al hujjah (o argumento), al aiah (o sinal), al bayinah (a evidência), entre outros significados que estão incluídos sob o significado do conhecimento e o incentivam. Quanto à Sunnah do profeta (a paz esteja com ele), é praticamente impossível enumerar quantas vezes esta palavra foi citada.
Também percebemos que a importância do Alcorão com a questão do conhecimento não nasceu apenas nos primeiros instantes de sua revelação. Isso ocorreu desde o início da criação do próprio ser humano, como foi citado pelos versículos do Alcorão Sagrado: Allah criou a Adão e o tornou sucessor na terra, ordenou os anjos a prostrarem a ele, o enobreceu e o elevou, em seguida citou para nós e para os anjos a razão dessa nobreza e dessa elevação, e definiu como razão: “o conhecimento”. Disse Allah, o Altíssimo: “E quando teu Senhor disse aos anjos: “Por certo, farei na terra, um califa”. Disseram: “Farás, nela, quem nela semeará a corrupção e derramará o sangue, enquanto nós Te glorificamos, com louvor, e Te sagramos?” Ele disse: “Por certo, sei o que não sabeis”. E Ele ensinou a Adão todos os nomes, em seguida, expô-los aos anjos e disse: “Informai-Me dos nomes desses, se sois verídicos”. Disseram: “Glorificado sejas! Não temos ciência outra senão a que nos ensinaste. Por certo, Tu, Tu és O Onisciente, O Sábio”. Ele disse: “Ó Adão! Informa-os de seus nomes”. E, quando este os informou de seus nomes, Ele disse: “Não vos disse que, por certo, sei do Invisível dos céus e da terra, e sei o que mostrais, e o que ocultáveis?”. E quando dissemos aos anjos: “Prostrai-vos diante de Adão”; então, eles prostraram-se, exceto Iblis (o Satanás), se recusou e se ensoberbeceu e foi dos infiéis” (Al Baqarah: 30-34).
A partir daqui, não foi um exagero o mensageiro (a paz esteja com ele) ter mencionado que a vida mundana inteira não tem valor algum – porém ela é amaldiçoada – exceto se ela for enfeitada com o conhecimento e com a recordação de Allah. O mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) disse: “A vida mundana (addunia) é amaldiçoada, é amaldiçoado o que há nela, exceto: a recordação a Allah e o que está relacionado a ela, ou um sábio, ou um aprendiz”[1].
Isso tudo teve uma influência de longo prazo no Governo Islâmico posteriormente, que criou uma ampla atividade científica nos diversos campos da ciência e conhecimento, uma atividade cujo similar jamais ocorreu na história, fato que fez os governos regidos pelo Islam conquistarem grande progresso civil nas mãos dos cientistas muçulmanos e fornecer ao patrimônio humano uma maravilhosa munição científica, à qual todo o mundo ficará devendo.
[1] Relatado por Al Tirmizhi: Kitab Al Zuhd (Livro do Desprendimento) (2322), Al Darimi (322), Al Tabarani em Al Aussat (4072) e outros.