Os Parentes no Islam... Sua Importância e Direitos

Os Parentes no Islam... Sua Importância e Direitos

Os Parentes no Islam... Sua Importância e Direitos

Dr. Ragueb El Serjani

Tradução: Sh. Ahmad Mazloum

 

    Uma das grandiosas características que o Islam trouxe é que a família não se restringe ao limite dos pais e seus filhos, mas se expande para abranger todos os que tem vínculo sanguíneo e todos os parentes entre irmãos, irmãs, tios paternos, tias paternas, tios maternos, tias maternas, seus filhos e filhas. Todos esses têm direito à benevolência e união dos laços incentivados pelo Islam e considerados das virtudes básicas. Também promete as maiores recompensas pelo cumprimento deste dever, assim como adverte os que rompem com estes laços com grande castigo, assim, quem os ligar Allah o ligará, e quem os romper Allah o romperá.

     O Islam estabeleceu regras e leis que acarretam a permanência dos laços fortificados entre esta família expandida, inclusive os parentes, que devem viver em clima de cooperação e união. Estas regras também originaram o sistema de pensão, o sistema de herança, o sistema indenizatório (al áqilah), que significa a distribuição da obrigação da indenização no caso do assassinato culposo (sem intenção) ou assassinato similar ao doloso entre os parentes do assassino[1].

 

A união dos laços de parentesco no Islam 

     A união dos laços sanguíneos (silatur rahim) quer dizer – a princípio - a benfeitoria a estes parentes e fazer chegar a eles todo bem que a pessoa puder, e evitar todo mal deles. Abrange a visitação deles, perguntar sobre as condições deles, presenteá-los, doar aos necessitados entre eles, visitar os que estão enfermos, atender ao convite deles, recebê-los com hospitalidade, honrá-los e enobrecê-los. Esta união também abrange a participação com eles em seus momentos felizes e a solidariedade a eles nos momentos tristes, entre outras ações que aumentam e fortificam os vínculos entre os membros desta sociedade menor.

     Portanto esta é uma grande oportunidade de benfeitoria, com a qual se confirma a união da sociedade islâmica e sua coesão, e se preenchem os espíritos de seus membros com o sentimento de conforto e tranquilidade, porque o indivíduo fica distante da solidez e do isolamento e tem certeza de que seus parentes o cercam com carinho e auxílio e o abastecem com ajuda na hora da necessidade.

Allah, o Altíssimo, ordenou a benfeitoria para com os parentes, que são os que tem vínculo uterino cuja ligação é um dever ao dizer:

 

“E adorai a Allah e nada Lhe associeis. E tende benevolência para com os pais e os parentes e os órfãos e os necessitados e o vizinho aparentado e o vizinho estranho e o companheiro achegado e o viajante e o que vossas direitas possuís. Por certo, Allah não ama quem é presunçoso, arrogante” (Annissá: 36).

 

     Allah, o Altíssimo, também fez da união desses laços motivo para a união de Seu laço para quem nela se esforçou e deu sequência à sua benfeitoria. É narrado por Abdurrahman Ibn Áuf que ele ouviu o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) dizer: “Disse Allah: ‘Eu sou o Misericordioso (Arrahman), e ele (o vínculo de parentesco) é arrahim, o fiz derivada do meu nome. Quem o ligar Eu o ligarei, e quem o romper Eu o romperei’”[2].

     O mensageiro (a paz esteja com ele) também deu a quem unir os seus laços de parentesco a boa notícia da expansão de sua riqueza e benção em sua vida. Anass ibn Malik narra: “Ouvi o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) dizer: ‘Quem desejar que o seu sustento se estenda, ou sua vida seja prorrogada, que ligue os laços de parentesco’”[3].

     Os sábios interpretaram este aumento da benção nos anos da vida com a orientação para a obediência, a construção do tempo com aquilo que beneficia na Vida Eterna, e a proteção deste tempo para que não se perca com outras atividades[4].

     Em contrapartida, os textos expressaram a advertência de não se cometer o rompimento dos laços de parentesco e o considerou um grande pecado, porque divide as relações entre as pessoas e difunde a inimizade e o ódio e provoca a desintegração da união familiar entre os parentes. Disse Allah, o Altíssimo, alertando contra a maldição e a perda da visão material e espiritual: “Então, se voltásseis as costas, quiçá, semeásseis a corrupção na terra e cortásseis vossos laços consangüíneos? Esse são os que Allah amaldiçoou, então, Ele os ensurdeceu e lhes encegueceu as vistas” (Muhammad: 22-23).

     Jubair ibn Mut’ím narra que o mensageiro de Allah disse: “Quem rompe os laços uterinos não entrará no Paraíso”[5]. E o rompimento dos laços uterinos significa o abandono da união, da benfeitoria e da benevolência para com os parentes. E são muitos os textos que indicam a gravidade deste pecado.

     Tudo isso forma uma sociedade coesa, cooperativa e harmoniosa, onde se cumpre o dizer do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): “O exemplo dos crentes no amor mútuo, solidariedade e misericórdia é igual a um só corpo, quando um órgão sente uma dor todo o corpo sente a febre e o mal estar”[6].

 

 


[1] Veja: Yusuf Al Qardhaui: O Islam, a civilização do futuro, p 185.

[2] Abu Daud: Kitab Az-Zakat (Livro de Zakat) (1694), Ahmad (1680), Ibn Hibban (443), al Hakim (7265) e disse: Este é um hadith autêntico.

[3] Abu Daud: Kitab Az-Zakat (Livro de Zakat) (1694), Ahmad (1680), Ibn Hibban (443), al Hakim (7265) e disse: Este é um hadith autêntico.

[4] Veja: An-Nawawi: Al Minhaj Fi Sharh Sahih Muslim Ibn al Hajjaj (a abordagem na interpretação da coletânea de hadith de Muslim Ibn Hajjaj) 16/114.

[5] Al Bukhari: Kitab Al Adab (Livro de Boas Maneiras) (5638), e Muslim (19).

[6] Al Bukhari: Kitab Al Adab (Livro de Boas Maneiras), (5665), e Muslim (2586).